O algodão é uma cultura bem difundida no Brasil, com produções crescentes em busca do sucesso de lucro que a cultura traz. Um dos grandes problemas são as pragas que atacam o algodoeiro e esse artigo vai te informar sobre as principais pragas e como identificá-las e controlá-las.
A cultura do algodão é muito bem sucedida no Brasil, crescendo expressivamente na produção nos últimos anos. Um dos maiores interesses pela cotonicultura são os preços atrativos da fibra e também a variedade de subprodutos gerados.
De acordo com a última estimativa da CONAB a safra 2021/22 tem altas expectativas, com algumas lavouras já implantadas. Em condições mais favoráveis à semeadura e o desenvolvimento inicial da cultura, e com chuvas ocorrendo mais regular e uniformemente, estima-se uma produção de 2.653,3 milhões de toneladas, um incremento 12,6% em relação à safra passada.
Existem várias preocupações para alcançar o ótimo desenvolvimento da lavoura e chegar à produtividade esperada. O surgimento de insetos-pragas nesse ciclo é uma dessas preocupações, podendo se tornar um fator limitante para a cultura.
Há várias pragas que atacam o algodoeiro, entretanto, deve-se atentar para as que causam perdas significativas na produção, atingindo o limiar de dano econômico. Aqui você irá aprender sobre as principais pragas do algodoeiro e a melhor forma de controlá-las com o MIP (manejo integrado de pragas).
Podemos separá-las em três grupos:
- Pragas das raízes
- Pragas das folhas e hastes.
- Pragas das estruturas frutíferas
Pragas das raízes do algodoeiro
Broca-da-raiz (Eutinobothrus brasiliensis)
Essa praga ocorre em áreas onde o algodoeiro é cultivado por vários ciclos consecutivos, desde as primeiras folhas (10 a 40 dias após a emergência) até o início do florescimento. O adulto é um besouro de cor pardo-escura de 3 a 5 mm de comprimento e possui aparelho bucal mastigador. Com isso, as fêmeas são capazes de abrir a planta jovem e ovipositar entre a casca e lenho.
Cada fêmea coloca em torno de 160 ovos que levam cerca de 10 dias para eclodir as larvas, que são brancas a creme, com 5 a 7 mm de comprimento, e são ápodas (sem pés). Essas larvas vão se alimentar dos vasos lenhosos do algodão abrindo galerias.
Com o desenvolvimento da larva o diâmetro da galeria vai se expandindo e faz com que a circulação da seiva bruta seja impedida, causando paralisação no crescimento da planta. As folhas ficam avermelhadas e manchadas, secando e caindo nas horas mais quentes do dia. Na região do colo da planta, onde a larva está alojada, ocorre um engrossamento do caule.
A rotação de culturas evitando-se o cultivo do algodoeiro por três safras em áreas infestadas é uma medida altamente eficaz para reduzir a população. O controle preventivo também é indicado como utilização de calcário no preparo do solo, semeadura concentrada na época recomendada, a eliminação de plantas hospedeiras e a destruição de restos culturais e tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos.
As faixas de plantio-isca podem atrair os sobreviventes da entressafra, onde poderão ser aplicados inseticidas. Fungos entomopatogênicos do solo fazem o controle biológico natural, porém em populações muito altas a eficiência é parcial. Em áreas com histórico de ocorrência, inseticidas aplicados no sulco de plantio têm apresentado efeito moderado.
Percevejo-castanho (Scaptocoris castanea e S. brachiariae)
Essas espécies são polifagas, estando presente em várias culturas como soja, milho, sorgo e pastagens. Os adultos e ninfas possuem hábitos subterrâneos e sugam a seiva da planta ocasionando definhamento, seca e morte.
São facilmente identificadas pois exalam um cheiro forte e desagradavel quando os sulcos são abertos. No período de seca, os adultos se aprofundam no solo em busca de umidade e retornam à superfície quando começam as chuvas. Esse período chuvoso coincide com o plantio e estabelecimento da cultura, causando os maiores prejuízos.
