Com os avanços tecnológicos, a Agricultura de Precisão (AP) já pode ser considerada uma realidade em muitas fazendas brasileiras. No entanto, em muitas outras a AP ainda não foi implantada, com seus gestores achando que esse é investimento muito alto e que não vale a pena.
De fato, algumas tecnologias adotadas no campo não são nada baratas, mas o conceito de AP vai muito além, e ser caro não significa que não vale a pena. A Agricultura de Precisão considera que as lavouras não são uniformes, ou seja, em uma mesma área sempre haverá variabilidade, exigindo manejos específicos.
Mas você sabe quanto custa adotar a agricultura de precisão na sua propriedade? Adiantamos que a resposta não é nada fácil. Mas antes disso, é preciso analisar se vale a pena adotar a AP, e se o capital disponível atende às necessidades da tecnologia escolhida.
Baseado nisso, te convidamos a ver se realmente vale a pena investir em Agricultura de Precisão, além de ajudá-lo a identificar os custos envolvidos das muitas tecnologias de AP que rapidamente crescem em propriedades agrícolas brasileiras.
O que é a Agricultura de Precisão?
Muitas são as definições para explicar o que é a agricultura de precisão. Mas de uma forma mais ampla, a AP pode ser definida como sendo um manejo diferenciado das lavouras, que entende as necessidades presentes em cada parte do talhão e busca explorá-las e estudá-las de forma única e exclusiva, sempre com o objetivo de se obter maiores retornos econômicos e sustentáveis.
A agricultura de precisão reconhece que nem toda a área de produção é uniforme, isto é, alguns locais apresentam variações quanto ao tipo de solo, fertilidade, presença de pragas/daninhas e outros fatores.
Dessa forma, cabe ao sistema permitir um controle melhor, mais assertivo e mais eficaz da produção agrícola. Isso ocorre porque as informações do campo são coletadas por sensores, imagens de satélite, imagens de drones, máquinas e amostras de solo e tecido vegetal, e que quando analisadas por softwares dedicados, permitem decisões automatizadas e proporcionais, sempre visando uma maior produtividade e qualidade da produção. Em outras palavras, aplicar os insumos e outros recursos na quantidade certa, no local certo e na hora certa!
Diante desse maior aporte tecnológico, a agricultura de precisão pode ser aplicada em diferentes fases do processo produtivo, tais como a aplicação de fertilizantes, plantio, pulverização e colheita.
A Agricultura de Precisão de popularizou no Brasil no início dos anos 2000, trazendo como principal foco a coleta de amostras de solo georreferenciadas para análises químicas e físicas, direcionando de forma otimizada um dos principais custos da produção agrícola: corretivos e fertilizantes. Mas a AP é muito mais do que coleta de solo, ela está presente em todo e qualquer dado que pode ser utilizado para tomar decisões mais assertivas quanto ao manejo da lavoura.
Benefícios da agricultura de precisão
Para saber o quanto investir em agricultura de precisão, você deve considerar o investimento necessário para adquirir determinado equipamento ou solução, e principalmente, qual o retorno de investimento que se pode esperar.
Dentre as diversas tecnologias disponíveis para implantação, o produtor deve se atentar à quatro fatores principais:
- Potencial de otimização de custos com insumos;
- Potencial de aumento de produtividade;
- Facilidade de implantação e operação;
- Necessidade de investimentos em máquinas e equipamentos (principal barreira de entrada).
Com isso em mente, podemos citar algumas das tecnologias/técnicas de agricultura de precisão mais utilizadas no Brasil hoje, e que recomendo como as primeiras a serem adotadas:
- Amostragem de solo georreferenciada (otimização de custos e aumento de produção com aplicação de fertilizantes, corretivos e sementes em taxa variável);
- Piloto Automático (melhora plantabilidade e tratos culturais – necessidade de investir em máquinas);
- Imagens de Satélite (fácil de implantar e operar com custos muito baixos);
- Mapas de Produtividade (necessidade de equipamentos e plataformas específicas);
- Estações metereológicas (monitoramento de microclima para decisão de janela de operações).
Se você já implantou as tecnologias acima, então já é possível evoluir para outras tecnologias de AP como:
- Software de monitoramento de pragas e doenças (determinar melhor janela de aplicação de defensivos)
- Telemetria de máquinas em tempo real (monitoramento de custos com combustível, qualidade de operação etc);
- Imagens de drones (redução de custos com herbicidas, monitoramento de estande, tratos culturais em taxa variável etc)
- Sensores de solo (monitoramento de umidade, salinidade etc);
- Armadilhas de pragas automatizadas (determinar melhor janela de aplicação de defensivos);
- Desligamento de pulverização bico a bico e linha de plantio linha a linha.
- Robótica e outros.
Nós fizemos um artigo que pode te ajudar a entender melhor cada uma das tecnologias e técnicas acima. Leia em Agricultura de precisão: Guia para produtores iniciantes.
Quanto você deve investir?
