A monocultura é uma das práticas agrônomas mais tradicionais conhecidas pelo homem. Ela remete ao período colonial, quando os territórios sob comando das metrópoles europeias (incluindo o Brasil) operavam num regime de produção forçado e focado em espécies vegetais específicas – que, posteriormente, seriam exportadas ao Velho Continente.
Pois bem: se a própria história da monocultura parece um tanto arcaica, é porque a prática em si parece já ter nascido obsoleta. Felizmente, com o tempo surgiu uma alternativa simples, mas que faz total diferença: a rotação de culturas.
E é disso que falamos hoje aqui no Sensix Blog! Boa leitura.
Monocultura: poucas vantagens para muitas desvantagens
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a monocultura não merece ser “demonizada” como se fosse completamente inútil. Afinal, a prática foi utilizada por séculos, sempre gerando insumos muito preciosos à sobrevivência humana.
A monocultura tem suas vantagens: ela encurta o tempo de produção, gera uma redução considerável em gastos, facilita a aplicação de herbicidas, melhora o controle de pragas e doenças… E assim por diante.
Mas são as suas desvantagens que mais chamam a atenção, tanto pela quantidade quanto pela seriedade. Veja alguns exemplos:
– Empobrecimento do solo: o plantio de uma única cultura parece positivo a princípio, mas gradualmente leva a um empobrecimento nutricional do solo que pode chegar a um estágio irreversível.
– Maior exposição a pragas e doenças: espécies cultivadas em monocultura ficam mais sujeitas à ação de pragas, que inclusive podem ficar cada vez mais resistentes aos tratamentos com produtos agroquímicos.
– Contaminação do solo por agrotóxicos: com o aumento na exposição a pragas e doenças, o produtor corre o risco de se ver forçado a aplicar mais agrotóxicos que contaminam (ainda mais) o solo.
– Perda de biodiversidade: o empobrecimento causado pela monocultura afeta não apenas a vegetação e o substrato, mas todo o ecossistema – levando à perda de biodiversidade.
É nesse cenário que a rotação de culturas se mostra uma alternativa viável, apresentando muitas vantagens em contraponto às desvantagens da prática anterior.
Entendendo a rotação de culturas
É muito fácil entender o conceito de rotação de culturas: a prática consiste em alternar as espécies vegetais cultivadas em determinada área. Essa alternância também pode ocorrer ao longo de períodos específicos, como na passagem entre as estações do ano, e geralmente envolve cultivares com sistemas de raízes distintas – leguminosas e gramíneas, por exemplo.
Em vez de agredir e empobrecer o solo, a rotação o enriquece através de nutrientes e efeitos positivos gerados por cada espécie. Veja mais alguns dos seus benefícios:
– Melhor controle de doenças, pragas e plantas daninhas: a alternância entre espécies vegetais inviabiliza a presença de pragas, doenças e plantas daninhas na área antes que haja a troca de culturas.
– Implementação do sistema de plantio direto (SPD): no SPD, o produtor pode utilizar a palhada de safras anteriores no plantio atual, além de não precisar revolver o solo. Tudo isso diminui o volume de trabalho e contribui com a produtividade.
– Maior absorção e circulação de nutrientes no solo: enquanto a monocultura é uma prática empobrecedora, a rotação melhora a absorção dos nutrientes e otimiza o desenvolvimento das espécies.
– Aumento na renda e na disponibilidade de produtos alimentares: talvez a vantagem mais óbvia, a rotação de culturas gera produtos alimentares mais diversos e, de quebra, aumenta o lucro do produtor.
É claro que a rotação também apresenta desafios, como a dificuldade do manejo e a escolha das culturas, mas eles não se comparam aos pontos positivos que levantamos acima (e perceba que levantamos apenas alguns!). Aliás, falando em escolha de culturas, é bem fácil saber quais espécies poderiam ser rotacionadas em uma mesma área!
A rotação de culturas pode ocorrer em função de fatores como área de cultivo e tempo de colheita. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik
Como escolher as culturas certas para rotacionar
Produtores experientes sabem que cada escolha feita na lavoura deve ter uma finalidade. E não é diferente com a rotação de culturas: é preciso saber escolher as espécies ideais a partir de alguns fatores, dos quais falamos na próxima seção.
Para você ter ideia, a soja é a cultura principal utilizada em muitos sistemas de rotação – além, claro, de ser um dos produtos mais exportados pelo Brasil. De acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), milho, algodão e certos tipos de aveia também são excelentes opções, ainda que nem sempre em sucessão direta.
Confira o quadro que criamos com três sugestões muito úteis:
Existem inúmeras combinações possíveis, embora seja preciso observar se elas de fato geram benefícios ao solo e ao produtor
Aspectos a se considerar na implementação do sistema de rotação
Como dissemos acima, é importante levar determinados fatores em conta na hora de escolher as espécies a serem implementadas no sistema de rotação.
De acordo com uma apostila elaborada pelo Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), os principais desses fatores estão ligados à localização, a aspectos técnicos e à situação socioeconômica atual. Veja só:
– Localização: a área de cultivo, a distância até o ponto de destino dos cultivares e a facilidade de transporte da produção são importantes.
– Aspectos técnicos: é preciso considerar o uso de maquinário para dinamizar a produção, assim como a disponibilidade de sementes que irão compor a rotação e a mão de obra humana que implementará todo o sistema.
– Situação socioeconômica: a situação em que o mercado se encontra no momento, bem como os custos de implementação e o rendimento projetado com as culturas, precisam ser ponderados.
Ter todos esses itens em mente aumenta consideravelmente as chances de sucesso do sistema de rotação. Mas é importante lembrar que o trabalho de fato começa somente depois disso: realizar a manutenção e o monitoramento constantes da plantação! É aqui que recorrer a profissionais que entendem do assunto (como a Sensix) se torna indispensável.
O futuro da agricultura está em práticas simples
Depois de ler este artigo, você decerto entende o quanto a rotação de culturas é benéfica: ajuda a preservar o solo, diversifica as opções em alimentos, gera mais lucro para produtores e assim por diante. Trata-se de uma estratégia simples, apesar dos seus desafios, mas que faz diferença por todos os ângulos. E é isso que representa o futuro da agricultura.
Aqui na Sensix, convidamos cada produtor a explorar as vantagens de adotar a prática. E nos comprometemos a ajudar de todas as maneiras possíveis!
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