Áreas infestadas apresentam plantas amareladas, raquíticas, murchas e mortas, sendo confundido visualmente com deficiência nutricional. Porém ao serem arrancadas é possível perceber o odor típico exalando.
Em ataques intensos é recomendado fazer o replantio. As plantas sobreviventes ficam com o desenvolvimento comprometido, sendo visível a diferença no porte e na capacidade de produção de estruturas reprodutivas.
Fazer a subsolagem após a colheita e a aração com duas gradagens são medidas de controle culturais efetivas para áreas infestadas. Estratégias para acelerar o desenvolvimento da planta e torná-la mais resistente ao ataque como uso com sulfato de amônio. Rotação de cultura com girassol e mamona. O controle químico nem sempre é eficaz, pois precisa de boas condições de umidade do solo durante as aplicações.
Pragas das folhas e hastes
Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
O adulto é uma mariposa com asas anteriores escuras e posteriores claras e semitransparentes. As lagartas variam do cinza até o marrom e são facilmente reconhecidas por se enroscar quando tocadas.
Essa lagarta se alimenta do caule, das folhas e das raízes. Possuem hábito noturno, saindo à noite para atacar as plantas jovens, cortando o caule logo acima do nível do solo. Altas infestações até os 20 dias após a emergência das plântulas reduzem o estande.
O controle cultural é feito com a eliminação de plantas hospedeiras e restos culturais. O controle biológico com microhimenópteros e moscas também é uma opção.
Pulgão (Aphis gossypii)
Esse é um pequeno inseto sugador de seiva. Possui coloração amarelo-claro a verde escuro e vive sob as folhas e também brotos novos de algodão. Ocorrem desde a germinação até os primeiros capulhos, preferindo os tecidos mais novos.
A sucção contínua deixa as folhas dos ponteiros enrugadas, encarquilhadas e os brotos deformados, afetando o desenvolvimento da planta. Além disso, com a sucção da seiva, é excretada uma mela nas folhas atraindo formigas e fungos do gênero Capnodium, causando a fumagina e dificultando a absorção da radiação solar.
Quando ocorre na fase de abertura das maçãs a excreção da mela causa o chamado “algodão doce” ou “algodão caramelizado”, deixando a pluma manchada e perdendo a qualidade.
Os pulgões também podem transmitir viroses como vermelhão e mosaico-das-nervuras (doença azul).
O controle pode ser feito com predadores e parasitóides (vespas, joaninhas, crisopídeos e moscas) reduzindo a população do pulgão. Retirada de ervas daninhas hospedeiras, plantas voluntárias e restos culturais reduz os focos iniciais. Existem cultivares resistentes à virose da nervura que podem ser adotadas.
O controle químico com inseticidas deve ser utilizado em extrema emergência para preservar os inimigos naturais. O uso de inseticidas sistêmicos com neonicotinoides é o mais indicado, devendo observar o espectro, pois ao controlar outras pragas, os inimigos naturais também são suprimidos e há probabilidade de surtos populacionais.
Mosca-branca (Bemisia tabaci e Bemisia tabaci biótipo B)
É um inseto sugador que causa danos diretos e indiretos, além de serem polifogas, se alimentando de várias culturas importantes. Os adultos são amarelados com cerca de 1 mm.
Ao sugar a seiva, a mosca branca injeta toxinas que podem produzir distintas alterações nas plantas como paralisação do crescimento, diminuição da capacidade de produção das estruturas reprodutivas. As folhas jovens se enrolam, há amarelecimento das folhas, pontos necróticos nas nervuras, murcha e morte precoce das folhas.
Também é excretada a mela “Honeydew” e, consequentemente, provocando fumagina e reduzindo a qualidade da fibra e o valor comercial.
A mosca branca também é um inseto vetor de doenças como o vírus do mosaico comum no algodão que causa engrossamento das nervuras, mosaico foliar, redução da área foliar e queda de folhas e frutos.
O controle químico deve ser realizado em altas populações como recomendado utilizando inseticidas reguladores de crescimento (para a forma jovem) e do grupo dos neonicotinoides. Controle cultural com destruição de plantas daninhas e restos culturais auxiliam na redução da infestação. Há controle biológico por parasitóides e predadores. Uso de desfolhantes após 60% dos capulhos abertos é recomendado para preservar a qualidade da fibra.