Quando falamos de agricultura de precisão, determinar quanto investir é sempre algo muito complexo, pois existem diferentes realidade em diferentes fazendas e níveis de gestão. Talvez a pergunta mais correta que o produtor se deve fazer é: Quanto vale uma decisão assertiva?
Antes de mais nada, é preciso ver a produção agrícola como um negócio, que visa como foco principal ser rentável. E quando falamos em rentabilidade, estamos estabelecendo basicamente uma relação de custo versus produtividade, levando em conta riscos corridos e longevidade da operação.
O retorno de investimento de qualquer tecnologia de AP é rápido e evidente, desde que seja estabelecido desde o começo formas de mensurar e validar o payback da operação/tecnologia. De nada adianta, por exemplo, comprar um drone de alta performance para coletar imagens, se não possui uma plataforma de processamento desses dados para geração de prescrições, assim como um mapa de fertilidade de solo não será eficaz se não houver uma malha de pontos suficientemente densa para “desenhar” a variabilidade.
Meu primeiro conselho para o produtor ao buscar implantar essas tecnologias é: busque uma consultoria especializada (existem centenas no Brasil, você deve ter uma na sua região) e encontre ferramentas fáceis de implantar e usar, com uma equipe de suporte próxima.
Meu segundo conselho é: comece pelo “ajuste grosso”. Algumas tecnologias possuem uma influência muito forte na otimização de custos e aumento de produtividade, como a amostragem de solo georreferenciada e piloto automático, o que por muitas vezes já possuem retorno para pagar outras tecnologias que exigem mais esforço de implantação.
Quanto aos custos para investir, vamos usar aquela velha máxima da agronomia: depende!
Uma consultoria de agricultura de precisão varia entre R$35 e R$60 por hectare para coletar amostras, gerar os mapas e as recomendações de adubos e corretivos em taxa variável. Além da consultoria, recomendo também uma plataforma que consolida e processa os dados de fertilidade para interação destes com outras camadas agronômicas importantes. Nesse caso, recomendo dar uma olhada no FieldScan, plataforma da Sensix.
O piloto automático depende da marca, mas boa parte dos maquinários possuem essa opção de fábrica, se você não usa, tenta ver com o revendedor mais próximo quanto custa o upgrade. O mesmo se aplica ao monitor de produtividade, é necessário ter o equipamento instalado na colhedora, mas seja caprichoso na limpeza constante dos sensores e calibração da máquina.
Para imagens de satélite, existem diversas plataformas online que geram dados muito relevantes sobre o histórico e a variabilidade de biomassa/vigor da lavoura, capazes de gerar prescrições otimizadas de insumos em poucos clique. Nesse caso recomendo novamente dar uma olhada no FieldScan. Sobre custos, essa talvez seja a mais barata e fácil de implantar, normalmente girando por volta de R$4/ha.
Os drones, por exemplo, podem ser mais simples (e mais baratos) ou muito sofisticados (e muito mais caros). Um drone multirotor, por exemplo, pode custar de R$5.000,00 até R$15.000,00. Já drones de asa fixa podem chegar a até R$200.000,00, com alta tecnologia embarcada, sendo muitas vezes inviáveis para pequenas propriedades. Aqui a regra é entender quais os retornos esperados com a tecnologia e o quão prática será a operação da ferramenta no dia-a-dia da fazenda. Drones fazem muito sentido em muitas aplicações, mas em boa parte dela o drone de R$10 mil já entrega o dado necessário.
Via de regra, todas as tecnologias e técnicas citadas aqui possuem uma capacidade enorme de trazer resultados para o produtor, algumas com um payback mais curto, outras exigem mais tempo para implantação e consolidação dentro da fazenda.
Outros fatores também devem ser levados em consideração, como a disponibilidade de conectividade na fazenda, o pátio de máquinas, o tamanho da fazenda e o valor agregado das culturas que estão sendo plantadas na propriedade. Com tantas opções e de ferramentas e consultorias no mercado, certamente existirá um fit perfeito para a sua propriedade.
Conclusões
Um bom planejamento, baseado na implantação da agricultura de precisão, vem sendo cada dia mais indispensável para reduzir os custos e explorar o máximo potencial de lavouras.
Porém, os custos das diversas tecnologias de AP são bastante variados e adequados a cada necessidade. Para isso, cabe ao agricultor escolher as técnicas e tecnologias associadas à AP que melhor se enquadrem às necessidades de seu sistema de produção.
Continue acompanhando o nosso blog, sempre trazemos informações pertinentes sobre esse tema. Aproveita e comenta aí embaixo o que achou desse artigo.
Referências
https://rehagro.com.br/blog/custos-e-beneficios-da-agricultura-de-precisao/
https://santahelenasementes.com.br/santadica/manejo-de-solo/agricultura-de-precisao/
https://www.siagri.com.br/blog/agricultura-de-precisao-o-que-e/
https://agropos.com.br/agricultura-de-precisao-vantagens-e-desafios/
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