No agronegócio, a rastreabilidade de alimentos é o acompanhamento dos alimentos desde o campo até a casa dos consumidores finais. Por fazer parte das práticas de ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa, em tradução), a rastreabilidade é uma forma de promover transparência nos negócios, como também a origem dos alimentos.
Além disso, atualmente, os consumidores estão mais conscientes dos produtos que estão consumindo. Um comportamento novo e frequente de mercado é consumir apenas produtos de marca com propostas sustentáveis. Ou seja, a rastreabilidade de alimentos é essencial para esse tipo de cliente, pois esse processo traz uma maior transparência sobre a origem e o tipo de alimento que ele leva para casa.
Aqui no Brasil, é lei a implantação da rastreabilidade de acordo com a Instrução Normativa Conjunta (INC) nº 2/2018 e a Lei nº 12.097/2009, ambas do Governo Federal. Ou seja, implantar esses processos é necessário e demanda o cumprimento de documentos obrigatórios e também o uso de tecnologias, para otimizar e automatizar todo o rastreamento.
Pensando nisso, abaixo vamos te explicar o que é a rastreabilidade de alimentos, quais os benefícios, como implantar na sua lavoura e outras dicas essenciais para os produtores e consumidores brasileiros.
Boa leitura!
O que é a rastreabilidade de alimentos?
Em resumo, a rastreabilidade na agricultura são ações que visam organizar os processos da cadeia produtiva, desde a fazenda até o consumo. Ou seja, essas ações servem tanto para a agricultura como para a pecuária.
Nesse sentido, no caso da agricultura, o produtor deve fazer o registro de informações pessoais, da fazenda, da cultura, do transporte, do armazenamento e da distribuição do alimento, para assim, ser feita a cadeia produtiva até chegar no comércio e na casa dos consumidores.
Assim, é possível mapear e controlar a qualidade do alimento, o uso de defensivos agrícolas e a gestão de resíduos, o estoque e até mesmo gerar insights para melhorias.
Portanto, a rastreabilidade de alimentos é a prática de vistoriar todos os estágios da cadeia de produção, gerando códigos de rastreio para acompanhar as medidas tomadas desde as plantações até o consumo.
Vale lembrar também que a rastreabilidade é uma maneira de garantir a qualidade alimentar.
Como funciona a rastreabilidade de alimentos?
A rastreabilidade de alimentos varia de acordo com a cadeia produtiva e também depende da tecnologia e dos processos utilizados para o rastreamento. Porém, em tese, há a etapa de documentação e a etapa de registro.
Ou seja, além de ter em mãos todas as documentações da plantação, os produtores devem ter um sistema de registro por meio de etiquetas com códigos, chips, código de barras ou QR Codes, por exemplo.
Assim, é possível utilizar sistemas tecnológicos de rastreabilidade, para acompanhar e consolidar os dados. Essas informações são importantes pois ajudam a entender a origem do alimento e também mapear e controlar problemas de qualidade e recall.
O que a legislação brasileira diz?
Como falamos acima, aqui no Brasil regem duas legislações sobre a rastreabilidade de alimentos, a INC 02/2018 e a Lei nº 12.097/2009. Sendo a Instrução Normativa Conjunta elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aprovada e em vigor desde fevereiro de 2018.
Portanto, adequação de todas as culturas (frutas, raízes, tubérculos e bulbos; hortaliças folhosas e ervas aromáticas; e hortaliças não folhosas) já foram feitas, agora as novas plantações e comércios, devem se atentar a norma.
Pois, a INC 02/2018 estabelece várias etapas obrigatórias de rastreabilidade, como: produção primária; armazenagem; consolidação de lotes; embalagem; transporte; distribuição; fornecimento; comercialização e exportação e a importação.