Tripes (Frankliniella schultzei e Caliothrips brasiliensis)
Os tripes são insetos diminutos, os adultos com cerca de 1 a 3 mm de comprimento de coloração enegrecida ou cinza-escura e as ninfas brancas ou amareladas com 1 mm. Eles se locomovem rapidamente pelas folhas das plantas onde comumente estão em altas infestações nos períodos de estiagem e início da fase vegetativa.
Eles raspam o parênquima e sugam a seiva das folhas novas e brotos, podendo comprometer o desenvolvimento inicial do algodoeiro. Mesmo com o ataque sendo mais comum nos primeiros 30 a 40 dias após a emergência, eles podem atacar também na floração e frutificação, levando a queda das estruturas reprodutivas.
O controle químico é preventivo com tratamento de sementes. Caso o ataque ocorra após o período residual do tratamento é indicado uso de neonicotinoides via pulverização aérea. Percevejos predadores são inimigos naturais eficientes, reduzindo a população em campo.
Ácaro-rajado (Tetranychus urticae)
Os ácaros são organismos bem pequenos, com cerca de 0,5 mm, forma oval, de cor esverdeada com fêmeas apresentando duas manchas escuras no dorso. Ocorrem desde a emergência das plantas até a abertura das maçãs, principalmente em períodos de longa estiagem. Eles têm preferência pelas folhas da parte mediana e inferior das plantas, mas ocupam toda a planta em altas infestações.
As folhas atacadas apresentam inicialmente clorose que evoluem para manchas avermelhadas a partir das nervuras, seguindo de áreas necrosadas e queda das folhas. A infestação inicial se dá em reboleiras e as plantas atacadas têm seu ciclo encurtado, a carga reduzida e produzem maçãs pequenas e fibras de má qualidade.
O controle químico deve ser realizado com inseticidas-acaricidas ou acaricidas específicos, como abamectina, preferencialmente localizado nas reboleiras no início da infestação. A eliminação de plantas daninhas e outras culturas hospedeiras também é uma prática. O controle natural é feito principalmente por percevejos predadores e ácaros fitoseídeos.
Ácaro-vermelho (Tetranychus ludeni)
Possuem coloração esverdeada na forma jovem e avermelhada na fase adulta, com 0,43 mm de comprimento. Possuem preferência pelas folhas do terço superior da planta.
Os danos são muito parecidos com os do ácaro-rajado, contudo não há aparecimento de áreas avermelhadas entre as nervuras. Após o surgimento das áreas cloróticas, as folhas necrosam e caem. Possuem menor importância mas podem ser confundidos com o ácaro-rajado.
Os manejos de controle são os mesmos recomendados para o ácaro-rajado.
Ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus)
Esses ácaros são praticamente invisíveis a olho nu, possuem cor esbranquiçada e brilhante. Preferem folhas novas do ponteiro, lugares sombreados e lavouras adensadas. Eles ocorrem desde a emergência das plantas até a abertura das maçãs e estão sempre associados com períodos de dias nublados e úmidos.
As folhas ficam escurecidas na face superior e com aspecto brilhante na face inferior, com pequenas ondulações, evoluindo para um aspecto coriáceo e com o bordo virado para baixo. Com o avanço do ataque, rasgaduras começam a surgir nas folhas, como é conhecido “ácaro-da-rasgadura-do-algodoeiro”.
Assim como o ácaro-rajado, inicialmente são formadas reboleiras e as plantas ficam com ciclo encurtado, carga reduzida e produzem maçãs pequenas e fibras de baixa qualidade. O controle também é igual ao utilizado para o ácaro-rajado.
Curuquerê-do-algodoeiro (Alabama argillacea)
É uma importante praga desfolhadora da cultura do algodão. Os adultos são mariposas de hábito noturno com cerca de 30 mm de envergadura e coloração marrom-palha com duas manchas circulares escuras na parte central das asas anteriores.
