Renovação do canavial: Quando vale a pena?

A produtividade na cultura é sempre o esperado pelo produtor. Esse resultado é reflexo do manejo imposto na lavoura e um método para a produtividade perdurar é a renovação do canavial, uma estratégia que visa manter e aumentar a produtividade da cana após o período inicial de 3 a 6 cortes. Conheça aqui mais sobre o assunto!

O que é a reforma do canavial?

A reforma do canavial, de modo sucinto, é o replantio da cultura após um período de três a seis colheitas em campo, após seu plantio. Esse procedimento é fundamental para que a produtividade não caía ao decorrer dos anos e que o produtor não tenha prejuízos futuramente.

Sendo um planta semi-perene, ou seja, que pode ser cortada diversas vezes posterior ao seu plantio sem que haja a necessidade de um replantio, seu ciclo produtivo é em média de 6 anos com 5 cortes.  

Após esse período, sua produtividade pode cair, principalmente em áreas onde a fertilidade não é tão boa ou o manejo nutricional nos anos anteriores tenha sido impotente, sendo assim, acaba se tornando necessário realizar a reforma do canavial.

renovação do canavial
Canavial com ciclo mais avançado. Fonte Rural Pecuária

Vale a pena reformar o canavial?

Essa é uma questão que muitos produtores devem levar em conta. A reforma de um canavial tende a ser uma operação que demanda um certo investimento e planejamento por parte do produtor.

A compra de insumos, preparo de solo, a variedade da cana que será plantada, dentre outras operações, requer que o planejamento seja realmente bem feito, para não haver contratempos durante esse processo.

Dentro do planejamento o produtor deve se atentar se há fundos suficientes para tal operação e se, durante o período de lavoura anterior, a rentabilidade por tonelada da cana subtraído pelos custos de operação, foi positivo, sendo esses parâmetros fortes indicadores e motivadores para a reforma do canavial.

Planejamento é primordial
Planejamento é primordial. Fonte: Unoeste

O planejamento inicial da implantação da lavoura, pode auxiliar no processo de planejamento para a renovação, sendo necessário, então, o armazenamento dos dados primários de plantio, para avaliar a real necessidade do processo.

O planejamento deve levar em conta o fato de, por ser uma cultura semi-perene, sua contabilização não deve ser direta, sendo importante realizar a contabilidade do custo por tonelada (R$/t) da cana planta (normalmente cana de ano e meio – 18 meses) e da cana soca de maneira específica.

Quando realizar?

O processo para a renovação de um canavial visa ser realizado após a planta ser sido colhida pela 5° a 6° vez, onde a partir desse ponto, sua produtividade poderá cair.

Em média, lavouras de cana tendem a ser utilizadas sem reforma, por um período de 6 anos, produzindo bem sem a necessidade de reforma. Após esse prazo, com o planejamento correto e material necessário, o produtor pode buscar iniciar a reforma entre os meses de Setembro a Outubro, retirando a cana e fazendo a limpeza e preparo da área.

Após esse momento, caso o mesmo queira, uma breve rotação de cultura ou cultivo de adubo verde pode ser realizado na área, entrando com a nova safra de cana entre os meses de Fevereiro e Março.

A escolha do momento certo para o plantio pode variar de região, conforme a escolha da variedade, clima, disponibilidade de irrigação entre outros fatores, que devem ser levados em conta no planejamento.

Colheita de cana
Colheita da cana. Fonte: Brasilagro

A produtividade é a mais afetada

A cada rebrota da soqueira, sua produtividade decresce até 8,5 toneladas por hectare, dessa forma, ao chegar perto do quinto a sexto corte, sua produtividade está baixa a ponto que não possa cobrir os gastos da operação.

Além disso, o solo pode não estar mais suprindo as demandas nutricionais que a planta requer e investir em um manejo nutricional em um canavial, tecnicamente ultrapassado, pode gerar gastos desnecessários.

Fatores podem acumular e gerar maior queda produtiva 

Conforme pesquisa apontada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), a produtividade da cana de açúcar no Brasil deverá atingir cerca de 635 milhões de toneladas na temporada 2021/22. Nessa produção há um declínio de 3% ocasionado por conta do período seco.

Junto a esse fator e um canavial em estado avançado, a produtividade pode sofrer impactos muito grandes, a ponto de não ser mais viável para determinado produtor a continuação com a cultura.

