A soja é, há algum tempo, a cultura agrícola de maior importância do Brasil, representando a principal fonte de renda de muitos produtores rurais brasileiros. Essa cultura tem um peso muito grande na nossa balança econômica comercial e, mesmo diante de um cenário de incertezas, as expectativas quanto à produção de soja são otimistas para as safras seguintes, com a possibilidade de novos recordes de produtividade.
Na safra de 2019/20 o Brasil produziu cerca de 125 milhões de toneladas de soja, com a ocupação de aproximadamente 37 milhões de hectares de área plantada, conforme demonstra o estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentado em setembro de 2020. O estudo traz ainda que a produtividade do plantio do grão no país é de 3.379 kg/ha.
Todo esse sucesso da produção brasileira de soja é também apresentado anualmente pela CESB (Comitê estratégico Soja Brasil), que é uma organização sem fins lucrativos que visa contribuir de forma referencial para o crescimento da produtividade da cultura da soja no Brasil. Segundo a CESB, altas produtividades estão associadas à sustentabilidade, soluções inovadoras e elevada eficiência produtiva.
Diante disso tudo, no artigo de hoje, você irá conferir um panorama completo da soja no Brasil e no mundo, as principais tendências para os próximos meses e o que os “campeões de produtividade” fazem para que a produtividade seja cada dia melhor, safra após safra.
Estatísticas: O atual cenário da soja no Brasil e no mundo
O agronegócio da soja é uma atividade fundamental para a economia nacional, sendo uma das atividades econômicas que, nas últimas décadas, apresentaram crescimentos muito expressivos fazendo com que muitas cidades tenham prosperado desde sua ascensão no fim dos anos 70.
Responsável por empregar milhões de brasileiros, o grão acelerou o uso de tecnologias no campo, expandiu nossas fronteiras e movimentou US$ 60 bilhões por ano, fazendo com que o país tenha uma disputa bastante acirrada com os EUA, outro grande produtor mundial.
Em todo o mundo, a produção mundial deste grão no ano de 2020 foi de 362,947 milhões de toneladas em uma área plantada de 127,842 milhões de hectares, segundo dados da USDA.
Neste mesmo ano de 2020, dados da CONAB indicam que a produção de soja brasileira retomou sua liderança com uma colheita recorde de 135,409 milhões de toneladas, em uma área plantada: 38,502 milhões de hectares. Este resultado indica uma produtividade de 3.517 kg/ha.
A modo de comparação, nos EUA, a produção no mesmo ano foi de 112,549 milhões de toneladas em uma área plantada de 33,313 milhões de hectares.
Vale ressaltar também que a China é o maior importador de soja brasileira. Mais de 70% das exportações do grão produzido no Brasil têm como destino o país asiático, cuja produção atende apenas 20% da demanda interna.
Conhecendo os segredos dos recordes dos campeões de produtividade
O plantio da nova safra de soja já começou, e para o ciclo 21/22 a produção brasileira de soja deve alcançar um recorde de 141,26 milhões de toneladas e crescer 3,9% em produtividade em relação à safra anterior, quando foram produzidas quase 136 milhões de toneladas do grão.
O investimento para a nova safra é alto e a aposta também. Mas, para que a produção atinja todas as expectativas, o produtor deve se preparar muito bem, devendo observar alguns passos importantes para o sucesso da sua lavoura de soja.
Semente de qualidade, manejo, solo pronto, uso de tecnologia, clima, pragas e doenças devidamente controladas são os fatores que precisam estar bem organizados pelo produtor, caso contrário ele pode colocar tudo a perder.
Mas, quem dá essas dicas são os campeões do desafio de máxima produtividade, organizado pelo CESB (Comitê estratégico Soja Brasil). No desafio, agricultores brasileiros superaram seus limites e provam safra após safra que é possível produzir mais, apostando em tecnologia e conhecimento, mas sendo ainda assim investindo no básico, desde que priorize o máximo planejamento e monitoramento da lavoura.
Na safra 20/21, por exemplo, o grande campeão foi o produtor Ernest Milla, do Condomínio Milla, que atingiu uma produtividade de 129,16 sc/ha na cidade de Pinhão (PR).
