Alternativa aos implementos agrícolas tradicionais, os fertilizantes organominerais vem sendo usados na agricultura brasileira desde os anos 1980. Desde então, se mostraram aliados no campo, tanto para conservação do solo quanto para o aumento da produtividade.
Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, provaram-se também como uma opção mais sustentável, aliada do produtor rural em tempos em que a responsabilidade ambiental deixa de ser opção e passa a ser uma necessidade.
Mas o que são esses fertilizantes, quais suas vantagens e os primeiros passos para começar a utilizá-los?
O que são fertilizantes organominerais?
Em resumo, os fertilizantes organominerais são obtidos por meio da mistura de algum adubo mineral com uma parte de matéria orgânica. São fontes orgânicas como esterco de aves e suínos, combinadas com algum fertilizante mineral. Sua utilização, além de ser uma boa solução para o aproveitamento de resíduos, também ajuda a conservar as condições físico-químicas do solo, pois é mais estável e uniforme que os adubos orgânicos e menos abrasivo que os fertilizantes minerais.
Além disso, é capaz de dar um melhor destino aos cerca de 8 milhões de toneladas de cama de aviário e 100 milhões de m³ de dejetos líquidos de suínos gerados por ano pela indústria brasileira.
Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), esses resíduos contêm mais de 600 mil toneladas de nitrogênio (N), altas concentrações de pentóxido de fósforo (P2O5) e de óxido de potássio (K2O) – montante que corresponde a 27% do Nitrogênio, 21% do Fósforo e 12% do Potássio que a agropecuária brasileira necessita anualmente.
Entretanto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) aponta que um bom fertilizante organomineral deve apresentar certas características para garantir bons resultados para o produtor. De acordo com a Instrução Normativa n°25, de 23 de julho de 2009, elaborada e divulgada pelo órgão, ele deve estar de acordo com os seguintes parâmetros:
- Umidade máxima: 30%;
- Carbono orgânico: mínimo de 8% para adubos sólidos e 3% para fluidos;
- Macronutrientes declarados para os produtos com micronutrientes primários: teores mínimos de 10%;
- Capacidade de troca catiônica (CTC): mínima de 80 mmolc kg-1;
Tais parâmetros servem para assegurar um indicativo importante quanto se trata de fertilizantes: a solubilização. Apesar de apresentar um potencial químico reativo inferior aos fertilizantes minerais, o processo de ativação do solo dos adubos organominerais é gradativo, o que garante mais eficiência agronômica ao longo do desenvolvimento da cultura. Por isso, é preciso
Mas qual a diferença para os fertilizantes minerais?
Em primeiro lugar, os fertilizantes minerais, também conhecidos como sintéticos ou inorgânicos, são manufaturados na indústria química. A matéria prima, retirada do solo ou de minas, é posteriormente processada, gerando fertilizantes sólidos, líquidos ou granulados.
Esses fertilizantes podem ser simples e conter apenas um tipo de macronutriente – fosfatados, nitrogenados e potássicos – e podem ser mistos, ou seja, conter combinações destes macronutrientes e, em alguns casos, uma quantidade de micronutrientes – como cloro, ferro, cobre, entre outros.
Também existem os fertilizantes minerais corretivos, voltados para corrigir a acidez do solo – como calcário, magnesiano, cal virgem agrícola, entre outros.
Já os fertilizantes organominerais agregam uma quantidade mínima de matéria orgânica capaz de garantir certa concentração de carbono. Essa matéria orgânica é compostada e complementada com fontes minerais, trazendo mais concentração de nutrientes para o fertilizante. Vale lembrar que os nutrientes devem ser balanceados de acordo com a cultura e o solo para trazer resultados positivos.
Quais as vantagens dos fertilizantes organominerais?
Para quem tem pressa, os fertilizantes minerais podem ser uma boa solução, mas sua ação a longo prazo pode alterar significativamente a fertilidade do solo. Isso porque o uso prolongado desses insumos pode gerar perdas importantes de micróbios responsáveis por manter a vida no solo, além de, quando mal administrados, contaminar fontes hídricas e lençóis freáticos.
Os fertilizantes organominerais são uma boa alternativa porque aumentam a atividade microbiana e a capacidade de troca de cátions no solo, deixando-o mais fértil e produtivo ao longo do tempo. Como contém uma boa parte de matéria orgânica, ajuda a condicionar o solo ao mesmo tempo que garante melhor direcionamento de resíduos de outros sistemas de produção, que se tornam um passivo ambiental. Outra vantagem é que os organominerais apresentam proteção contra a salinidade, causada pela adubação mineral prolongada.
Para quem procura produtividade garantida a longo prazo, os fertilizantes organominerais são uma ótima alternativa porque, como aumentam a disponibilidade de micronutrientes, proporcionam um ambiente adequado para maior desenvolvimento das raízes das plantas. Como consequência, a capacidade de retenção de água no solo aumenta e, com ela, o aproveitamento de nitrogênio, fosfato e outros nutrientes.
Por fim, em tempos de alta nos valores de fertilizantes sintéticos importados, os organominerais são uma ótima solução para diminuir custos de produção sem prejudicar a rentabilidade do negócio.
Sustentabilidade que faz crescer
Os fertilizantes organominerais contribuem para evitar possíveis danos à saúde humana e ao meio ambiente, mas não só isso: como diminuem a toxidez dos solos e das plantas, podem ajudar a reduzir o uso de defensivos agrícolas, já que há menor necessidade de combater pragas e doenças.
Essa alternativa sustentável também é melhor absorvida pelas plantas, melhorando a fotossíntese, o metabolismo e outros processos fisiológicos. Como os nutrientes são processados lentamente, ficam disponíveis ao longo de todo ciclo da planta, estimulando o crescimento e o desenvolvimento das culturas.
Como resultado, as plantas apresentam maior vigor na fase de brotação, maior resistência às pragas e maior qualidade, aumentando a produtividade. Por essas razões, os fertilizantes organominerais têm conquistado os agricultores brasileiros: em culturas como a cana-de-açúcar, por exemplo, se mostraram até 7% mais lucrativos que os sintéticos.
A popularização e o melhoramento de fertilizantes organominerais também trouxeram outros resultados positivos para o manejo agrícola: além de sua aplicação fazer uso da mão de obra já disponível na fazenda, não exigindo novos gastos, também podem ser aplicados tanto no preparo do solo quanto na semeadura, no transplante de mudas ou como adubação de cobertura.
Por fim, os fertilizantes organominerais são uma ótima alternativa para a conservação e fortalecimento do solo, melhorando a produtividade ao mesmo tempo em que fazem um aproveitamento mais eficiente de resíduos que seriam descartados na natureza.
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