O agronegócio brasileiro é muito forte e muito do crescimento econômico do setor vem de cidades do interior do país, permitindo um desenvolvimento social bastante expressivo.
Ano após ano, safra após safra a história se repete: o agro mantém sua posição de protagonismo no cenário nacional, principalmente devido às suas capacidades produtivas e de geração de emprego em várias regiões. Tudo isso vem contribuindo com o crescimento econômico de várias regiões do interior país.
Na atualidade, o agronegócio se mantém como o maior gerador de renda da economia brasileira, com uma participação de 26,6% em 2021, segundo estudo do CEPEA. Essa é a prova de que o setor é uma das principais locomotivas que garantem o progresso do país.
O mais interessante é que todo esse cenário trouxe crescimento econômico para muitas regiões que até então não eram fortes economicamente e hoje são grandes potências do agro, resultando nas chamadas “cidades do agronegócio”.
No artigo de hoje, apresentaremos as principais cidades e regiões que apresentam crescimento econômico obtido por meio das atividades relacionadas ao agronegócio.
Brasil agro: grande potencial produtivo e de crescimento econômico
O agronegócio brasileiro é altamente produtivo, com grande participação no PIB nacional. E as tendências mais recentes mostram que o setor tem potencial de continuar crescendo. Para 2022, por exemplo, há uma expectativa de 277,1 milhões de toneladas (IBGE), um salto de 9,4% em relação ao resultado de 2021.
Dispomos de um amplo volume de recursos, temos mão de obra abundante e grandes áreas agricultáveis, que produzem uma grande quantidade de alimentos, sempre de forma sustentável.
Associado a tudo isso, os investimentos em tecnologia e gestão são crescentes, o que difere positivamente nos valores de produção alcançados.
Além disso, o setor é responsável por metade das exportações do país, gerando um volume de US$ 120,59 bilhões, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (13) pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Cidades do agro: totalmente atreladas ao agronegócio!
O fortalecimento e crescimento econômico do setor foram acompanhados de uma crescente difusão espacial do agronegócio pelo País, com rápida expansão em direção às novas fronteiras agrícolas do país, principalmente no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, além da consolidação das regiões sudeste e sul, que sempre tiveram grande potencial agrícola.
Ao se deslocar para essas novas fronteiras, o agronegócio fez com que surgissem diversos municípios que tiveram seu desenvolvimento fortemente atrelado ao agro. Trata-se das chamadas “cidades do agronegócio”.
Essas cidades surgiram ou se expandiram a partir do boom das atividades associadas ao campo em um processo que se iniciou a partir da década de 1970, mas que explodiu nos anos de 1990.
Estes municípios caracterizam-se pela simbiose cada vez mais estreita entre o ambiente urbano e o rural, estimulada pela coexistência de uma série de atividades conectadas ao agro.
Mas quais são essas regiões e cidades que mais contribuem com o crescimento econômico do agronegócio brasileiro? Quais merecem maior destaque? É o que veremos no nosso tópico a seguir.
Os 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro
Você acha que somente as grandes cidades do Brasil têm uma disputa acirrada pela região mais rica, mais populosa etc? Nada disso: as cidades com expertise no agronegócio também competem entre si. E a disputa é muito acirrada e saudável!
Para mostrar essa “disputa”, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou alguns levantamentos, mostrados em um ranking com as cidades e regiões que tiveram a maior participação no crescimento econômico do agronegócio nacional.
O ranking mais recente foi feito com base nos dados da Produção Agrícola Municipal (PAM) referente a 2020, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com base nessas informações, o Mapa elaborou uma classificação levando em conta o valor da produção das lavouras temporárias e permanentes e o Produto Interno Bruto dos Municípios (PIB) tomando por base o ano de 2019. A classificação possui 100 municípios.
A maior parte destes municípios situa-se em Mato Grosso, seguidos da Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, assim distribuídos:
Estado | Número de municípios |
Mato Grosso | 35 |
Mato Grosso do Sul | 13 |
Goiás | 10 |
Bahia | 9 |
Minas Gerais | 9 |
São Paulo | 6 |
Paraná | 4 |
Pará | 4 |
Maranhão | 2 |
Piauí | 2 |
Rio Grande do Sul | 2 |
Brasília | 1 |
Tocantins | 1 |
Pernambuco | 1 |
Segundo este levantamento, os 100 municípios classificados geraram, no ano de 2020, um valor da produção de R$ 151,2 bilhões, 32% do total, estimado em R$ 470,5 bilhões. Estes municípios possuem, como grande característica, elevada produção agropecuária e alto valor do PIB municipal.
