Anunciado dois dias antes da virada do ano-safra, o Plano Safra 2022/2023 foi apresentado ontem (29/06) pelo Governo Federal. O montante total de R$340,8 bilhões de créditos liberados para financiar atividades de custeio, investimentos e comercialização na agropecuária brasileira representa um aumento de 36% no volume de crédito rural em relação à safra de 2021/2022. Já o valor destinado a financiamento de custeio e comercialização foi de R$246,28 bilhões, um aumento de 39%. Enquanto os recursos para investimentos aumentaram 29% na mesma comparação, totalizando R$94,6 bilhões.
Em um cenário de incertezas, o crédito rural destinado para 2022/23 era motivo de preocupação para os produtores rurais. Com a alta dos custos de produção e das taxas de juros, o setor vem solicitando volumes maiores de recursos, para que não houvesse mais uma suspensão temporária de linhas de financiamento na safra, como ocorreu em 2021/22
Durante coletiva de lançamento do Plano, Marco Montes, ministro da Agricultura, afirmou que o ministério já se preocupava em oferecer um Plano Safra “robusto”, que pudesse atender às necessidades do mercado no atual contexto da economia brasileira e diante do cenário global afetado pela pandemia de Covid-19 e, mais recentemente, pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Com o novo Plano Safra, os recursos com juros controlados aumentaram 18% em comparação com a safra de 2021/2022, passando para R$ 195,7 bilhões. Já os recursos a taxas livres aumentaram 69%, chegando a R$ 145,18 bilhões.
Segundo o Ministério da Agricultura, o governo aposta em investir na maior participação de mecanismos privados de financiamento da agricultura empresarial. Nesse sentido, houve um aumento de recursos das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e do limite de utilização desses recursos para a compra de direitos creditório do agronegócio, o que deve trazer aumento em títulos como Cédula de Produto Rural (CPR) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
As linhas de crédito para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terão R$ 53,61 bilhões (+36%). Para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), foram R$ 43,75 bilhões (+28%). E para as demais linhas, R$ 243,50 bilhões (+37%). Confira os montantes e condições de cada modalidade abaixo:
Outro ponto de destaque é que, com a taxa da Selic em 13,25% ao ano, o crédito rural terá taxas maiores, o que já era dado como certo por especialistas. Nas linhas de financiamento para custeio e comercialização, variam de 5% ao ano e 12% ao ano. No investimento, de 7% ao ano a 12,5% ao ano.
O montante de recursos para o ABC totalizou R$ 6,19 bilhões, incluindo financiamento para a utilização de energia renovável e para remineralizadores de solo (pó de rocha), uma aposta para reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados.
Para o PCA chegou a R$ 5,13 bilhões. Neste ano, foi instituído um limite de financiamento de R$ 50 milhões para investimentos relativos à armazenagem de grãos. Para o armazenamento dos demais itens, o limite continua sendo de R$ 25 milhões.
Para o programa Inovagro, de incentivo à inovação, foram destinados R$ 3,51 bilhões. Segundo o Ministério da Agricultura, estão previstos financiamentos para sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento ou automação das atividades produtivas, além de sistemas para geração e distribuição de energia produzida a partir de fontes renováveis.
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