Café especial: dicas para agregar valor à produção

A produção de café especial representa uma excelente opção para que cafeicultores consigam agregar valor à produção. Mas, para isso, é essencial priorizar diversos cuidados, do plantio ao processamento.

O mercado agrícola atual é cada dia mais dinâmico e competitivo. Por isso, é cada vez mais exigido dos produtores a busca por soluções que permitam agregar valor aos seus produtos. Um claro exemplo disso é o mercado brasileiro de café especial.

Desde sempre, o café sempre fez parte da cultura brasileira, sendo consumido a todo momento. Mas, é cada vez maior a quantidade de pessoas dispostas a pagar mais por um café especial. Eles buscam uma experiência muito mais prazerosa e apenas esse tipo de café pode proporcionar.

Por essa razão, a busca de cafeicultores pela produção de grãos diferenciados e com maior valor agregado é crescente. Mas como agregar valor à produção cafeeira e obter um café especial que seja capaz de atender às expectativas do consumidor?

Veja algumas dicas para transformar uma lavoura tradicional de café em uma lavoura com grãos especiais, obtendo melhores preços com isso.

Café no Brasil: maior produtor e exportador do mundo

Há quase 300 anos o Brasil começou a trilhar o seu caminho para ser um dos maiores e melhores produtores de café no mundo. E já fazem alguns anos que o país mantém este posto com excelência.

Em 2021, por exemplo, a produção de café do Brasil foi de 46,87 milhões de sacas de 60 kg, que foram produzidas em uma área de 1,8 milhão de hectares, que seriam suficientes para cobrir 2 milhões de campos de futebol.

O café arábica foi responsável por 65,6% do total da produção brasileira, produzindo 30,73 milhões de sacas. Já a produção de café conilon apresentou aumento de 12,8% em relação ao ano passado, atingindo 16,15 milhões de sacas, ou 34,4% de todo café produzido.

Diante destes números, é fato que cafeicultores brasileiros se preocupam, safra após safra, com a qualidade do que produz e do que vende.

Além do mais, a cafeicultura brasileira também investe em pesquisas na área, com produtores cada dia mais qualificados e tecnificados, visando obter o melhor produto possível e conquistar novos títulos de melhor café do mundo. 

Café especial brasileiro: nicho a ser explorado

Com cores, sabores e aromas diferenciados, o mercado de cafés especiais tem conquistado cada vez mais adeptos no mundo todo. O Brasil, que costumava dedicar sua energia à venda do grão apenas como commodity, começa a mudar suas práticas.

Segundo estudo feito pela consultoria Euromonitor, o mercado brasileiro de café especial tem crescido de forma bastante acelerada, com crescimento médio de 15% ao ano, ritmo quatro vezes maior quando comparado aos cafés tradicionais.

Exatamente por isso, os cafeicultores entenderam que o mercado de cafés especiais representa um nicho que precisa ser melhor explorado. Os preços pagos são maiores e concordam com a qualidade final do produto.

Mas, para produzir um café especial de qualidade é importante seguir alguns padrões:

  • Ser 100% Arábica (este tipo produz menos grãos por área, mas é vendido a um preço mais alto);
  • Ter sua origem totalmente controlada;
  • Possuir um excelente controle de qualidade e armazenagem.

Mas para focar na produção de cafés especiais, cabe ao cafeicultor pensar a cafeicultura de uma forma bem mais especializada, afinal alterações são necessárias e englobam ações desde a lavoura até a certificação do produto.

Somente com essas ações muito bem realizadas que o cafeicultor conseguirá agregar valor ao produto e atingir mercados cada vez mais exigentes, diferenciados e que pagam mais pela qualidade.

Como produzir o melhor café especial e agregar valor ao produto?

Como vimos anteriormente, o mercado de cafés especiais está em franca ascensão em todo o mundo e o Brasil, pelas suas características de clima, solo e tecnologia, consegue, ano após ano, abocanhar uma boa parte deste mercado.

De acordo com dados apresentados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), se o país continuar nesse compasso, a expectativa é que ele alcance a posição de maior produtor de cafés especiais, ultrapassando a Colômbia.

