Plantio em áreas degradadas x produção de biocombustíveis: uma aposta para o futuro

De um lado, temos os biocombustíveis. Pauta constante quando falamos em economia e sustentabilidade, eles têm tudo a ver com a agricultura – afinal, são produzidos a partir de matérias-primas como milho, soja, algodão, cana-de-açúcar e várias outras.

De outro, temos a degradação ambiental. Tema que também parece fixo nos noticiários, ela está associada à má administração dos nossos recursos naturais e ao verdadeiro descaso que vemos por parte da população de modo geral.

Sabe o que esses dois pontos têm em comum? Tudo! Num momento em que as demandas por biocombustíveis e alimentos estão cada vez maiores, precisamos buscar formas de conter o esgotamento de recursos e incentivar uma produção de insumos verdadeiramente conscientes.

E é disso que vamos falar hoje: como o plantio em áreas degradadas é uma aposta mais que viável para aumentar a geração de biocombustíveis! Tenha uma boa leitura – e não deixe de nos contar suas impressões nos comentários.

O que são áreas degradadas?

O primeiro passo aqui é entender que aspectos caracterizam determinada área como degradada. De forma sucinta, uma área degradada é aquela que, por intervenção humana, passou por um processo de desgaste em suas propriedades físicas, químicas e/ou biológicas.

Esse desgaste compromete a estrutura de todo o ecossistema local e, muitas vezes, traz complicações irreversíveis que reduzem (ou mesmo zeram) o potencial produtivo do espaço.

Infelizmente, a agricultura costuma contribuir com o problema. Como costumamos trazer ao blog, diversas práticas desgastam o solo de maneira gradativa. Alguns exemplos:

– O desflorestamento, muito frequente para “limpar” áreas que futuramente serão utilizadas para atividades agrícolas ou pecuárias.

– A prática da monocultura, que aos poucos empobrece o solo em função do esgotamento de nutrientes.

– A compactação do solo causada pela utilização de maquinário pesado, que acaba eliminando os espaços para circulação de oxigênio e nutrientes.

– O uso indevido da água, que muitas vezes ocorre devido à irrigação irregular.

Por ter a sua parcela da responsabilidade, fica claro que a agricultura também deve pensar em formas de reverter ou conter a situação. A boa notícia é que há soluções possíveis, como veremos aqui!

Áreas desflorestadas são mais suscetíveis à erosão e efeitos irreversíveis em degradação. Imagem: Reprodução /Imagem do Freepik

Biocombustíveis e a produção no Brasil

Como o nome indica, biocombustíveis são combustíveis de origem biológica não fóssil. Ao contrário de opções mais tradicionais, como petróleo e gás natural, eles não agridem o meio ambiente. Pelo contrário: podem contribuir com a preservação ambiental.

Os principais biocombustíveis feitos no Brasil são o etanol, obtido a partir da cana-de-açúcar, e o biodiesel, que pode ser gerado a partir de milho, soja, algodão, girassol, canola e diversas outras matérias-primas. Em termos dessa geração, estamos entre os maiores produtores do mundo – ao lado de países como Estados Unidos e Índia. Somente em 2023, para você ter ideia, produzimos o volume recorde de 7,3 bilhões de litros de biodiesel.

E para melhorar toda a cadeia de produção e utilização que o Governo Federal propôs o Projeto de Lei 4196/2023, que busca instituir o Programa Combustível do Futuro. Aprovado em março pela Câmara dos Deputados, o PL está agora em fase de tramitação no Senado Federal.

Trata-se de uma ferramenta bastante promissora, uma vez que seu intuito é incentivar a transição de combustíveis fósseis para alternativas sustentáveis. Em meio às suas inúmeras vantagens, destacamos as seguintes:

– A integração de medidas e programas já existentes para o estímulo à adoção de biocombustíveis, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio).

– A criação de novas iniciativas, como o Programa Nacional de Diesel Verde (PNDV).

– A elevação em até 35% da mistura de etanol anidro à gasolina, bem como o aumento de 12% para 14% do volume mínimo de biodiesel no diesel de origem fóssil que é distribuído no país.

Esses nomes e dados técnicos parecem complicados e são apenas parte das mudanças que o Programa Combustível do Futuro pode trazer. Ainda assim, representam uma ideia simples: encorajar um emprego mais consciente de combustíveis que, no fim das contas, são muito menos prejudiciais do que os que utilizamos em massa hoje.

Depois de toda essa explicação, finalmente podemos questionar: afinal, onde vamos produzir a matéria-prima para os biocombustíveis?

A resposta está nas áreas degradadas

Um estudo realizado recentemente pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) apontou que, no Brasil, há pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagem em processo de degradação intermediária ou severa. Apesar disso, eles apresentam um alto potencial para conversão em áreas próprias para atividades agrícolas – como o plantio das matérias-primas de biocombustíveis e, claro, insumos para alimentação.

Esse estudo é relevante porque responde à pergunta que fizemos no fim da seção anterior: diante da eventual escassez de terras para plantio, poderíamos (ou melhor, teríamos que) recorrer às áreas degradadas a fim de manter nossos padrões produtivos e atender às demandas da população e do mercado.

O segredo aqui está em colocar em prática medidas que ajudem na recuperação ou restauração do solo, sendo que elas variam em nível de complexidade. Veja exemplos:

  1. Proteção física do espaço contra a entrada de animais que poderiam se alimentar das espécies vegetais em plantio e compactar o solo com o peso de suas patas.
  2. Correção do pH e ajuste de nutrientes no solo, de modo que ele fique propício para o desenvolvimento de novas espécies vegetais.
  3. Criação de bancos de sementes que estimulem o desenvolvimento de espécies com variabilidade genética. Aqui, dá até para contar com a ação de pequenos animais (formigas, pássaros e afins) que carregam essas sementes e colaboram com a distribuição vegetal.
  4. Monitoramento das áreas degradadas a fim de confirmar que as estratégias estão fazendo o efeito esperado. Aqui recomendamos o uso do FieldScan, ferramenta desenvolvida pela Sensix para monitorar plantações e áreas cultiváveis a partir de imagens de drone e satélite, além de oferecer uma série de outros benefícios a produtores.

Viu só? Aplicar as técnicas de reversão da degradação não precisa ser complicado!

O uso do FieldScan e mais ferramentas de monitoramento facilita a reversão dos efeitos negativos no solo e em plantações. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik

A conta fecha (e muito bem)

Infelizmente, já é de praxe dizer que os recursos naturais à nossa disposição estão atingindo um nível crítico em disponibilidade. É por isso que é tão importante buscarmos formas de conter fenômenos como a degradação no solo e o uso indevido de água. Afinal, um país com a proporção continental do Brasil precisa sempre encontrar maneiras de manter a sua produção agrícola, seja para biocombustíveis ou insumos para alimentos – o que demanda terras saudáveis.

O lado bom é que as soluções estão ao alcance das nossas mãos. E a conta fecha muito bem: nada é mais justo do que usar as áreas degradadas justamente por atividades agrícolas impróprias para devolver o potencial produtivo ao solo e, assim, cultivar matérias-primas que ajudem a resolver problemas que afetam a vida de todos nós.
Em todo esse processo, é importante reforçar o papel fundamental não apenas de produtores, mas de empresas como a Sensix e tecnologias como o FieldScan!

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