A lagarta causa desfolha a partir do ponteiro indo até a região basal da planta. Ela pode medir até 40 mm de comprimento e possui o corpo verde-amarelado ao verde escuro e a cabeça amarelada com pontuações pretas e listras longitudinais ao longo do corpo. Quando a infestação aumenta, elas se tornam enegrecidas. O curuquerê se locomove a “mede-palmo” e salta ao ser tocada.
O desfolhamento compromete a capacidade fotossintética das plantas. Os últimos três ínstares larvais são os maiores responsáveis pelo ataque, que dependendo da época, podem causar maturação precoce das maçãs e paralisação da frutificação, reduzindo assim a produção. Quando a infestação ocorre no final do ciclo, as fibras são contaminadas com fezes ou até hemolinfas de lagartas esmagadas pela colheitadeira.
Uma alternativa importante de controle é a liberação de Trichogramma sp. para parasitar os ovos, sendo liberados semanalmente no momento do aparecimento do inseto. Quando em altas populações da lagarta, principalmente pequenas até o terceiro ínstar, pode ser aplicado inseticidas fisiológicos (reguladores de crescimento, inibidores da síntese de quitina) e biológicos (à base de Bacillus thuringiensis).
Pragas das estruturas frutíferas
Bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis)
O bicudo é sem dúvidas a principal praga da cultura e possui o maior potencial de redução da produtividade do algodão. Os danos podem chegar a 70% da produção de uma única safra.
Infestam as lavouras de algodão desde o início da emissão dos botões florais até a colheita, podendo ter de 4 a 6 gerações em um ciclo da cultura. Os ataques ocorrem inicialmente na bordadura da cultura. Os adultos são besouros cinza ou castanhos com 3 a 7 mm de comprimento. São encontrados dentro das flores abertas ou protegidos pelas brácteas.
As fêmeas ovipositam nos botões florais e nas maçãs e cobrem seus ovos com uma cera para protegê-los. Os botões atacados ficam com as brácteas abertas, se tornam amarelados e caem logo em seguida. As flores não se abrem normalmente, ficando com um aspecto de balão, e apresentam as pétalas perfuradas. No interior dos capulhos, as larvas destroem as fibras e sementes.
Quando muito atacada, a planta apresenta crescimento excessivo, com enorme produção de massa verde na fase vegetativa, resultando em muitas folhas. Entretanto, a produção é reduzida. Os ataques decorrentes do bicudo torna a planta mais suscetível a patógenos, sendo a principal porta de entrada para fungos e bactérias, promovendo o apodrecimento das maçãs.
Para o controle deve ser realizado o monitoramento a partir do estádio de duas folhas verdadeiras (V2) e se atentar principalmente à bordadura, por ser onde se inicia a infestação. Assim que constatada a presença do bicudo devem ser realizadas pulverizações em bordadura. No florescimento, após a emissão dos botões florais, adota-se o controle se 5% das plantas com botões estiverem com orifícios de alimentação ou oviposição.
Pode ser utilizado armadilhas comportamentais para o bicudo com a técnica de “Atrai e Mata”. A aplicação de inseticida juntamente ao desfolhante (quando 60% das maçãs já estiverem abertas) contribui também para a redução do bicudo. O desfolhamento reduz o suprimento alimentar da praga e antecipa a colheita, além disso, os insetos que permanecerem nas plantas entrarão em contato com o inseticida aplicado e morrerão.
O monitoramento deve ser realizado durante todo o restante do ciclo vegetativo. Quando existem altas populações, acima do nível de controle, no final do ciclo, é recomendado a pulverização de inseticida durante a prática de destruição dos restos culturais. Também é importante eliminar as plantas voluntárias da entressafra e as que germinaram de sementes caídas próximas da área.
Essas medidas visam suprimir ao máximo a população de refúgio da entressafra. Entretanto, adotar o vazio sanitário é a melhor estratégia para interromper o ciclo de desenvolvimento do bicudo, pois os cultivos sucessos favorecem e muito o desenvolvimento e infestação da praga.
Lagarta-das-maçãs (Heliothis virescens)
É uma praga que ataca especialmente as estruturas reprodutivas do algodão, como os botões florais e as maçãs. O adulto é uma mariposa com asas anteriores esverdeadas e listras oblíquas avermelhadas. As fêmeas ovipositam nas folhas novas do ápice da planta e nas brácteas das estruturas reprodutivas do ponteiro.
