Agricultura de baixo carbono: o que está por trás dessa pauta global

A agricultura de baixo carbono surge como uma alternativa menos impactante, mas é preciso ir além, confira mais em nosso artigo!

A produção sustentável e o cuidado com o meio ambiente têm se mostrado como um dos principais focos de atenção em praticamente todos os setores da economia. O movimento, que se iniciou ainda nos anos 1990, vem ganhando cada vez mais espaço, especialmente após o crescimento de incentivos governamentais.

Uma das estratégias primordiais para o setor agrícola é o foco na agricultura de baixo carbono. O intuito é mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e amenizar os efeitos da mudança climática e, por ser um dos maiores players na agricultura e pecuária mundial, o Brasil pode protagonizar o movimento pela sustentabilidade.

Mas o que é a agricultura de baixo carbono e como começar a utilizá-la na prática?

Desmistificando a “agricultura de baixo carbono”

A agricultura de baixo carbono nada mais é que uma série de práticas agrícolas voltadas para a gestão sustentável da terra. Ela pode ser feita com a simples adoção de técnicas de manejo como a adubação verde, o plantio direto, a preservação de áreas de reserva e nascentes, a criação de um plano de recuperação de áreas degradadas e até mesmo com um bom planejamento de uso eficaz de recursos hídricos.

Agricultura de baixo carbono
Fonte: Clube do Malte

Estas e outras ferramentas são aliadas no combate ao efeito estufa e as consequências climáticas deste. Evidências científicas mostram que esse fenômeno natural vem se intensificando nos últimos 100 anos, conduzindo a temperaturas cada vez mais elevadas e a grandes variações no regime de chuvas, o que também desafia o manejo das culturas e o dia a dia na fazenda.

O setor agrícola é um dos mais afetados: em 2022, a seca, o frio intenso e as geadas já causaram perdas irreversíveis na safra de grãos de diversos produtores em várias regiões do Brasil, por exemplo. Mesmo. Por ser um dos maiores produtores do mundo, o Brasil tem alto “potencial de mitigação”, ou seja, pode atuar ativamente para amenizar as mudanças climáticas e, consequentemente, assegurar um futuro sustentável e rentável para esses produtores.

Por isso, sempre que ouvir sobre agricultura de baixo carbono é importante ter em mente que é disto que se trata: a adoção de uma série de práticas e sistemas de manejo sustentáveis que podem garantir a longevidade de empreendimentos agrícolas, desde os gigantes da economia nacional e internacional até os pequenos produtores.

Primeiro, a fixação biológica de nitrogênio no solo

Um solo saudável é aquele capaz de fornecer à planta as condições necessárias para seu pleno desenvolvimento. Para tanto, precisa ser um ambiente cheio de vida, com ciclos eficazes de conservação de nutrientes. O uso de fertilizantes sintéticos a longo prazo, entretanto, mostrou-se pouco eficaz pois, com o passar dos anos, causa perda da biodiversidade e pode contaminar lagos, rios, mananciais e lençóis freáticos.

A fixação biológica de nitrogênio (FBN) no solo deve ser, portanto, um dos focos principais na agricultura de baixo carbono, pois é por meio dela que se garantem as condições adequadas para o crescimento das culturas ao mesmo tempo em que são mitigadas as emissões de GEEs. A FBN é um processo enzimático natural, no qual o N2 é reduzido a NH3 por meio da atuação de microrganismos de vida livre que se associam às plantas. Os benefícios são diversos: retenção de umidade, melhora na fertilidade do solo, gestão de daninhas e muito mais.

ciclo de fixação biológica no nitrogênio
Fonte: CropLife

Entretanto, para que seja possível transformar o Nitrogênio existente no ar em alimento para as plantas, é preciso condições atmosféricas adequadas e é aí que entram as práticas da agricultura de baixo carbono. Entre as principais estratégias de FBN estão a adubação verde e a rotação de culturas, muito comuns no manejo agrícola brasileiro de diversas culturas. Essas práticas têm sido grandes responsáveis pela popularização da agricultura sustentável, pois têm apresentando bons resultados para os produtores.