O cultivo da cana em si já demanda um alto custo por hectare, somente na implantação. Abaixo é possível averiguar que a implantação de um canavial tem alto custo:

Levantamento do custo de implantação de canavial, em R$/ha, na temporada 2020/21. Fonte CORTEVA apud PECEGE

Com a ciência de que a instalação de um novo canavial tem um custo elevado, a reforma acaba sendo mais ainda uma forte vertente para reduzir gastos e queda na produção.

Pontos a se atentar e evitar as quedas na produção

Uso de métodos pode auxiliar em uma boa produtividade. Fonte: Paraná Portal

Além da reforma do canavial, há outras possibilidades que podem ser agregadas ao sistema e assim, reduzir a queda na produção e amplificar a produtividade. São elas:

  • O uso do sistema MEIOSI e MPB (Mudas Pré Brotadas): o sistema pode fornecer espaço para o produtor produzir suas próprias mudas e utiliza-las na reforma do canavial, gerando menor gasto com mudas para o plantio, redução nos custos operacionais, proteção do solo e melhora na produtividade. Leia mais sobre o sistema MEIOSI neste outro artigo do blog.
  • O uso do sistema de rotação: O uso da rotação de culturas durante a reforma de um canavial é um forte aliado no processo. O objetivo da rotação no sistema é manter uma cobertura superficial no solo, melhorando as propriedades físicas, químicas e biológicas do local. Pode trazer vantagens como: o aumento da produtividade, economia na reforma da lavoura, conservação do solo, fixação biológica do nitrogênio, entre outros. Saiba mais sobre a rotação de cultura e sua importância na lavoura neste outro artigo do blog.
  • Se atentar a escolha da variedade: com as várias variedades e seus diversos usos (etanol, açúcar, aguardente, etc..), a escolha deve estar dentro do planejamento, pois a condução da lavoura, no quesitos nutricionais, irrigação e tratos culturais, influenciarão o desempenho da planta.
  • Realizar a análise do solo é um fator primordial: com o passar dos anos, a correção de nutrientes do solo é um fator de suma importância, tanto no plantio como na reforma do canavial. É necessário buscar realizar o procedimento para atender as demandas nutricionais da cana-de-açúcar e alcançar um excelente índice de produtividade. Leia mais sobre a análise de solos nesse outro material.
  • O controle das plantas daninhas: para a reforma de um canavial, plantas infestantes não são bem vindas no processo. É preciso, durante o planejamento, estipular meios para que não haja infestação destas durante o procedimento, impedindo de melhorar a produtividade do sistema. Conheça algumas dicas para o controle de plantas daninhas aqui.
  • Reforma em faixa: com intuito de evitar a erosão acentuada na área, causada pelo início da reforma na cabeceira e se estendendo rapidamente para 100% da área, orienta-se que o manejo seja realizado em faixas, buscando um processo em que irá melhorar a produtividade sem agredir o solo de forma brusca.
  • Manejo de falhas de plantio: um grande problema que pode levar a baixas de produtividade de quase 20% no canavial, as falhas de plantio são ainda mais preocupantes nos plantios mecanizados. A abordagem correta na prevenção, detecção e correção das falhas pode não só aumentar a produtividade do canavial como também prolongar sua longevidade, assim como no manejo das falhas de rebrota. Conheça um pouco mais sobre o assunto nesse outro artigo do blog.

Oportunidade de melhoria na produtividade e lucratividade

Processo cultural em cana de açúcar
Processo cultural em cana de açúcar. Fonte: IONICS

Como visto ao longo do material, a reforma do canavial é uma possibilidade de aumento na produtividade da lavoura.

Sua implantação deve ser estudada e planejada para que, com apontamentos corretos, o produtor tenha uma área para uso por mais tempo. Vale-se ressaltar que o produtor deve estar ciente de que a produtividade será reflexo do seu manejo na área, sendo necessário todo o aporte que se cabe para a cultura.

A lucratividade não é direta, como demonstrado, mas tende a ser positiva com o correto planejamento e a reforma não muito tarde, visto que, quanto maior o tempo esperado para se fazer o processo, maior pode ser o custo de trabalho.

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Até logo!

Referências

Agência Embrapa de Informação Tecnológica

CHBAGRO 

Amazon AgroSciences

Money Times 

CORTEVA

Revista RPA News 

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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