Confira tudo que você precisa saber sobre reguladores de crescimento do algodão para garantir um bom manejo.
O que são reguladores de crescimento?
Reguladores de crescimento ou fitorreguladores são todas e quaisquer substâncias sintetizadas de maneira natural ou artificial que impactam e influenciam diretamente no crescimento vegetativo das plantas.
É comum confundir o termo de reguladores de crescimento com hormônios vegetais por desempenharem papéis semelhantes. Porém, os hormônios vegetais sempre são produzidos exclusivamente pelas plantas com a finalidade de regular processos fisiológicos, sendo os principais: Auxinas, Citocininas, Giberelinas, Ácido abscísico e Etileno.
Por que usar reguladores de crescimento no algodão?
Como o próprio nome já sugere, o uso de reguladores de crescimento, principalmente no algodoeiro, se torna quase que indispensável devido ao seu fator de crescimento desuniforme e inversamente proporcional ao seu desenvolvimento, em outras palavras, o algodoeiro cresce de tal maneira que acaba saindo de um certo padrão que permitiria um controle do seu porte. Tal característica deve – se ao fato de sua fisiologia somada a outros fatores de condições de crescimento favoráveis, tais como elevados teores de fertilizantes nitrogenados, condições climáticas, temperaturas e fotoperíodos ideais, etc.
Consequentemente, este crescimento desenfreado e irregular acaba implicando em necessidades de manejo que variam de acordo com o tipo da planta, ex: um algodoeiro de maior porte exige mais água e nutrientes para se desenvolver bem, logo acaba sendo difícil realizar o manejo em uma lavoura com uma população de plantas muito extensa e desuniforme.
Outro benefício é redução de impurezas nas plumas, uma vez que tem menos folhas e galhos, ocasionando o porte ideal de colheita para minimizar perdas e redução de abortamento de maçãs por sombreamento, além da planta gastar menos energia vegetando e mais reproduzindo, o que implica em mais produtividade.
Isso faz com que o uso dos reguladores de crescimento no algodão seja crucial, pois retardando ou inibindo o crescimento vegetativo, eles acabam fazendo com que a cultura corresponda o mais próximo possível da quantidade de dias do seu ciclo desejado. Isso é muito importante pois, dependendo da época de plantio o algodoeiro recebe a quantidade de luz, água e nutrientes de maneira mais adequada para seu desenvolvimento, proporcionando assim uma produção de fibras com mais quantidade e qualidade.
Como funcionam os reguladores no algodoeiro?
Como dito antes, além de facilitar o manejo da lavoura e o controle fitossanitário, a utilização dos reguladores de crescimento também garante uma colheita mais fácil devido a padronização que promove no porte das plantas.
Na prática, assim que realizada a aplicação pelo maquinário, o produto será absorvido pelas folhas e posteriormente transportado de maneira sistêmica por toda planta. Em seguida, os reguladores de crescimento vão agir diretamente no mecanismo responsável pelo balanço hormonal do algodoeiro, inibindo a síntese e a translocação da giberelina (hormônio vegetal responsável pela elaboração de gemas, folhas jovens e frutos).
Quando e como deve-se realizar a aplicação dos reguladores?
Existem certos fatores que fazem com que a metodologia de aplicação seja variada, tais como: condições climáticas de regiões distintas, variedades de algodão de ciclos curtos, médios e tardios, porte do algodoeiro, dentre outros. Por quaisquer que sejam tais variáveis, é altamente recomendável seguir as especificações da bula do produto comercial utilizado, juntamente com a supervisão de um técnico agrícola ou engenheiro agrônomo antes, durante e depois da aplicação.
Geralmente recomenda-se que a época de aplicação se inicie a partir do surgimento dos primeiros botões florais, comprimento dos internódios de 4 a 6 cm, porte (altura do algodoeiro medindo da base do solo até a gema apical) de 60 a 80 cm e com cerca de 35 dias após o plantio. Plantas cujo porte esteja igual ou superior a 50 – 60 cm e ainda não iniciaram o período de floração significa que este será um forte indício que o crescimento vegetativo será elevado, o que também serve como um indicador ideal para realizar o início da aplicação.
A aplicação parcelada ou sequencial também é uma alternativa interessante, pois através dela os reguladores de crescimento apresentam maior eficácia na redução do comprimento dos ramos vegetativos e reprodutivos, sem falar na retenção de frutos das posições iniciais do algodoeiro, menor número de folhas na época da colheita, uniformidade dos frutos, aumento de sinergia fisiológica entre as partes vegetativas e reprodutivas, e consequentemente melhor facilidade de manejo.