A lagarta tem coloração entre verde e verde-escura e pode alcançar 25 mm de comprimento. Possui cerdas na região dorsal e faixas longitudinais escuras e claras. Quando recém-eclodidas, elas se alimentam de tecidos novos, folhas ou botões florais. Já quando maiores, passam a se alimentar de botões ou maçãs, atingindo a semente.
Assim os botões florais e as maçãs são danificadas e com galerias que servem como porta de entrada para patógenos. Também a queda dos botões e das maças e a destruição das fibras e sementes.
Existem muitos inimigos naturais (percevejos predadores e crisopídeos) para a praga e vários parasitóides de ovos e lagartas (Trichogramma). Nas regiões com baixas infestações os inimigos naturais são capazes de controlar a lagarta-da-maçã. O uso de cultivares resistentes também é um manejo importante, entretanto, muitas vezes é necessário o uso do controle químico.
O uso de inseticidas é a forma mais eficaz de controle, porém, deve-se optar por inseticidas biológicos ou fisiológicos, como reguladores de crescimento, que apresentam boa seletividade. Assim, os inimigos naturais ainda estarão presentes. A aplicação deve ser realizada no início da infestação, com as lagartas de primeiro ao terceiro ínstar.
A destruição de dos restos culturais é prática indispensável para a supressão da população da praga no período de entressafra.
Lagarta spodoptera (Spodoptera frugiperda)
Também conhecida como lagarta-do-cartucho, essa é uma praga polifaga e de grande importância para a cultura do milho. Entretanto, tem se intensificado nos últimos anos em razão do uso indiscriminado de inseticidas e a disponibilidade de “pontes verdes” durante todo o ano.
A mariposa tem cerca de 35 mm de comprimento e possui asa anterior cinza-escura e posterior branco-acinzentada e ovipositam durante a noite. A lagarta chega a 40 mm com coloração variada (pardo-escura, verde ou quase preta) com linhas bem finas longitudinais de coloração branco-amareladas no dorso. Também possui um “Y” invertido na cabeça que é bem característico da espécie.
No início da fase larval, as lagartas iniciam sua alimentação raspando o parênquima das folhas e depois passam para a epiderme das brácteas dos botões, flores e maçãs. Quando estão no terceiro ínstar o ataque começa a ficar mais intenso e ocorrem perfurações nas brácteas, flores e maçãs. Lagartas maiores danificam o interior das flores ou a base das maçãs.
Ela ataca desde a parte mediana até o ponteiro, podendo também atacar plântulas de algodão, sendo confundidas com o ataque da lagarta-rosca.
O controle pode ser utilizando sementes com tecnologia Bt. O controle natural com parasitóides (vespas e principalmente Trichogramma) e predadores (percevejos e tesourinha) são essenciais. O uso de fungos entomopatogênicos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae e a bactéria Bacillus thuringiensis infectam a lagarta.
Para os adultos o uso de armadilhas com feromônios específicos é recomendado. Assim também é possível fazer a detecção da população. O controle de populações de lagartas pequenas, até o 3º ínstar, pode ser realizado com inseticidas reguladores de crescimento (inibidores da síntese de quitina, ecdisteróides e análogos do hormônio juvenil) e biológicos (à base de B. thuringiensis), os quais são seletivos a inimigos naturais.
Lagarta helicoverpa (Helicoverpa armigera)
Trata-se de uma praga polífaga que ataca diversas culturas. As fêmeas possuem asas anteriores amarelas a alaranjadas e os machos cinza-esverdeados. As asas posteriores são amarela pálida, com uma faixa marrom estreita na borda exterior e uma mancha circular e escura no meio.
Os adultos são fortemente atraídos por plantas que fornecem néctar e voam de forma sagaz, se dispersando muito bem dentro das áreas com plantas hospedeiras. As fêmeas ovipositam durante a noite e geralmente coincide com a época de florescimento das culturas.