Desse modo, o objetivo da regulamentação é mapear e melhorar a qualidade dos processos e da gestão agrícola. Para isso, algumas exigências são necessárias, como:
- Manter registros dos insumos agrícolas utilizados no processo de produção e de tratamento fitossanitário dos produtos vegetais frescos (caderno de campo), com data de sua utilização;
- Recomendação técnica ou receituário agronômico emitido por profissional competente;
- Identificação do lote ou lote consolidado correspondente;
- Informações do comprador (Nota Fiscal de Venda dos produtos);
- Informações do produto vegetal, como nome do produto, variedade, quantidade do produto recebido, identificação do lote, data do recebimento do P.V.;
- Informações do Fornecedor (anterior) ou comprador (posterior): Nome ou Razão Social; CPF, I.E ou CNPJ ou CGC/MAPA; Endereço completo ou, quando localizado em zona rural, coordenada geográfica ou CCIR.
Lembrando que, os registros devem ser mantidos por até 18 meses após o tempo de validade ou de expedição dos produtos vegetais frescos. E, os órgãos fiscalizadores em todo o Brasil são a Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Benefícios da rastreabilidade de alimentos
Além do rastreamento e controle de qualidade, a rastreabilidade dos alimentos traz várias vantagens para os produtores e consumidores. Abaixo separamos os principais:
- Transparência: dá para saber de onde o alimento veio, quais produtos foram utilizados para a produção, como ele foi armazenado e para qual região ele foi entregue.
- Segurança: caso algum lote esteja estragado ou precise ser retirado de veiculação com urgência, o controle do rastreamento é ágil nessas situações.
- Conexão com o consumidor: além de criar um vínculo de confiança, a rastreabilidade de alimentos gera uma conexão com os consumidores, pois essa troca de informações gera fidelização e encantamento.
Como fazer a rastreabilidade de alimentos?
Como a rastreabilidade é composta por etapas, fazer esse processo não é muito simples, até porque deve-se seguir as normas obrigatórias. Dessa forma, o mais indicado é contar com a ajuda de uma ferramenta tecnológica para armazenar e organizar as informações.
Nesse sentido, é necessário seguir as seguintes etapas:
- Matéria-prima: guarde o histórico de toda a produção para todos os tipos de alimentos produzidos. Dessa forma, a ferramenta deve catalogar cada matéria-prima de acordo com a data do recebimento, quantidade, origem e lote.
- Produção: faça o registro de todos os processos de produção, como o dia da semeadura, quais insumos foram utilizados, quando aconteceu a colheita e se teve algum imprevisto com pragas e doenças, por exemplo.
- Destino: Registre no sistema o destino dos alimentos, incluindo a quantidade, número de lotes e informações gerais da empresa que adquiriu os produtos.
- Acompanhamento: acompanhe o transporte dos alimentos através do monitoramento tecnológico e guarde as informações de chegada e possíveis imprevistos.
Como a tecnologia é uma grande aliada na rastreabilidade de alimentos?
Como falamos acima, a tecnologia é fundamental no processo de rastreabilidade dos alimentos. Imagine só, rastrear inúmeros lotes por todo o Brasil só com a memória, não dá!
Nesse sentido, além de ferramentas tecnológicas de mensuração, armazenamento, rastreio e mapeando tem sido usada tecnologias como a Internet das Coisas (IoT) e também a venda por criptomoedas, como o blockchain.
Ou seja, a tecnologia é indispensável nesse tipo de processo, não só na automação e otimização de tarefas, mas também por ajudar a melhorar a qualidade dos alimentos e trazer as práticas sustentáveis com maior escala para os campos.
Nesse sentido, por meio das tecnologias é possível:
- Registrar e controlar informações sobre plantio, colheita e defensivos usados;
- Listar as características nutricionais de um alimento;
- Registrar a procedência e o trajeto percorrido;
- Fiscalizar entregas, entradas e saídas dos produtos de um estoque ou loja;
- Automatizar vendas e checkouts;
- Reconhecer certificações e selos de qualidade.
Portanto, fazer a rastreabilidade dos alimentos da sua empresa, é algo obrigatório, porém o valor agregado ao consumidor, ao meio ambiente e também para a sua produção vale todo o investimento no processo.
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