Agricultura intensiva e extensiva: entenda os conceitos e sua relação com a produção e sustentabilidade agrícola

A história e o desenvolvimento da agricultura andam de mãos dadas com o desenvolvimento da humanidade, havendo fortes indícios de que ela surgiu há cerca de 12 mil anos. De suas origens modestas, com o plantio de sementes para consumo próprio, às constantes evoluções, com técnicas e recursos cada vez mais revolucionários, a atividade é essencial para a sustentação do modo que vida que conhecemos.

Uma das partes mais relevantes dessas mudanças ocasionadas por avanços tecnológicos está no advento de diferentes modalidades de produção agrícola, em particular as chamadas agricultura intensiva e agricultura extensiva – nosso foco de hoje! É por isso que convidamos você a entender os conceitos, suas principais características e os impactos que eles causam no meio ambiente.

O que é a agricultura intensiva?

Começando pela agricultura intensiva, a modalidade é marcada pela utilização de insumos e recursos tecnológicos avançados com o intuito de otimizar a produtividade e acelerar todo o processo, indo do plantio à colheita.

Nela, também é comum empregar maquinário de ponta em tarefas como irrigação, drenagem do solo e plantio em larga escala, assim como construir grandes estufas e recorrer à hidroponia (sistema de cultivo que não envolve a terra propriamente dita). Isso torna a mão de obra enxuta – afinal, há máquinas para todos os tipos de serviços na lavoura –, que agora passa a ser mais qualificada, tendo a função de operar e manter os equipamentos.

Outra característica da agricultura intensiva é a forte utilização de insumos, como fertilizantes químicos para correção do solo e defensivos de alto custo para eliminar pragas. E mais: ela envolve o cultivo de sementes transgênicas, o que garante mais controle sobre a produção.

Em função desses fatores, a agricultura intensiva é mais comumente adotada em países desenvolvidos ou em estágio avançado de desenvolvimento. Isso acontece porque as técnicas que ela envolve demandam altos investimentos em equipamentos, qualificação da mão de obra e insumos específicos, o que produtores em países subdesenvolvidos nem sempre têm à disposição. Mesmo quando há produção em regiões com menos recursos financeiros, ela costuma ser direcionada ao mercado externo, sendo vendida na forma de commodities.

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A agricultura intensiva é baseada no uso de equipamentos de ponta em todas as etapas do processo de produção agrícola. Imagem: Reprodução/Imagem de aleksandarlittlewolf no Freepik

E a agricultura extensiva?

Embora a agricultura extensiva tenha o mesmo objetivo que a intensiva – otimizar a produção –, ela se propõe a fazer tudo por meio de técnicas mais tradicionais e com menos insumos de origem química. Isso quer dizer que não há tanta utilização de maquinário de ponta, o que reduz a necessidade de altos investimentos em lavouras.

Na agricultura extensiva, é comum haver um grande número de trabalhadores realizando tarefas pouco (ou nada) mecanizadas, desde o plantio até a colheita. Como não há ênfase na aplicação de fertilizantes químicos, defensivos e semelhantes, os produtores dependem das condições naturais do solo e do clima – umidade, temperatura e assim por diante. E também não há aquela seleção específica de sementes: muitas vezes, os produtores utilizam partes de colheitas anteriores para criar novos ciclos.

Devido ao seu caráter mais “rudimentar”, a agricultura extensiva é mais voltada para mercados internos ou mesmo para a subsistência, sobretudo em países subdesenvolvidos. A produtividade está mais atrelada à área de plantio, que pode ser pequena ou grande, e às condições naturais – mas é claro que, quanto maior for o espaço, maior será a safra (e, por consequência, o lucro).

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A agricultura extensiva, por sua vez, se baseia em técnicas manuais e mais rudimentares. Imagem; Reprodução/Imagem de jcomp no Freepik

Benefícios e riscos de cada modalidade

Como tudo que envolve a agricultura, cada modalidade tem seus benefícios e riscos – que precisam ser levados em consideração quando se pensa em qual é a melhor a ser adotada.

No caso da agricultura intensiva, seus principais benefícios são a maior produtividade por área cultivada, a possibilidade de suprir necessidades alimentares em escala global, o cultivo de sementes modificadas em prol da saúde humana e a redução do tempo entre o plantio e a colheita, o que gera resultados mais frequentes.

Em termos de riscos, talvez o principal deles seja o forte impacto que a prática causa no meio ambiente: por utilizar insumos como fertilizantes químicos e defensivos, ela contribui com a degradação do solo, a poluição da água, a alteração de habitats naturais de diversas espécies animais e até com mudanças climáticas graves – tudo devido à emissão de combustíveis fósseis pelo maquinário utilizado na produção.

Quanto à agricultura extensiva, suas principais vantagens são na baixa dependência de insumos, o que reduz drasticamente os impactos no meio ambiente, bem como a preservação de ecossistemas e o estímulo a práticas como rotação de culturas.

Suas desvantagens são a incapacidade de suprir altas demandas por alimentos, a relação direta entre o espaço e a produtividade (se há pouca área para plantio, há poucos resultados) e a total dependência de condições climáticas naturais – que, quando são desfavoráveis, afetam diretamente o volume de produção.

Como escolher a modalidade ideal

Como você deve ter notado, as características específicas que listamos acima tornam a agricultura intensiva e a extensiva basicamente opostas.  Por isso, a escolha da modalidade ideal tem que passar por uma análise dos respectivos benefícios e riscos.

De modo geral, a área disponível para cultivo, o acesso a insumos e recursos financeiros e a demanda que se busca suprir são alguns dos fatores a se considerar. No entanto, é possível afirmar que a agricultura intensiva costuma ser mais danosa, uma vez que gera impactos em maior escala e de potencial irreversível para o meio ambiente.

Seja como for, é de responsabilidade de pequenos e grandes produtores tomar decisões que aliem seus objetivos financeiros ao bem do planeta. Afinal, não adianta produzir alimentos em larga escala e com equipamentos de ponta se a terra ao nosso redor paga o preço. Como sempre, as palavras-chave aqui são sustentabilidade e responsabilidade.

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