Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD): entenda como funciona e como pode beneficiar a agropecuária

O PNCPD, instituído recentemente pelo Governo Federal, busca reverter o cenário de degradação nas pastagens brasileiras

Incentivar a recuperação de até 40 milhões de hectares em pastagens pouco produtivas ao longo de 10 anos. Em poucas palavras, foi com esse intuito que o Governo Federal instituiu, no último dia 6 de dezembro, o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD).

O programa representa um passo importante em termos de sustentabilidade e produtividade agrícola, uma vez que, se bem-sucedido, pode ajudar a dobrar a área disponível para produção de alimentos sem acarretar o desmatamento ou avançar sobre espaços de vegetação nativa no país.

Considerando a importância de uma iniciativa assim, é essencial entender  melhor como o PNCPD funcionará e quais são as metas estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a conversão de pastagens degradadas, bem como os benefícios ambientais e econômicos previstos. Mas primeiro…

O que são pastagens degradadas?

Para os fins do PNCPD, são consideradas pastagens degradadas aquelas que perderam produtividade e capacidade de recuperação natural. Devido a tais perdas, elas se tornaram inviáveis para a manutenção da atividade agropecuária – muitas vezes em decorrência do mau manejo de recursos naturais. Portanto, precisam de certos incentivos e ações remediadoras.

E é aqui que o PNCPD entra. Entenda os objetivos do programa em mais detalhes:

Os objetivos do PNCPD

O principal objetivo do PNCPD é promover a conversão de pastagens degradadas, assim reduzindo o desmatamento e até estimulando a recuperação de áreas de vegetação nativa no território brasileiro.

O programa também visa contribuir com a realização de metas ambientais importantes, como os Planos de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento, que atuam em diversos biomas localizados no Brasil, e demais iniciativas similares.

Outro intuito aqui é estimular a sustentabilidade e a responsabilidade social do setor agropecuário por meio da priorização de produtores que invistam em tecnologias e práticas sustentáveis diante das mudanças climáticas que vivemos.

Por fim, do ponto de vista financeiro, o programa almeja incentivar o mercado de capitais a facilitar soluções para a implementação de estratégias de conversão e recuperação.

Quem pode participar do programa

Para participar do PNCPD, é preciso cumprir alguns requisitos. Ele será voltado exclusivamente para empreendimentos e produtores que:

  1. Estejam inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR)
  2. Sejam capazes de, em um período de 10 anos, reduzir suas emissões ou aumentar a absorção de gases do efeito estufa através de práticas sustentáveis
  3. Não demonstrem nenhum aumento na emissão de gases do efeito estufa em função de mudanças na forma de utilização da terra
  4. Caso busquem financiamento, respeitem as condições necessárias para a concessão de crédito rural conforme determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN)

Para colocar o programa em prática, O MAPA conta com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na captação de recursos externos. Isso elimina, por exemplo, a necessidade de subvenções do Governo Federal.

Embora ainda haja muito a ser divulgado pelo Ministério em termos de detalhes de funcionamento do programa, por ora já é possível ter uma boa noção dos benefícios que ele trará.

A extensão das pastagens e a perspectiva financeira

Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil soma hoje aproximadamente 160 milhões de hectares de pastagens naturais e plantadas.

Dessa extensão, o órgão considera que 58 milhões estão em boas condições para cultivo – frente a 66 milhões em qualidade intermediária e 35 milhões de hectares passando por uma degradação severa.

Em termos financeiros, o Governo Federal prevê que a recuperação dos solos afetados gerará um retorno de aproximadamente R$80 para cada real investido – tudo graças à incrementação na produtividade, à queda na degradação e ao acúmulo de carbono no solo.

O Brasil possui cerca de 160 milhões de hectares em pastagens naturais e plantadas, e o PNCPD pretende recuperar as áreas mais degradadas. Imagem: Reprodução/Imagem de wirestock no Freepik

O impacto no setor agropecuário

Sendo implementado, o PNCPD pode ajudar a mudar o cenário desanimador das pastagens no Brasil – incentivando a recuperação dessas áreas para fins como reflorestamento, produção agrícola sustentável e uso consciente para pecuária.

E não é só isso: com a conversão das pastagens degradadas, o programa tem a capacidade de aumentar a competitividade entre produtores do setor. Afinal, haveria vantagens em buscar sempre melhorar a produção, tanto para ter acesso aos benefícios do programa quanto para gerar mais resultados práticos.

Outro impacto estaria nas exportações de alimentos. Atualmente, o Brasil ocupa uma das principais posições em termos de exportações agropecuárias. Isso pode mudar para melhor caso o PNCPD se mostre um sucesso.

Há motivos para otimismo (desde que haja união)

O MAPA tem expectativas de que o PNCPD ajude a dobrar a produção agropecuária no Brasil – e, por consequência, gere mais empregos sem provocar mais desmatamento. Os desdobramentos disso são obviamente positivos, visto que haverá mais segurança alimentar com (muito) menos prejuízos à natureza.

No entanto, o sucesso do programa depende da ação conjunta de diversos agentes: o Governo Federal, com leis e iniciativas sustentáveis; grandes e pequenos produtores, que podem adotar tecnologias e métodos produtivos mais conscientes; ambientalistas, que defendem nossos recursos naturais com unhas e dentes; e até consumidores, que dependem diretamente do que é produzido. É questão de mostrar que, de fato, a união faz a força!

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