Shunji Nishimura e Jacto: uma história de inovação no agro

A filosofia inovadora e o espírito sonhador ajudaram Shunji Nishimura a criar a Jacto, uma das empresas mais inovadoras e representativas do agronegócio brasileiro.

Se hoje a agricultura brasileira é exemplo de alta produtividade e eficiência, muito se deve a diversas personalidades que se dedicaram incansavelmente a promover a inovação e difundir novas tecnologias. Uma dessas personalidades é Shunji Nishimura, fundador da Jacto.

Falecido em 2010, aos 99 anos, Shunji Nishimura sempre foi um empreendedor com espírito sonhador. Assim, com muita determinação e trabalho, fundou a Jacto, que hoje é um império que emprega 3 mil trabalhadores, exporta para mais de 100 países e fatura anualmente em torno de R$ 1.9 bilhão.

Tendo a inovação como foco central, a Jacto oferece grande apoio para o dia a dia dos agricultores de todos os tamanhos e cultivos. Mas, o sucesso das soluções oferecidas hoje pela Jacto está diretamente relacionado à inovação colocada por Nishimura no DNA da empresa ao longo dos anos. Vale a pena conhecer essa história! 

“Conserta-se tudo”: o nascimento da Jacto! 

Shunji é um cidadão japonês que nasceu em 8 de dezembro de 1910, em Uji, província de Kyoto. Era o segundo de seis filhos de Shotaro e Toshi Nishimura. Aos 19 anos, formou-se Técnico em Mecânica na Escola Industrial Dai-Ichi Kogyo Gakko, em Kyoto.

Porém, entre 1924 e 1934, o Japão enfrentava sérias dificuldades econômicas. Assim, Shunji e milhares de japoneses saíram do país em busca de novas oportunidades em outros países, como o Brasil. 

O começo da vida brasileira de Shunji foi em uma fazenda de café no interior de São Paulo. O trabalho era duro e o salário muito baixo. Então, Shunji decidiu partir para o Rio de Janeiro. Lá, trabalhou como copeiro na mansão de um casal em Petrópolis. Juntou dinheiro com a ideia de continuar os estudos, aprender melhor a língua portuguesa e conhecer o Brasil e suas oportunidades.

Em 1934, voltou a São Paulo e matriculou-se no curso primário do Colégio Adventista Brasileiro, no bairro de Santo Amaro. Deixou a escola e conseguiu trabalho em uma fábrica, como torneiro e soldador. 

Em fevereiro de 1939, Shunji decide tentar a sorte no interior do Estado de São Paulo. Ele tomou o trem em São Paulo com destino à região da Alta Paulista e desembarcou no ponto final da linha, a cidade de Pompeia.

Lá, alugou uma casa e fixou na frente uma tabuleta: “Conserta-se Tudo”. Nessa oficina ele consertava bacias, transformava latas de óleo lubrificante em baldes e canecas, inventou um alambique para destilar mentol, consertava máquinas agrícolas, caminhões e adaptava motores a gasolina para gasogênio, entre outras coisas.

A vida de Shunji Nishimura
A vida de Shunji Nishimura. Fonte: Jacto

Na mesma oficina, Nishimura também era bastante procurado por agricultores para consertar suas polvilhadeiras de defensivos, até então importadas e que não tinham assistência na região. 

Inovação: a chave para o sucesso da Jacto

Em 1948, o japonês, com seu espírito inovador, começou a produzir polvilhadeiras que pudessem ser colocadas nas costas do operador. Assim, a oficina transformou-se em uma pequena fábrica e surgiu a indústria Máquinas Agrícolas Jacto Ltda., oficializada em novembro de 1949. O nome foi inspirado na fumaça deixada no ar pelos aviões a jato.

Polvilhadeiras Jacto: o primeiro modelo desenvolvido por Nishimura
Polvilhadeiras Jacto: o primeiro modelo desenvolvido por Nishimura. Fonte: Jacto

As polvilhadeiras evoluíram para modelos costais mais leves e surgiram os primeiros modelos montados em tratores, destinados às grandes culturas de algodão e café. A evolução foi acompanhando as mudanças nas características dos inseticidas e defensivos agrícolas e as transformações da agricultura brasileira. Em 1966, a Jacto começou a fabricar pulverizadores manuais com reservatório de plástico.

Mas não era suficiente. Nishimura queria inovar e não deixava de pensar em um meio de otimizar a colheita, em especial a do café, cultura que ele tinha muito carinho, por ser seu primeiro emprego no Brasil. 

