Colhedoras de Algodão: tipos e como funciona?

A colheita é uma das etapas mais importantes na produção de algodão. Para isso, o produtor tem duas opções de colhedoras de algodão: Colhedora Stripper e colhedora Picker. Saiba mais sobre elas.

O Brasil é, na atualidade, o quarto maior produtor e segundo maior exportador mundial de algodão. Na safra 2019/20, por exemplo, a produção brasileira da pluma chegou ao recorde de 3 milhões de toneladas em 2019/20, mesmo com a pandemia.

Colhedoras de Algodão
Força-tarefa reúne quase 30 colheitadeiras na colheita do algodão em fazenda de Sapezal (Foto: Reprodução/TVCA). Fonte: Compre Rural

Mas você sabia que a colheita do algodão é caracterizada como uma das etapas mais delicadas deste sistema de produção, pois exige cuidado com a fibra, além de ser uma operação bastante suscetível a perdas elevadas.

Exatamente para reduzir tais perdas e aumentar a produtividade, as colhedoras de algodão são maquinários que estão em constante evolução. Por isso, hoje falaremos sobre como é realizada a colheita do algodão e quais são os tipos de colhedora com este propósito.

Colheita de algodão: operação mais delicada deste sistema de produção

Na produção algodoeira, a colheita é possivelmente a etapa mais delicada, principalmente por exigir cuidado com a fibra. Essa é também uma operação bastante suscetível a perdas elevadas, comprometendo os ganhos do negócio. 

A colheita representa um processo muito importante para a redução de perdas do algodoeiro, visto que essas podem ocorrer de diversas formas, como, por exemplo, ao arrancar a fibra ou ao transportar da fibra já colhida.

O infográfico abaixo apresenta os principais erros da colheita mecanizada do algodão:

  • Velocidade inadequada da colhedora;
  • Presença de daninhas não controladas no momento da colheita;
  • Altura das plantas (a recomendação é que estejam entre 1 m e 1,3 m);
  • Erro na utilização de desfolhantes e maturadores;
  • Falta de sistema de contenção de incêndios;
  • Manutenção irregular da colhedora;
  • Falhas operacionais do operador.

Dessa forma, ao decorrer das safras, empresas da área buscam intensamente a redução de custos no manejo e colheita do algodoeiro, tendo na mecanização uma excelente opção. 

Essa cultura tem, inclusive, algumas características que estimulam a mecanização da colheita, tais como às terras planas que permitem mecanização total, programas de incentivo e uso intensivo de tecnologias modernas. 

Essa última vantagem foi de extrema importância na conquista da redução de gastos, visto a grande demanda por mão de obra, associada em muitos casos a problemas trabalhistas, e também pela elevação do rendimento e qualidade das operações agrícolas.

Além do mais, o surgimento de uma nova forma de manejo na cultura do algodão, o adensamento entre linhas, com o objetivo de ter plantas menores e mais precoces, acarretou também a mudança na mecanização da colheita, antes voltada exclusivamente para os maiores espaçamentos entre fileiras. 

Atualmente o desenvolvimento de colhedoras vem sendo guiado para, além de se adaptar a esta nova forma de manejo do algodão, reduzindo de forma significativa as perdas e impurezas da fibra durante o processo de colheita.

Colhedoras utilizadas para a colheita do algodão

Para que a colheita do algodão seja realizada com a máxima eficiência, produtividade e qualidade da fibra, atualmente são adotados dois sistemas de colheita do algodão. Sistema de colheita stripper e Sistema de colheita picker.

Sistema de colheita stripper (ou de pente)

As colhedoras tipo stripper possuem um conjunto de dedos formando que formam uma espécie de pente fino, um molinete, um caracol e dutos com jatos de para transportar o algodão até os sistemas de limpeza.

Colhedoras do tipo “stripper” são mais utilizadas em sistemas de plantio adensado (espaçamento entre linhas menor que 76 cm) e ultra adensado.

Colhedora Striper. Fonte: YouAgro

Esse tipo de colhedora é geralmente utilizado para produções de algodão de baixo potencial produtivo. Em contrapartida, apresenta como grande vantagem a economia, sendo na atualidade sistema mais barato para a colheita do algodão. 

Porém nem todas as características da colhedora stripper são vantajosas. Como desvantagem, há uma perda significativa quanto à qualidade por conta da maneira com que o produto é retirado.

Dessa forma, este método é pouco utilizado no Brasil principalmente por gerar um algodão de qualidade inferior, ou seja, com maior quantidade de impurezas (brácteas, maçãs imaturas e demais partes das plantas). 

Por essa razão, o algodão colhido no sistema Stripper demanda um sistema de pré-limpeza antes de ir para o beneficiamento.

Sistema de colheita picker (de fuso) – Cotton Picker (CP)

As colhedoras do tipo picker tem por característica retirar apenas o algodão em caroço dos capulhos abertos, sem puxar as casquinhas, para isso há o auxílio dos fusos em rotação. Em seguida ele é desprendido dos fusos com desfibradores de borracha, conhecidos como doffer (como visto na imagem abaixo), e levado para o cesto armazenador da máquina por correntes de ar.