Porém, para entrar no mercado de café especial, é necessário que o produtor tenha maiores cuidados em todas as fases de cultivo, da preparação do solo até a certificação do produto.

A seguir veja alguns pontos iniciais para produzir o melhor café especial possível:

  1. Plantio, escolha de variedades e manejo da lavoura

Consumidores de cafés especiais têm uma grande preocupação com as origens dos cafés que vão adquirir. Exatamente por isso, é importante priorizar a rastreabilidade da semente à xícara. 

Dessa forma, seja no plantio, seja na renovação da lavoura é de fundamental importância comprar mudas de viveiristas que sejam certificados e que sigam boas práticas na produção.

No caso das cultivares, já há opções que apresentam geneticamente um maior potencial de produzir cafés com qualidade superior. Uma das cultivares mais conhecidas por esse aspecto é o Bourbon Amarelo, no entanto, novas cultivares estão aliando também a resistência a doenças e boa produtividade, como a Arara e a MGS Paraíso 2.

Já o manejo pode ter características convencionais ou orgânicas. Independentemente disso, é importante seguir todas as boas práticas de manejo nutricional, de pragas e doenças, garantindo uma produção sustentável de café.

O regime de irrigação, controle de nutrientes e uso de defensivos, por exemplo, repercutem na florada e no nascimento dos frutos, e, portanto, devem ser considerados pelo cafeicultor.

  1. Colheita e pós-colheita de cafés especiais

Essa é, possivelmente, a etapa mais importante na produção de um café especial de excelente qualidade. Tanto a colheita quanto a pós-colheita exige o máximo de cuidados, com o produtor tendo que buscar padronização e uniformidade.

Entre os cuidados, é importante evitar a colheita de grãos verdes, selecionando só os grãos cereja. No caso de colheita mecanizada, é indicado manter os verdes abaixo de 20% e separá-los após a colheita.

Também há a recomendação de dividir os cafés recém-colhidos em lotes menores. Os lotes podem ser divididos de acordo com a variedade, expectativa de produção do talhão e também histórico da área. Essa medida facilita o controle de qualidade dos cafés e a obtenção de lotes mais homogêneos.

  1. Processamento

O processamento é mais uma etapa pós-colheita de grande importância. Logo após a colheita, inúmeras são as possibilidades de processamento na obtenção de cafés especiais. Por isso, tudo deve ser muito bem controlado e detalhado.  

A escolha do processo ideal para cada lote de café é crucial para alcançar o máximo potencial dos frutos. Há basicamente dois processos mais usados: 

  • Natural, o café passa apenas pelo lavador e será seco com a casca;
  • Cereja descascado (o famoso CD), depois de passar pelo lavador o café é conduzido até uma máquina que retira a casca do fruto deixando somente a semente.

Além desses dois processos, existe mais um processo conhecido como fermentação induzida. Este processo vem ganhando bastante destaque nos últimos anos. Esse processo acontece normalmente em ambientes vedados sem a presença de ar, porém ainda é arriscado.

Certificações de cafés especiais: garantia de uma produção de qualidade

De nada adianta produzir o melhor lote de cafés se você não consegue atingir os mercados mais exigentes. Exatamente por isso, as certificações de café são extremamente importantes, pois vão garantir e indicar ao consumidor uma produção de qualidade.

Dessa forma, o grande objetivo das certificações é: 

  • Transformar a indústria cafeeira nacional; 
  • Gerar credibilidade ao produto, transmitindo conhecimento para o público; 
  • Estimular o consumo do café de qualidade. 

Dessa forma, os excelentes resultados obtidos com os Selos de Certificação são uma demonstração clara de que exercer a autorregulamentação é vantajoso para todos os elos da cadeia. 

Para o consumidor, é importante pois viabiliza segurança alimentar. Para as marcas, a certificação atesta a qualidade e a seriedade do trabalho, ou seja, toda a cadeia sai ganhando.

Diante disso tudo, vemos que o mercado consumidor do café especial está aquecido, mas é altamente competitivo e está cada vez mais exigente. Por isso, produtores que almejam agregar valor com a produção de um café especial precisam conhecer as técnicas capazes de tornarem isso possível.

Referências

Portal do Agronegócio

Agência Sebrae

Barista Wave

Revista Cafeicultura

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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