A metodologia de aplicação sequencial pode ser realizada de diversas maneiras: A) aplicação em 4 etapas de 10 + 20 + 30 + 40% da dose total; B) aplicação em 3 etapas de 20 + 30 +50%; C) aplicação em 4 etapas uniformes 25 + 25 + 25 +25% da dose total. Dentre elas o que irá definir qual a mais adequada utilizar será a assimilação das características fenológicas atuais do algodoeiro mediante as diferenças de crescimento vegetativo, lembrando que o intervalo de aplicação deverá ser no máximo entre 14 dias se atentando também a qualquer tipo de stress que as plantas estejam submetidas. A temperatura também é um importante fator a ser levado em consideração. Quanto mais elevada, maior será o estímulo fisiológico de produção de hormônios vegetais do algodão, e consequentemente maior a necessidade da utilização de reguladores de crescimento.
Atualmente no nosso mercado interno, existem vários produtos que são utilizados como reguladores de crescimento e registrados pelo MAPA. Os mais utilizados para uso na cultura do algodão são: PIX HC (Cloreto de Mepiquate) com 25% de ingrediente ativo e TUVAL (Cloreto de Chlormequate) com 10% de ingrediente ativo. Ambos apresentam modos de ação semelhantes no algodão. Neste caso a seguir iremos abordar as metodologias de aplicação de reguladores de crescimento no algodão, seguindo as recomendações do produto comercial PIX HC (Cloreto de Mepiquate) da companhia química alemã BASF.
Manejo de aplicação a taxa variável de reguladores de crescimento
Na agricultura, a aplicação em taxa variável caracteriza-se pela geração de pontos espaciais específicos das lavouras através de softwares e plataformas de agricultura de precisão, que ao consolidar e processar dados do solo e da vegetação, geram um mapa com diferentes sub-áreas para aplicação e/ou correção de fertilizantes, defensivos e outros agroquímicos identificando onde há maior e menor necessidade dos mesmos. Ou seja, através desta metodologia o agricultor tem a chance de saber exatamente onde, quando e quanto aplicar ao invés de realizar uma aplicação em área total.
Na cultura do algodão, como dito anteriormente, devido ao seu crescimento excessivo a utilização dos reguladores de crescimento, ou fitorreguladores se faz necessária, pois este importante fator de crescimento fenológico pode gerar efeitos colaterais negativos ao cotonicultor, tais como: dificuldade do manejo, prolongamento do ciclo e redução da produtividade pela perda ou apodrecimento das maçãs.
Na prática, após ser gerado o mapa de aplicação, basta transferi-lo para o computador de bordo do maquinário através do envio direto (permitido por algumas plataformas) ou transferência manual através de um pen-drive. Assim, o GPS irá reconhecer as posições geográficas de cada subárea, bem como de cada dosagem específica do insumo, defensivo, fertilizante, ou regulador de crescimento para aquela cultura definida pelo agricultor.
No exemplo acima, é possível constatar como este processo ocorre. Para determinar as zonas de aplicação a taxa variável de fitorreguladores, foi utilizado a plataforma Fieldscan, que ao identificar os diferentes portes vegetativos do algodão através do processamento de imagens de drones e/ou satélites juntamente a validação e confirmação a campo, foi possível gerar as coordenadas de aplicação de cada zona da cultura. Após isso, o produtor já determina também a dosagem dos fitorreguladores para cada zona.
Depois, basta exportar o mapa de aplicação para o computador de bordo do maquinário para que o produto seja aplicado de acordo com as coordenadas geradas e a operação seja concluída.
A seguir temos uma comparação lado a lado de um mesmo talhão onde foi feita a aplicação em taxa variável em uma parte, e taxa fixa em outra parte.
Como pode-se ver na imagem, a dosagem variável contribuiu para uma homogeneização drástica da cultura, enquanto a taxa fixa super dosou algumas áreas com algodão menor e sub dosou outras áreas com algodão maior, contribuindo ainda no aumento da variabilidade de crescimento vegetativo.
Em uma análise mais quantitativa, temos abaixo uma outra área que foi analisada no Mato Grosso na safra 2020 comparando o antes e o depois exatamente nos mesmos pontos de amostra.
Ao executar o mapeamento de biomassa da cultura e definir as zonas em 3 níveis de crescimento, foi aplicado cloreto de mepiquat com doses de 0 ml/ha (vermelho), 150 ml/ha (amarelo) e 300 ml/ha (verde).
Os resultados comparativos mostram altos níveis de homogeneização de altura de planta, quantidade de nós e distância entre os últimos três nós, conforme demonstrado nas imagens abaixo.
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