Sistema picker, com fusos ao centro e doffers aos lados. Fonte da imagem: John Deere

Dessa forma, o sistema de fusos desta colhedora extrai de forma seletiva o algodão dos capulhos abertos da planta, mas sem puxar as cascas.

Colhedoras do tipo “picker” são tradicionalmente utilizadas em lavouras com espaçamento entrelinhas superiores a 76 cm. Contudo, já existem modelos apropriados para utilização em plantios adensados, com espaçamento entrelinhas de 38 cm. Em espaçamentos maiores as plantas ficam mais ramificadas e atingem maiores estaturas.

A colhedora do tipo picker apresenta melhor desempenho em lavouras com altura de plantas que variam entre 100 e 130 cm. Para isso, é essencial que haja um manejo otimizado da altura da planta de algodão para garantir uma altura ideal de colheita. É possível fazer isso em taxa variável com imagens de drones e satélites, e falamos bastante sobre isso nos dois artigos abaixo.

John Deere – Colhedora de Algodão CP690. Fonte da imagem: John Deere

Por ser mais seletiva, a colhedora picker, geralmente é a mais utilizada, porém é mais cara quando comparada ao modelo stripper, principalmente no momento de sua aquisição e nas manutenções preventivas e corretivas.

As vantagens destas colhedoras relacionam-se à alta capacidade de colheita, podendo trabalhar em velocidades entre 5 km/h e 6,5 km/h. Essa colhedora permite também obter produtos derivados do algodão de melhor qualidade. 

No entanto, apesar de mais puras, as fibras também são atingidas por perdas de até 16%, com a maior parte desse prejuízo acontecendo porque a máquina não consegue retirar todo o algodão da planta.

Um exemplo de colhedora desse tipo é a John Deere 7760, que pode ser operada a velocidade média de 6,8 km/h. No vídeo abaixo você verá qual é a forma de funcionamento deste tipo de colhedora.

TIPOColhedora StripperColhedora Picker
CaracterísticasPente fino/molinete/caracol/dutos com jatosFusos em rotação/desfibradores de borracha (doffer)
Tipo de colheitaPlantio adensado (entre linhas menor que 76 cm)Entrelinhas superior a 76 cm
Qualidade do algodãoAlgodão de baixo potencial produtivoAlgodão terão maior qualidade
CustosSistema mais baratoSistema mais caro (compra e manutenção)
Custo operacionalMenor custo operacionalMaior custo operacional
Forma de colheitaNão seletivo e extremamente agressivo sobre as plantasSeletivo, extraindo o algodão dos capulhos abertos da planta, sem puxar as cascas.
Tabela 1: Tipos de Colhedeira de algodão.

Enfardamento: Fardo em bloco versus Rolo

Além do processo de colheita, o transporte da fibra recém-colhida também é um dos causadores de muitas perdas na colheita, tanto na transferência do cesto da colhedora para o cesto de transporte, quanto na transferência do cesto de transporte para a prensa enfardadeira, responsável por formar os fardos de algodão que ficarão na lavoura até serem levados para a algodoeira.

Colhedora de algodão com enfardamento em bloco. Fonte: Case IH.

Nesse sistema de enfardamento, quando a máquina completa o cesto de armazenamento, ela deve necessariamente ter que parar a colheita para fazer a descarga no cesto de transporte, perdendo em eficiência. 

Neste cenário, um grande avanço foi o desenvolvimento do enfardamento realizado em rolos, diretamente da máquina. Com isso, evita-se tanto as perdas durante transferências e transporte, como também o desperdício de tempo para a descarga, visto que a colhedora descarrega o fardo em pleno movimento da colheita, tornando o enfardamento mais rápido e prático.

A câmara interna construtora de fardos utiliza 11 cintas de borracha para realizar o processo de produzir fardos cilíndricos com 243 cm de largura e 228 cm de diâmetro. O sistema de enfardamento cilíndrico recebe algodão do acumulador, este é, então, moldado em fardos cilíndricos pela aplicação constante de pressão por um eixo oscilante situado no interior da câmara construtora de fardos. 

Enfardamento automático do algodão. Fonte da imagem: Tama Brasil

Após a construção de um fardo, o construtor ergue-se, ejetando o fardo acabado no manipulador. Nessa hora, o operador pode escolher por liberar o fardo ou transportá-lo até o final do campo, onde o fardo pode ser posicionado para transporte conveniente até a algodoeira, facilitando o trabalho com os fardos pós-colheita e evitando o trabalho de busca no meio do campo.

O sistema de enfardamento utiliza um filme de polietileno para envolver e proteger os fardos. Assim que eles são construídos, a película envolve-os por meio de correias que giram o fardo, para melhor fixar o filme.

Referências

BNB

Embrapa

Revista Cultivar

Portal Conhecer

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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