Por séculos a cana-de-açúcar foi a grande riqueza do Brasil. Introduzida oficialmente 30 anos após o descobrimento por Martim Souza, a gramínea sustentou a economia desde os tempos da Colônia até o Império através do seu cultivo e a exportação de açúcar.
Além do açúcar e da biomassa para geração de energia elétrica, 55% da produção da cana-de-açúcar foi destinada à produção do etanol na safra 2019/20, biocombustível que é uma excelente alternativa aos combustíveis fósseis – como a gasolina e o diesel – que já têm seu fim estimado para 2067.
Em 2019 o Brasil – maior produtor de cana-de-açúcar do mundo – produziu 24% do biocombustível mundial (entre álcool de cana e de milho), ficando atrás apenas dos Estados Unidos e fazendo com que o setor sucroenergético representasse 10% do valor bruto do agronegócio nacional e 2% do PIB brasileiro.
Não diferente dos outros setores do agronegócio brasileiro, o destaque mundial da cana-de-açúcar se deve claramente – além da adaptação climática e do contexto histórico –à Agricultura de Precisão e às tecnologias aplicadas em campo.
Abaixo você vai conhecer 4 tecnologias aplicadas ao setor sucroenergético que culminam no aumento da produtividade e dos lucros.
1. Monitoramento de falhas de plantio
Um gargalo ainda não superado no ciclo produtivo da cana-de-açúcar é a danificação das gemas no momento do plantio, que é 65% mecanizado na região centro-sul do país e 25% mais barato que o plantio manual.
Mesmo quando os toletes de cana eram plantados manualmente, já era necessária uma quantidade superior de mudas para compensar as falhas, o que aumentou em média 5 t/ha com o plantio mecanizado.
É considerado falha de plantio espaços vazios entre plantas, que comumente são menores que 50cm, mas sendo essa a medição significativa que começa a causar redução de produtividade. Você pode encontrar informações detalhadas sobre falhas de plantio nesse artigo do nosso time.
Apesar de não haver um senso comum sobre a viabilidade econômica de replantar ou não os locais com falha, é possível monitorar e medir as falhas para que haja uma tomada de decisão local.
A Sensix é um exemplo de empresa de tecnologia que auxilia do produtor e oferece, através da plataforma FieldScan, o serviço de identificação e monitoramento dessas falhas usando processamento de imagens de drones. No tópico 3 deste artigo você vai encontrar um link para saber mais sobre esse serviço.
2. Restituição de linhas de colheita
Um outro problema muito comum no ciclo da cana-de-açúcar é o pisoteio das linhas de plantio pelas máquinas colhedoras e implementos, o que é tido como um dos principais fatores que limitam a produtividade do canavial e que, segundo o consultor Guilherme Belardo, pode custar 1 safra a cada 5 anos de pisoteio.
Através da plataforma FieldScan também é possível restituir linhas de plantio com alta precisão para automação da colheita através de imagens de drones, que é o próximo tópico desse artigo.
3. Drones
Além do uso de imagens de satélite para monitoramento das lavouras através de Índices de Vegetação e imagens termais (você pode saber mais sobre isso nesses dois artigos sobre satélites e imagens termais), os drones também fazem bonito na agricultura.
Na verdade, os drones têm ganhado o mundo em diversas áreas. Já existem empresas fazendo entrega de comida, transporte de órgãos para transplante e tantas outras ações, mas tudo de modo experimental.
Porém na agricultura essa tecnologia já está bem estabelecida e é comprovadamente eficiente. Os drones podem ser usados para incontáveis finalidades dentro de uma fazenda. Além de coletar imagens para monitoramento de falhas de plantio e restituição de linhas de colheita, ainda é possível utilizar os drones para monitorar a biomassa do canavial, identificar plantas daninhas e ainda aplicar de forma localizada os defensivos necessários.