Depois, o sequestro de carbono

Chamamos de sequestro de carbono o processo de retirada de gás carbônico da atmosfera por meio da fotossíntese e da absorção do gás no oceano e no solo. Uma das formas mais eficazes de sequestrar carbono no setor agrícola é a conservação das florestas – o que faz do desmatamento um dos principais inimigos da agricultura de baixo carbono.

Agricultura de baixo carbono
Fonte: Embrapa

Ao lado do desmatamento, o preparo intensivo do solo, as queimadas, a drenagem de pântanos e a falta de recuperação de áreas degradadas são práticas que aumentam a emissão de carbono e, consequentemente, fazem com que haja perda significativa do carbono do solo.

Esse carbono é lançado na atmosfera, potencializando os GEEs e os efeitos da mudança climática, afetando a vida na terra em todas suas instâncias, inclusive na produção de alimentos.

Pra você começar já!

Você deve ter observado que a falta de práticas sustentáveis no manejo agrícola funciona em um ciclo: com altas emissões, mais difícil e caro é a recuperação dos recursos naturais. Sem recursos naturais, em contrapartida, maiores são os efeitos climáticos na produção agrícola, que sofre com estiagens, frio intenso, geadas e perda da fertilidade do solo.

Para aderir à agricultura de baixo carbono, o primeiro passo é encontrar as técnicas adequadas ao seu modelo de negócios. Por isso, listamos algumas delas abaixo:

  • Adubação verde: em suma, a adubação verde é uma técnica de reciclagem de nutrientes sem o uso de fertilizantes sintéticos, que dão lugar a culturas que agem como um arado biológico após sua decomposição;
  • Rotação de culturas: consiste em alternar, de forma planejada, a cultura de diferentes espécies em uma mesma área em um dado período. Essa prática melhora a qualidade do solo e a produção de cobertura e, como bônus, diversifica as cultivares proporciona o escalonamento em época de semeadura;
  • Plantio direto: nessa técnica, a semeadura das cultivares é feita diretamente no solo não revolvido, ou seja, elimina a necessidade de aração prévia ou gradagem leve niveladora. Além dos resultados positivos para a vida biológica do solo, também ajuda a diminuir os custos de produção;
  • ILP/ILPF: os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária e Lavoura-Pecuária-Floresta consistem na coexistência de diferentes sistemas produtivos em uma mesma área. Eles podem ser feitos em plantio rotacional, sequencial ou consorciado, de acordo com a necessidade em cada caso;
  • Recuperação de áreas degradadas: ter um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas é condição indispensável para qualquer empreendimento agrícola em solo brasileiro. Mais ainda, recuperar e conservar florestas é a melhor forma de evitar a emissão de GEEs.

Esses são apenas alguns exemplos e existem muitas outras técnicas que compõem a prática da agricultura de baixo carbono. Ela é essencial para a continuidade da produção de alimentos no Brasil e no mundo nos próximos anos e cabe a cada um de nós fazer a nossa parte.

ESG e agronegócio: o que você precisa saber

Fontes:

AgroStmart

Embrapa

Ambientes Consultoria Ambiental

Blog Broto

Agricultura de Baixo Carbono: Tecnologias e Estratégias de Implantação (Embrapa)

GTPS

eCycle

Cientista social, mestranda em Educação com pesquisa na área de Ideologia da Família. Apaixonada por antropologia, psicanálise, historiografia, literatura e música. Atua como Designer instrucional, produzindo materiais didáticos em diversas mídias, conteúdo para redes sociais e marketing (B2B e B2C), usando técnicas de UX e Copywriting. Longa experiência com revisão de textos - acadêmicos e para a web -, redação e produção de conteúdo educacional.

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