Características dos cinco primeiros colocados da lista de cidades do agronegócio!
Conforme os resultados apresentados pelo levantamento do Mapa, os 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro somaram quase R$ 152 bilhões em lavouras. A soja, o algodão e o milho são os principais produtos responsáveis pelo crescimento econômico e sucesso desses municípios.
Veja mais sobre os 5 primeiros colocados no ano de 2020:
- 1º. Sorriso (MT)
Situado no Mato Grosso, Sorriso é um dos principais produtores de grãos do Brasil, liderando o ranking nacional, de acordo com o Ministério da Agricultura, tendo como principais carro-chefe a soja e o milho.
No ano de 2020, a cidade somou R$ 5,3 bilhões em valor da produção, detém também o maior PIB da lista de cidades. Segundo o IBGE, a agropecuária representa 26,5% do PIB de R$ 6,2 milhões do município.
- 2º. São Desidério (BA)
Localizado no extremo oeste da Bahia, o município de São Desidério é o segundo mais rico do agronegócio nacional, com um valor de produção de R$ 4,6 bilhões. Na região, a produção de algodão merece destaque, concentrando 38,3% do valor de produção do ano de 2020. Em 2019, o PIB do município foi de R$ 2,596 bilhões.
Com quase 640 mil hectares plantados, o município baiano é conhecido mundialmente pelo volume de grãos produzidos e pela qualidade do algodão.
- 3º. Sapezal (MT)
Assim como São Desidério, Sapezal é uma cidade que tem na produção de algodão seu carro-chefe. O município tem mais da metade (54,4%) dos R$ 4,3 bilhões produzidos em 2020 provenientes da cultura.
O município também merece destaque na produção de soja, que respondeu por 35,5% da receita de 2020. Em 2019, o PIB deste município mato-grossense foi de R$ 2,59 bilhões.
- 4º. Campo Novo do Parecis (MT)
Também representando o Mato Grosso, Campo Novo do Parecis possui destaque nacional em culturas como o girassol – onde ocupa a primeira colocação – e o milho pipoca, que fazem o país ser o quarto município mais rico do agronegócio brasileiro.
Em 2020, o município acumulou cerca de R$ 3,8 bilhões em valor de produção e um PIB de R$ 3,4 bilhões em 2019.
- 5º. Formosa do Rio Preto (BA)
Quinto município mais rico do agronegócio brasileiro, Formosa do Rio Preto detém o título de maior produtor de soja, terceiro maior produtor de algodão e segundo maior produtor de milho da Bahia.
Em 2020, o município somou um valor de produção de R$ 3,74 bilhões. Já em 2019, contabilizou um Produto Interno Bruto de R$ 1,852 bilhão.
Desenvolvimento econômico e social dos municípios mais ricos do agronegócio
Mesmo com os efeitos da crise da Covid-19, as cidades que têm o agronegócio em seu DNA conseguiram ter um crescimento econômico mais intenso que a média nacional, conforme o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).
Segundo o indicador, as vendas nacionais nominais recuaram 10,4% em 2020 em decorrência da covid-19. Já as 20 cidades líderes da produção agropecuária tiveram uma alta de 6,2% em relação a 2019.
Este movimento de crescimento econômico se dá de diferentes formas:
- Produtores e empregados das grandes fazendas gastam no comércio de toda a região;
- Fabricantes de maquinário instalam escritórios comerciais e contratam vendedores na região – que também consomem na região;
- Plantas de beneficiamento da agroindústria, como usinas de etanol e frigoríficos, geram empregos industriais, incrementando mais a demanda.
Dessa forma, o agronegócio é um grande gerador de emprego, renda e qualidade de vida nas regiões que tem no agronegócio um grande carro-chefe e isso não deve parar por aqui já que novas fronteiras agrícolas ainda estão se desenvolvendo, especialmente na região chamada Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Pela previsão de 2022, o crescimento do PIB em 15 estados deve ser maior do que a média do Brasil e a maioria deles está situada no centro-oeste e norte, locais que são importantes para a agricultura do Brasil.
Assim, interna ou externamente, o fato é que o Brasil tem no agronegócio um dos pilares da sua economia, e se temos todo esse sucesso, devemos agradecer principalmente aos municípios do interior do Brasil.
Referências
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