Considerada a principal cultura cultivada no Brasil, a produção de soja tem protagonismo na agricultura brasileira. Na safra 2020/21 sua produção pode chegar a 135 milhões de toneladas colhidas (CONAB). Porém, a preocupação com doenças da soja é sempre presente entre os sojicultores.
As doenças da soja estão entre os fatores que mais reduzem a produtividade da cultura (cerca de 15 a 20% das reduções por safra), consequentemente o tratamento acaba aumentando também os custos de produção da cultura.
Na agricultura brasileira, várias são as doenças da soja já identificadas, sendo causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus. No entanto, a importância econômica de cada doença costuma variar a cada ano e de região para região, com as condições ambientais de cada safra influenciando no nível de infestação.
Te convidamos a conhecer as doenças que mais impactam na produtividade da soja, assim como as novas medidas que ajudam a prevenir e controlar a disseminação destes agentes causadores de doenças na soja.
Principais doenças que causam problemas em lavouras de soja
Quando falamos em doenças na soja logo nos lembramos da ferrugem asiática. Mas, será que a preocupação do sojicultor deve se restringir a ela? A resposta é não, já que outras doenças também merecem total atenção.
Veja a seguir quais são as principais doenças da soja que merecem total atenção de produtores:
1. Mancha-parda da folha (septoriose)
Essa é uma doença fúngica amplamente disseminada em culturas de soja em todo o país, com potencial de causar redução de rendimento de até 30% da cultura. Essa doença geralmente ocorre em associação com a incidência do crestamento foliar de cercospora, representando um complexo de doenças de final de ciclo.
O fungo causador dessa doença sobrevive em restos de cultura e em sementes infectadas, com a doença se desenvolvendo em temperaturas de 15 a 30°C, necessitando também de um período de molhamento de 6 horas. Quando há infecções severas, a mancha-parda pode causar desfolha e maturação precoce da soja.
2. Crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii)
Essa é também uma doença fúngica com disseminação por todas as regiões produtoras de soja no Brasil. Porém, ataques mais severos são observados em regiões mais quentes e chuvosas, já que temperaturas entre 23 a 27°C e alta umidade são ideais para seu desenvolvimento. As perdas de produtividade podem chegar a até 20%.
O Cercospora kikuchii tem por característica atacar todas as partes da planta. Nas folhas aparecem pontuações escuras, castanho-avermelhadas, com bordas difusas, as quais coalescem e formam grandes manchas escuras que resultam em severo crestamento e desfolha prematura.
3. Antracnose (Colletotrichum truncatum)
A antracnose é um dos principais problemas dos cerrados, devido à elevada precipitação e às altas temperaturas da região. Os problemas se tornam ainda mais severos em locais com solo de baixa fertilidade (sobretudo deficientes em potássio) e com alta população de plantas.
Como consequência da alta infestação, a antracnose é responsável pela morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas em folhas, hastes e vagens. Em anos chuvosos observa-se redução do número de vagens, com perdas significativas na produção.
4. Mancha-alvo (Corynespora cassicola)
Essa é também uma doença fúngica encontrada em todas as regiões produtoras de soja do país. Em cultivares mais suscetíveis, às perdas na produção podem chegar a 35%.
O Corynespora cassicola tem por característica atacar folhas, caule, vagens, sementes, hipocótilos e também as raízes, sendo a causadora da chamada Podridão Radicular de Corynespora.
Além disso, a alta umidade relativa do ar propicia a infecção nas folhas, sendo essa doença responsável por uma intensa desfolha. Já a infecção das raízes ocorre quando a temperatura do solo fica entre 15 a 18°C, causando a podridão radicular.
5. Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum)
O fungo causador do mofo-branco possui a capacidade de infectar qualquer parte da planta, no entanto as infecções são mais frequentes a partir das inflorescências, sendo esse o período mais vulnerável, que ocorre durante as fases de floração plena (R2) até o início da formação das vagens (R3/R4).
O desenvolvimento dessa doença é favorecido por meio da umidade relativa do ar mais alta e temperaturas mais amenas.
6. Oídio (Microsphaera diffusa)
O oídio é uma das doenças de maior recorrência na cultura da soja, com sua maior frequência ocorrendo em regiões mais altas, cujas temperaturas são naturalmente mais amenas (18 a 24°C) e umidade relativa do ar é mais baixa.
A Microsphaera diffusa pode atacar toda a parte aérea da planta, podendo em epidemias severas causar seca e queda prematura das folhas.
7. Ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi)
A Ferrugem asiática é, sem dúvidas, a doença de maior severidade na cultura da soja, com potencial de causar perdas na produtividade que podem passar de 80%.
As principais variáveis climáticas que determinam a ocorrência de ferrugem asiática da soja são o período de molhamento foliar, a temperatura média durante o período úmido e umidade relativa. Estas variáveis influenciam o progresso da doença por afetar diretamente o processo de infecção do fungo.
Os sintomas da ferrugem asiática podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, com os primeiros sinais sendo caracterizados por minúsculos pontos mais escuros no tecido da folha, com correspondente protuberância (urédia), na parte inferior da folha.
Estratégias de controle das principais doenças da soja
Para um correto controle das principais doenças da soja, o tratamento químico (fungicidas) é sempre uma opção recomendada para sojicultores, desde que as recomendações da bula sejam seguidas e a rotação de princípios ativos seja respeitada.
Entretanto, o surgimento de casos de resistência de algumas doenças, principalmente a ferrugem-asiática, aos fungicidas mais tradicionais começa a preocupar muitos produtores, exigindo a alteração de suas estratégias de controle.
Dessa forma, a estratégia química deve sempre ser utilizada em conjunto com outros manejos de importância, tais como:
- Eliminação de plantas de soja voluntárias;
- Respeito do vazio sanitário, não realizando o cultivo de soja durante a entressafra da cultura;
- Utilização de cultivares de ciclo mais precoce;
- Realização do monitoramento da lavoura de forma constante com correta identificação da possível doença que acomete a lavoura;
- Adoção de rotações de culturas;
- Respeito ao intervalo entre as aplicações de defensivos agrícolas;
- Utilização de tecnologias de aplicação que sejam mais eficientes e protejam a planta de forma completa e contínua.
Dessa forma, para melhor controle e manejo dessas doenças, os sojicultores podem tomar como exemplo a ferrugem asiática. Aprendemos que a ferrugem é imprevisível e que deve sempre ser tratada como a doença de maior agressividade no cultivo da soja.
Por isso, a adoção do manejo integrado de doenças é uma recomendação cada dia mais recorrente no ambiente de cultivo, como veremos a seguir.
Manejo integrado de doenças da soja
Para um controle mais efetivo das doenças na cultura da soja, como também de outras culturas, o ideal é utilizar todas as formas possíveis de controle, sempre com base no manejo integrado de doenças.
Nesta estratégia é extremamente importante acompanhar as lavouras desde a semeadura até a colheita, com monitoramento constante e uso dos métodos de controle indicados a cada etapa da cultura.
O manejo integrado de doenças (MID), que contempla os métodos genético, legislativo, cultural, físico, biológico e químico consiste em obter a máxima expressão do potencial genético da cultivar, aliando alta produtividade e boa qualidade da soja colhida, sem que ela seja acometida por doenças.
Vale ressaltar também que no MID a cultura da soja é “construída”, desde a escolha da área e época de semeadura, até os manejos associados à colheita. Engloba também os seguintes manejos:
- Plantio direto (prática sustentável);
- Correção do solo e uma adubação equilibrada;
- Adoção de uma cultivar com resistência genética a patógenos;
- Boa qualidade fisiológica e sanitária das sementes, inclusive com o tratamento destas;
- Controle biológico e controle químico.
O cenário hoje é mais complexo: a ferrugem é ainda uma grande vilã, mas outras doenças têm elevado sua contribuição para redução de produtividade em todo país. Por isso, a escolha dos fungicidas é fundamental, assim como a adoção de estratégias específicas de manejo, sempre de forma integrada.
Assim, o contexto agronômico atual exige uma forma diferente para controlar as doenças da soja e garantir elevados patamares de produtividade. Por isso, é imprescindível que o manejo seja consciente, mesmo que a complexidade deles ainda seja grande.
Conclusões
Muitas são as doenças que podem comprometer a produtividade da soja e trazer prejuízos aos sojicultores. Estas exigem monitoramento e controle diários, da semeadura até a colheita, com o uso dos melhores fungicidas para manejo.
Por isso é extremamente importante que o sojicultor trate cada doença com o devido cuidado que a lavoura de soja carece. Assim, o uso de modernas estratégias de manejo são também grandes aliadas do produtor.
O manejo integrado de doenças, por exemplo, representa um conjunto de medidas que resultam em excelentes resultados para a manutenção da produtividade da soja em todo o território nacional.
Artigo muito bom e direto!
Recomendo não só para estudantes, como para profissionais da área!
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