Vazio sanitário chega ao fim e dá lugar ao período de início do plantio de soja

Neste mês, alguns estados brasileiros já começaram a se despedir do vazio sanitário, período caracterizado pela ausência de plantas vivas em determinadas áreas da propriedade, com o objetivo de combater a doença da ferrugem asiática. Em 2022, o vazio sanitário foi obrigatório em vinte estados brasileiros durante a entressafra da soja, com duração mínima de 90 dias (prazo que variou de acordo com cada região). 

Os estados do Paraná e de Rondônia foram os primeiros a sair do vazio sanitário, o que ocorreu em 10 de setembro. Cinco dias depois, foi a vez de outros dois importantes produtores de soja: Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 

Ao longo deste período, considerado uma técnica essencial de manejo, os produtores devem manter o solo livre de plantas, o que torna possível reduzir os danos provocados por infestações e os gastos com a aplicação de defensivos, além de aumentar a produção agrícola.

C:\Users\Bruno\Downloads\vazio-sanitário_2.jpg Vazio sanitário
Imagem: O Presente Rural

A doença

Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática é uma das doenças mais agressivas para a soja. No Brasil, seu primeiro registro foi na safra 2001/2002, já com estragos consideráveis, especialmente porque o fungo é capaz de se espalhar rapidamente com a ajuda do vento. 

Já naquele ano, especialistas orientaram os produtores a respeito da necessidade de interromper o ciclo de reprodução do fungo, o que é feito ao eliminar as plantas de soja na entressafra, daí a importância do vazio sanitário. 

A doença, identificada por meio do aparecimento de pontuações escuras e verrugas nas plantas, pode reduzir a produtividade da soja em até 70%.

Como fazer o vazio sanitário

Além de saber o período adequado para fazer o vazio sanitário, algo que varia de estado para estado, o produtor deve se atentar a algumas medidas necessárias para essa técnica de manejo, como limpar toda a área de cultivo da soja após a colheita, destruir as plantas do terreno e manter a área de cultivo totalmente livre de plantas durante o período estipulado. 

Com um vazio sanitário realizado de forma adequada, o produtor pode utilizar esse período para fazer análise do solo e planejar a safra seguinte, ciente de que essa técnica de manejo é capaz de reduzir os riscos de infeção pelo fungo, aumentar a produtividade e melhorar as condições do solo. 

Além de todos os benefícios que o vazio sanitário pode proporcionar às plantas, é essencial que o produtor se lembre que o descumprimento do período é crime e pode gerar várias penalidades, inclusive multas. Os valores variam de acordo com o estado, mas chegam a R$ 25 mil no Mato Grosso do Sul e entre R$ 15 e R$ 50 mil no Distrito Federal.

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Imagem: Climate Field View

Plantio de soja

O fim do vazio sanitário também marca o início do período de plantio de soja em todo o território nacional, desde que existam as condições climáticas necessárias para isso. E por falar em clima, esse é um tópico que merece atenção redobrada dos produtores nos próximos meses, isso porque a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos afirmou que a probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña ao longo deste semestre é de nada menos que 80%. Ou seja, se as previsões se confirmarem, este será o terceiro ano consecutivo de influência do fenômeno.

Na prática, isso significa umidade mais baixa na região Centro-Sul e mais chuvas no Centro-Norte. Por outro lado, a expectativa é que o fenômeno meteorológico não cause tantas alterações na temperatura dos oceanos como ocorreu no ano passado. 

Para além do clima, existem outros aspectos que devem ser observados com atenção pelo produtor. Um dos mais relevantes, sem dúvidas, é o aumento nos custos de produção, já que ainda há um cenário de crise no que se refere à oferta de insumos agrícolas por conta do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. 

Por isso, a estimativa é que o processo de adubação de soja fique cerca de 60% mais caro nesse ano, enquanto o de milho deve registrar aumento próximo aos 85%. 

Em meio a isso, o consumo de fertilizantes deve cair cerca de 7,2% em 2022, totalizando 42,6 milhões de toneladas, ou seja, a situação se mostra bem diferente do recorde histórico registrado em 2021. 

Nesse cenário, cabe ao produtor buscar formas de minimizar o consumo de adubos e aproveitar todas as condições sanitárias e climáticas que podem existir na região de sua propriedade. 

Conclusão 

Após período mínimo de 90 dias, o vazio sanitário está chegando ao fim em vários estados brasileiros. Obrigatória em vinte estados em 2022, a iniciativa visa combater a doença da ferrugem asiática, por meio de uma técnica de manejo que mantém o solo livre de plantas durante a entressafra. 

Com isso, torna-se possível diminuir os custos de produção de forma considerável e evitar uma doença capaz de reduzir a produtividade da soja em até 70%.

O fim do vazio sanitário também representa o início do período de plantio de soja em todo o país. Esse momento, aliás, exige atenção especial do produtor, não apenas por conta de todos os procedimentos envolvidos nesta etapa, mas também porque existe uma grande chance de o semestre ter influência do fenômeno meteorológico La Niña.

Diante disso, cabe ao produtor utilizar todos os benefícios proporcionados pelo vazio sanitário para investir em produtividade, com uso consciente de adubos, monitoramento das plantas e checagem diária da previsão do tempo. 

Referências

O Presente Rural

Climate Field View

Mais Soja

Agronews TV

Sensix

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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