Para identificação de plantas daninhas, mais uma vez a plataforma FieldScan pode ajudar na tarefa, processando imagens de alta resolução e gerando arquivos de aplicação a serem inseridos direto no maquinário.
Para a aplicação de insumos, uma tarefa que tem se destacado é a utilização de drones de pulverização para aplicar herbicidas de forma localizada em plantas daninhas como a mucuna e a mamona, geralmente alguns meses antes da colheita quando não se é mais possível pulverizar com máquinas terrestres.
4. Mapas de colheita
Por último, mas não menos importante nessa lista de tecnologias aplicadas ao setor sucroenergético, estão os mapas de produtividade.
É possível inferir muitas coisas conhecendo a variabilidade da produtividade dentro do talhão, e muitos autores defendem que, sempre que possível, esse seja o ponto de partida para se fazer Agricultura de Precisão.
No ano de 2004, antes dos monitores de colheita terem se popularizado e numa realidade de que 75% da colheita da cana-de-açúcar no país era feita de modo manual, o professor da ESALQ/USP Molin – pioneiro da Agricultura de Precisão no Brasil – desenvolveu um procedimento para geração desses mapas de produtividade.
Basicamente era quantificado quantas garradas a carregadora mecânica, que retirava os colmos de cana previamente enleirados pelos cortadores ao longo do talhão, precisava dar para recolher a produção de cada ponto do talhão, assumindo que cada garrada tinha uma carga constante.
Hoje a realidade é outra. Segundo o professor Marcos Landell do IAC, a colheita mecanizada da cana-de-açúcar no estado de São Paulo – o maior estado produtor – é de quase 100%, o que facilita (e muito) a quantificação da produtividade.
Os monitores de colheita, hoje em dia embarcados nas colhedoras quando elas saem de fábrica, são compostos por sensores óticos capazes de diferenciar e quantificar o que é cana e o que é impureza e células de carga ou “balanças” que quantificam a produtividade em cada ponto do talhão.
Diversos indicadores são apontados para o piloto da colhedora durante a operação, como toneladas de cana colhidas até o momento, produtividade média, consumo de combustível, % de impureza etc. E o melhor, tudo isso pode ser feito em tempo real!
Além disso, depois que a colheita é finalizada, essas informações – que são georreferenciadas – podem ser baixadas para o computador e dar origem a mapas de colheita cada vez mais confiáveis.
Agora que você já entendeu como a tecnologia permite que a cana-de-açúcar tenha cada vez mais destaque no mundo todo, acesse nosso site e saiba mais sobre o FieldScan e todos os serviços oferecidos pela Sensix para o manejo da sua lavoura.
Referências:
BRITISH PETROLEUM. Statistical Review of World Energy. (2020).
CANA ONLINE. O setor precisa do plantio mecanizado de tolete de cana. A operação bem-feita apresenta resultado similar ao manual e com menor custo. (2019).
CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de cana-de-açúcar. Safra 2020/21. (2020).
JORNAL DA CANA. Setor sucroenergético representa 2% do PIB brasileiro afirma diretor do ITC. (2019).
MOLIN, J. P.; FONTANA, G.; GUIMARÃES, R. V.; CABRERA, F. R.; COSTA, M.B. Elaboração de mapas de produtividade de cana-de-açúcar em corte manual com queima prévia. (2004).
REVISTA CANAVIEIROS. Perdas por pisoteio do canavial acumuladas em cinco anos, correspondem a um ano-safra. (2017).
SHIPPINGWATCH. British Petroleum: the world will run out of oil in november 2067. (2014).
UNIÃO NACIONAL DA BIOENERGIA. A História da cana-de-açúcar: Da antiguidade aos dias atuais. (2003).
Pingback: História do agronegócio e seu desenvolvimento no Brasil - Sensix Blog
Pingback: Sistema MEIOSI e vantagens do sistema no cultivo de cana-de-açúcar - Sensix Blog
Pingback: Como o Pisoteio de Soqueira impacta na planta de cana-de-açúcar? - Sensix Blog