As lagartas podem chegar a 30-40 mm de comprimento e possuir diferentes colorações (do verde ao amarelo-claro, marrom-avermelhada ou preta). Ao ser perturbada, ela apresenta comportamento peculiar, recurvando a parte anterior do corpo até o primeiro par de pernas falsas, ficando assim por um tempo.
Com o ataque, as lagartas podem causar queda dos botões florais e pequenas maçãs. Em maçãs mais desenvolvidas, a lagarta abre um orifício pelo qual se alimenta, deixando também seus excrementos. Assim, a maçã não se desenvolve normalmente e, consequentemente, ocorre o apodrecimento.
O controle é semelhante a outras lagartas como da Spodoptera, curuquerê e lagarta-das-maçãs.
Lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella)
O adulto é um microlepidóptero de 20 mm de comprimento de cor parda e asa anterior com manchas escuras e asa posterior cinza-escura. Os ovos são colocados entre as fendas das brácteas, flores e maçãs. A lagarta varia de 10 a 14 mm de comprimento com coloração branco leitosa quando pequena passando para rosado quando maior. Elas vivem no interior dos botões, flores e maçãs.
Os botões florais atacados caem e as maçãs são total ou parcialmente destruídas, assim como as fibras e as sementes. As flores não abrem e ficam conhecidas como flores rosetadas. Os capulhos amadurecem precocemente, deixando a fibra com aspecto de ferrugem.
As estratégias de controle da lagarta rosada também são semelhantes aos recomendados para outras lagartas como da Spodoptera, curuquerê e lagarta-das-maçãs.
Percevejo-rajado (Horcias nobilellus) e Percevejo-manchador (Dysdercus sp.)
Os adultos e as ninfas do percevejo-rajado são muito semelhantes, sendo que as ninfas apresenta um “Y” invertido sobre o abdome e os adultos um “V” característico de coloração amarela.
Já os adultos do percevejo-manchador tem coloração marrom-escura e no tórax existem três listras brancas na base das pernas. As ninfas são de coloração rosada quando recém-eclodidas e posteriormente avermelhadas, e, quando bem desenvolvidas, medem 8 mm de comprimento.
Tanto as ninfas quanto os adultos desses percevejos inserem o aparelho bucal nas partes tenras do caule e das estruturas reprodutivas para se alimentarem. Com isso ocorre a queda dos botões florais, flores de maçãs novas. Surgem pontuações internas nas maçãs, deformações das maçãs em forma de bico-de-papagaio e abertura defeituosa das maçãs.
O controle químico é usando inseticidas fosforados na metade da dose usual e adicionando cloreto de sódio (sal de cozinha) a 0,5% da calda para aplicação terrestre e 0,75% para aérea. O sal apresenta arresto para picadas de prova dos percevejos, aumentando o tempo de contato com o inseticida e favorecendo a eficiência e seletividade para organismos não alvos.
Vários inimigos naturais ajudam a reduzir as populações dos percevejos. Os parasitoides de ovos das espécies Trissolcus basalis e Telenomus podisi (microhimenópteros) são os mais importantes. Há também um controle alternativo utilizando estacas com estopas embebidas em inseticidas mais sal, que quando o percevejo entra em contato, ficam contaminados.
Conclusões
Existem muitas pragas com alta capacidade em reduzir a produção do algodão. É sempre importante fazer o monitoramento da área e não deixar atingir o limiar de danos econômicos. Nenhum manejo de forma isolada é eficiente. A melhor estratégia de controle para as pragas é sempre o MIP.
O uso de tecnologias como o FieldScan auxiliam no rastreio e controle de doenças e pragas, além de propiciar o aumento de produtividade da cultura do algodoeiro com o manejo de regulador de crescimento, como discutido neste artigo.
Saber identificar a praga, os danos e entender a melhor forma de controle é a fórmula correta para evitar as injúrias que podem ser causadas por esses insetos.
Você enfrenta problemas com essas pragas? Gostou do conteúdo? Continue sempre por aqui para mais artigos do Agro.
Referências
Você conhece as principais pragas na cultura do algodão? Equipe Mais Soja. 2020.
Deixe um comentário