Assim, em 1979, após seis anos de pesquisa e desenvolvimento, a Jacto apresentou a primeira colheitadeira de café do planeta, a Jacto K-3.

Primeira colheitadeira de café do mundo: Jacto K-3.
Primeira colheitadeira de café do mundo: Jacto K-3. Fonte: Jacto

No lançamento dessa máquina, Shunji Nishimura chamou todos os funcionários, parceiros e fornecedores da Jacto para um grande evento e pediu para estender uma grande faixa com a frase “Ninguém cresce sozinho”, apresentado na histórica foto abaixo.

Evento de lançamento da Jacto K-3.
Evento de lançamento da Jacto K-3. Fonte: Jacto

No mesmo ano, ocorreu a criação da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FSNT). Mais do que um objetivo, esse inovador nato tinha o desejo de devolver ao Brasil um pouco daquilo que conquistou. “Tudo o que tenho devo ao Brasil. Eu nada teria se estivesse em outro país. O Brasil é generoso, sempre me deu mais do que o meu trabalho mereceu. Por isso, preciso devolver um pouco do muito que recebi deste país”, disse na época.

Em 1989, mais uma inovação foi apresentada ao mercado agrícola: o pulverizador automotriz Uniport. O equipamento inaugurou um novo conceito tecnológico para o segmento, tanto que hoje dá nome a uma família de máquinas especializadas para a pulverização e adubação da Jacto.

Isso possibilitou manter-se um único equipamento para a função. Além disso, habilita o trabalho com velocidades maiores, oferecendo ganho em quantidade de área tratada. Ainda garantiu o conforto aos operadores das máquinas, com maior proteção nas cabines e comandos mais próximos.

A Jacto também foi pioneira em Agricultura de Precisão

Shunji Nishimura conduziu a Jacto até meados de 1972. Depois dessa data, a empresa formou a sua primeira diretoria nos moldes modernos e seu filho Jiro Nishimura foi escolhido presidente. 

Mas essa mudança na presidência da empresa não significa que a inovação parou de acontecer, tanto que a Jacto tem em sua história uma contribuição importante nas iniciativas e projetos pioneiros de Agricultura de Precisão no Brasil. 

Em 1997, em uma fase embrionária de atuação, a empresa começou a utilizar tecnologia dos EUA, como barra de luzes e GPS. Já em 1999, a empresa foi a pioneira na demonstração desses equipamentos no Brasil, em apresentação na tradicional feira Agrishow, em Ribeirão Preto (SP) e em 2004, quando lançou uma versão de piloto automático.

Já no ano de 2010, a empresa entrou diretamente na agricultura de precisão com a criação da marca OTMIS, uma linha de produtos da Jacto voltada a essa tecnologia. 

Uniport 5030 NPK B. Fonte: Jacto

Por fim, já alinhada ao ambiente digital, a empresa manteve sua capacidade de inovação e expandiu sua experiência para atendimento ao cliente, lançando em maio de 2020 o Jacto Connect. 

Este é um Ecossistema Digital da Jacto que representa um conjunto de soluções integradas em um único aplicativo que têm por objetivo deixar simples o acesso dos clientes a todos os serviços da Jacto, de ponta a ponta, com contato único.

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Filosofia empresarial: O agricultor sempre em primeiro lugar

Desde o seu surgimento, a filosofia empresarial da Jacto sempre se baseou no propósito maior da empresa: “Servir ao agricultor com as melhores tecnologias de mecanização, informações e serviços, contribuindo para sua nobre missão”.

Assim, desde Shunji Nishimura até hoje, a busca pela excelência, o compromisso de jamais abandonar o agricultor à própria sorte e o permanente espírito de inovação sempre representam o norte das ações da Jacto. 

Esse DNA inovador, na verdade, impregna todos os projetos da empresa. Assim, a Jacto tem como propósito promover a inovação:

  • Nos produtos, para atender a propriedades de qualquer tamanho;
  • Nos serviços, para atender aos ecossistemas agrícolas;
  • Na gestão da empresa, com a profissionalização ocupando a sucessão familiar.

Dessa forma, o conjunto de sua missão, visão de futuro e valores dão o tom final da filosofia Jacto, representando “o jeito Jacto de ser”.

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Referências

Nippo

Jacto

Noticias Agrícolas

Jacto Brasil

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Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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