O grande campeão da safra 20/21 diz que reduziu em 48% o impacto ambiental e 51% o custo de produção. Ou seja, produziu mais, de forma muito mais sustentável, priorizando os cuidados com o meio ambiente e ampliando a rentabilidade.
Mais do que o excelente resultado do campeão foi ter a ciência de que todos os vencedores obtiveram produtividades acima de 100 sacas por hectare, quase o dobro da média nacional, que é de 55 sacas por hectare.
Diante dos expressivos resultados do CESB, os quatro produtores que mais somaram produções na safra 19/20 disseram que apostar no básico é fundamental para quem busca melhores resultados. As dicas que os campeões da safra 19/20 são:
– Laércio Dalla Vechia, de Mangueirinha (PR) – 118,82 sc/ha
”Aposte na dessecação pré-plantio para uniformizar a área de lavoura“
– Antônio Oliveira Neto, de Patrocínio (MG) – 118,63 sc/ha
“A aplicação preventiva de fungicida mantém a lavoura saudável e auxilia no potencial produtivo da soja”
– Elton Zanella, de Campos de Júlio (MT) – 103,19 sc/ha
“Fazer um tratamento de sementes eficiente e blindar a soja de pragas e doenças”
– Condomínio Milla, de Baixa Grande do Ribeiro (PI) – 101,79 sc/ha
“Monitorar e utilizar inseticidas de forma precisa ajuda no combate de grandes infestações de insetos na lavoura”
Mas, mais importante do que os recordes dos grandes campeões, é adotar soluções para transferir a tecnologia e inovações para todos os agricultores do país. Assim, a expectativa é que os resultados que vêm sendo demonstrados pelo CESB, por meio dos participantes do Desafio de Máxima Produtividade de Soja, possam ser paulatinamente transferidos para o conjunto de sojicultores de todo o Brasil.
O que esperar para o futuro da soja brasileira?
Como já salientado anteriormente, a safra de soja de 2021/2022 deverá ter uma produção de 141,26 milhões de toneladas, segundo estimativas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Dessa forma, o Brasil tende a continuar ocupando o posto de maior produtor e exportador mundial de soja, seguido pelos Estados Unidos e pela Argentina. É importante lembrar que os embarques brasileiros respondem por cerca de metade de todo o comércio global do grão.
Quanto à área destinada às lavouras de soja, a Conab estima que um aumento de 3,6% deve ocorrer, alcançando quase 40 milhões de hectares na temporada que se inicia em setembro de 2021.
Mas, mesmo com as perspectivas de aumento da produção, o balanço global entre a oferta e a demanda continuará apertado, principalmente devido aos baixos estoques causados pela frustração da safra 2021/2022 nos Estados Unidos, contribuindo para a sustentação dos atuais preços elevados da commodity.
No mercado doméstico, a demanda de esmagamento do grão deve crescer de 46,5 milhões de toneladas, para 51,47 milhões de toneladas, desde que seja confirmado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) o aumento de concentração do percentual no biodiesel de B13 para B14.
Dentro desse cenário, o mercado internacional também exercerá influência no preço da soja, principalmente com as perspectivas da manutenção da valorização internacional e a desvalorização do real em relação ao dólar. Assim, a tendência é que os preços nacionais devam continuar em um patamar elevado.
Por fim, as condições climáticas tendem a ser favoráveis. Provavelmente haverá condições suficientes de chuva para o plantio de soja nesta safra, como já ocorreu no início do mês de outubro, dando condições para que a semeadura aconteça de forma normal ou até antecipada.
Por outro lado, as previsões meteorológicas mostram que os efeitos do La Niña poderão provocar poucas chuvas na Região Sul. A estiagem e as chuvas mal distribuídas devem perdurar de setembro até novembro, no entanto, podem ser intercalados com temporais de dois a seis dias. Essa irregularidade pode impactar a produtividade das lavouras.
Diante disso tudo, o segredo dos grandes campeões em produtividade é ter muito amor e dedicação em tudo que deve ser feito. Para todos os grandes produtores, a lavoura não é apenas uma empresa, é o sustento alimentar de muitas famílias e de uma sociedade como um todo.
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