O agronegócio sempre foi uma das principais atividades do povo brasileiro, seja em caráter de subsistência ou como pilar econômico. O domínio da agricultura, da pecuária e da extração de outros recursos naturais se arraigou na cultura econômica do país, se tornando uma das principais referências deste perante o mundo. Então, falar da evolução do agronegócio é também falar da história do agronegócio brasileiro.
Evolução histórica
Desde que foi descoberto, o Brasil foi reconhecido por sua diversidade de fauna, flora, qualidade de suas árvores para a produção madeireira, recursos hídricos e solo fértil que, combinado com o clima múltiplo, permite plantar todo tipo de espécie. Antes mesmo de ser nomeado, o país já fornecia pau-brasil para a produção europeia, derivando daí o nome oficial a que foi batizado posteriormente. Esta foi, pois, a primeira atividade econômica do Brasil.
A expansão e o desenvolvimento do país foram intrinsecamente ligados aos ciclos agroindustriais aqui explorados. Com a extinção do pau-brasil, a lavoura canavieira ganhou espaço e grau de importância na economia brasileira. As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram ao Brasil pelos portugueses no início do século XVI e se desenvolveram na região do Nordeste, sendo responsável pelo desenvolvimento desta região, que na época levou o país ao patamar de melhor criador e exportador de açúcar, se estendendo até o século XVII.
Atualmente, os canaviais se concentram no interior de São Paulo e, diferente do que já fora um dia, o açúcar não é mais o principal produto comercializável oriundo da cana, pois o álcool, especialmente o etanol, é o que mais se destaca economicamente. Ademais, a cana-de-açúcar é utilizada em seu estado natural como pasto consumido pelo gado ou como ingrediente em alimentos como a rapadura, o melado, a aguardente, entre outros.
A partir de 1877 deu-se início ao período conhecido como Ciclo da Borracha no Brasil, tendo como marco o contrabando de mais de 70 mil sementes de seringueiras do Pará para a Inglaterra, em um escandaloso caso de biopirataria. A produção de borracha se concentrou na região Amazônica, tornando Manaus mundialmente conhecida e desenvolvendo a região Norte do país.
Esta fase influenciou também na negociação com a Bolívia para aquisição do Estado do Acre, mediante o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, da entrega de territórios do Mato Grosso e da construção de uma ferrovia para escoar os produtos da Amazônia. A ferrovia em questão é a estrada de ferro Madeira-Mamoré, que também impactou diretamente a povoação e desenvolvimento da região Norte. Em que pese a produção de borracha ser referenciada com o norte do país, hoje o Estado de São Paulo é o maior produtor brasileiro de borracha natural.
Após o Ciclo da Borracha, se iniciou o Ciclo do Café, no início do século XX. A produção cafeeira se concentrou na região do Vale do Paraíba e impulsionou a economia brasileira em um momento em que o grão estava em alta cotação na Europa. O cultivo deste se expandiu para o interior do Paraná e de São Paulo.
O Brasil tinha vantagem em possuir maior parte da oferta do produto para o mundo todo, controlando os preços e decidindo de que forma iria atuar na economia internacional. Porém, o crescimento da economia brasileira dependia de maneira fundamental do aumento populacional dos países consumidores, em sua maioria europeus, de modo que a oferta do café começa a se tornar muito superior do que a demanda.
Assim começou o declínio do Ciclo do Café, que também foi influenciado diretamente pela crise de 1929 nos Estados Unidos. Mas, apesar das crises que já sofreu, o café é até hoje excelente produto de exportação e foi responsável pela expansão da região Sudeste.
Nos anos 70 a agricultura começou a se voltar para o cultivo dos grãos, dos quais se destaca a soja, que se tornou “a menina dos olhos” como a principal commodity brasileira de exportação, segundo dados do RENAI em 2007. Além de diversificar o portfólio do agronegócio brasileiro, houve uma expansão do plantio de grãos para o Centro-Oeste do país, que, juntamente com a pecuária, impactou no desenvolvimento econômico da região.
Com a modernização do campo e a evolução tecnológica foi possível expandir a agricultura para áreas antes consideradas inóspitas, como, por exemplo, o cerrado brasileiro, localizado no Centro-Oeste. Esse foi um grande passo para o agronegócio, uma vez que aumentou a oferta de produtos a serem cultivados e comercializados internacionalmente, e levou o Brasil a ser considerado como “aquele que dominou a agricultura tropical”.
A modernização do campo
A evolução tecnológica é um ponto muito importante no que diz respeito à revolução do agronegócio no Brasil, pois foi responsável por alavancar exponencialmente as possibilidades de negócios no setor. O investimento em pesquisas e a expansão da indústria de máquinas e implementos resultaram em um grande desenvolvimento científico-tecnológico, contribuindo para transformar o Brasil em uma das mais respeitáveis plataformas mundiais do agronegócio.
Como já dito, a tecnologia possibilitou a expansão da agricultura para áreas consideradas inóspitas para a atividade, mas esta não foi a única interferência que a ciência teve no campo. Além de propiciar um controle maior sobre o solo e clima para o cultivo de determinada espécie, a tecnologia no campo surge também para gerar mais praticidade e facilidade na hora de executar certos tipos de tarefas, bem como acelerar a criação de novos processos de produção, gestão e aumentam a competição do setor. O uso de plataformas como o FieldScan auxiliam na tomada de decisão do produtor, aumentando a produtividade e reduzindo seus custos.
Os robôs são um dos principais personagens que vem à mente quando se fala em modernização agrícola, visto que ajudam com a mão de obra eficiente, automações e aumento da produtividade, além de estar conectada a outras formas digitais, como o uso de drones para captação de comandos via satélite, sensores terrestres e centros de dados das fazendas. Esse recurso é utilizado, por exemplo, para pulverizadores automatizados e tratores com capacidade de aplicar sementes, pesticidas, água e nutrientes de forma específica e controlada.
A tecnologia também impacta a gestão das lavouras. Com o avanço dos softwares voltados para isso, é possível controlar a cadeia de produção e entender o desempenho das atividades sob um aspecto geral, de modo que, com os dados corretos e o conhecimento adequado, é possível perceber qual área precisa de ajustes e investir recursos de forma eficiente, levando a uma maior economia a longo prazo.
Ademais, o conhecimento científico viabiliza o aperfeiçoamento dos recursos sustentáveis. Um exemplo disso é a energia renovável. O agronegócio é um dos poucos setores econômicos do país que possui a capacidade de gerar energia limpa, e os benefícios disso para o campo não se limitam aos resultados financeiros: há uma redução dos custos de produção, melhoria da qualidade da energia e a possibilidade de destinar corretamente os resíduos da manufatura agropecuária, entre outros.
Todo esse progresso permite que o agronegócio se ramifique cada vez mais e possibilite novas atividades a serem aperfeiçoadas, o que já vem ocorrendo com o aumento do número de startups criadas com o objetivo de desenvolver as técnicas científicas no campo, como é o caso da Sensix.
E pensar que tudo começou com umas mudas de cana-de açúcar trazidas pelos portugueses, hein?! A trajetória do agronegócio deve ser motivo de orgulho aos brasileiros! Se hoje o Brasil está consolidado e é respeitado nesse setor, tudo se deve ao trabalho incansável do seu povo, desde o cultivo canavieiro – com os trabalhos braçais – até o mais tecnológico recurso desenvolvido hoje; e que tende a prosperar cada vez mais.
Referências:
Deixe um comentário