Que o produtor rural é o principal motor da economia brasileira, todos nós já sabemos. É esse o profissional que abastece a mesa do brasileiro com uma vasta variedade de alimentos, proporcionando mais qualidade de vida e saúde. Mas você sabe qual é, de fato, o perfil do produtor brasileiro?
Quem mostra o perfil do produtor rural brasileiro é o Censo Agropecuário de 2017, elaborado e apresentado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostra que o país possui mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais que ocupam cerca de 41% da área total do País.
A pesquisa faz uma grande radiografia do perfil do produtor rural brasileiro, dando as respostas às muitas perguntas: Onde ele está? Quais culturas ele planta e colhe? Qual é a participação da mulher?
Você também quer ter um panorama da agropecuária brasileira? Então convidamos você a ver qual é o perfil do produtor agropecuário brasileiro segundo o último censo agropecuário.
Temos cerca de 5 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil
Com um território de 851,487 milhões de hectares (ha), o Brasil tem, segundo o último censo agropecuário, um total de 5.073.324 estabelecimentos agropecuários.
Estes estabelecimentos ocupam uma área total de 351,289 milhões de ha, ou seja, cerca de 41% da área total do país. Esse número representa um aumento de 5,8% na área ocupada, apesar da redução de 102.312 unidades rurais.
O mesmo levantamento também mostra que as terras indígenas somam 117,639 milhões de ha e unidades de conservação espalhadas por 151,895 milhões de ha.
O censo mostrou que houve maior percentual de áreas dedicadas à agricultura nas mãos de menor número de proprietários de terras. Tal fato é consequência da redução das áreas ocupadas pela agricultura familiar e menor número de postos de trabalho nas pequenas propriedades.
Outra constatação importante, comprovada pelo censo agropecuário, relaciona-se ao avanço do agronegócio brasileiro sobre o Norte e o Centro-Oeste do país, com novas propriedades sendo incorporadas nessa nova fronteira agrícola. Enquanto isso, houve diminuição no número de estabelecimentos no Nordeste, que tradicionalmente é voltado à agricultura familiar.
Tamanho das propriedades: o crescimento das matas naturais merece destaque
O Censo Agropecuário mostra também o tamanho das propriedades, além dos produtos mais produzidos no país.
Quanto ao tamanho das propriedades, a categoria com mais de mil hectares representa 51.203 estabelecimentos, que ocupam 167,227 milhões de ha. Já as propriedades pequenas, com até 10 hectares, são 2.543.681 estabelecimentos, em 7,993 milhões de ha.
Foram identificados também 77.037 estabelecimentos agropecuários sem área, ou seja, produtores que trabalham, por exemplo, com extrativismo e apicultura.
Quanto à utilização da terra, a análise mostra que em 2017 (em comparação com o censo de 2006) houve:
- Diminuição de 34% na área de lavouras permanentes, ficando em 7,755 milhões de hectares;
- Diminuição de 18% nas pastagens naturais, que somam 47,323 milhões de ha.
Por outro lado, as áreas dedicadas às lavouras temporárias cresceram 14% (55.761.998 ha), as de pastagens plantadas subiram 10% (112.174.148 ha). As matas naturais dentro de estabelecimentos agrícolas também aumentaram, em 12% (106.574.867 ha) e as matas plantadas ocupam uma área 83% maior que em 2006 (8.658.850 ha), como é possível observar no infográfico a seguir:
O aumento da área com mata natural e matas plantadas decorre da aprovação, em 2012, do Código Florestal, com todo o estabelecimento agropecuário tendo que manter um percentual de matas naturais, de acordo com a região.
O uso da terra predominante, de acordo com o Censo Agropecuário, é de pastagens, que abrangem 45% da área total dos estabelecimentos, indicando que a pecuária é a principal atividade econômica nos estabelecimentos rurais.
Já a produção animal contabilizou R$157,4 bilhões (33,8% do total), com 70,5% dessa produção vindo dos animais de grande porte. Já a produção de aves foi a segunda mais expressiva, com 19%, com os animais de médio porte e os pequenos a seguir: 8% e 2,5%, respectivamente.
Temos mais mulheres gerenciando propriedades rurais
O último censo agropecuário indicou que mais de 80% das propriedades agrícolas ainda são comandadas por homens, sendo esse o perfil que mais representa o produtor brasileiro. No entanto, a participação de mulheres na direção de estabelecimentos agropecuários aumentou entre 2006 e 2017.
De acordo com o Censo, são 946 mil mulheres que trabalham em atividades agropecuárias. O número representa 19% do total de 5 milhões de produtores rurais, superando os 13% registrados em 2006.
De acordo com o Censo Agropecuário, pela primeira vez, houve um maior compartilhamento de direção nos estabelecimentos rurais. O estudo mostra que 817 mil mulheres participam da direção do estabelecimento rural, de forma compartilhada com o cônjuge. São mais de 1 milhão de unidades compartilhadas pelo casal, o que representa 20% do total.
Mas, apesar de a presença feminina ter aumentado na agropecuária, especialistas ainda consideram o percentual baixo dentro do perfil do produtor brasileiro.
Segundo constatação do IBGE, não é que as atividades rurais estejam atraindo mais a atenção das mulheres. É uma substituição de comando por vários fatores, como envelhecimento, falecimento, aposentadorias.
Há também aqueles casos em que o marido teve que buscar outra atividade para manter a família e, em sua ausência, as mulheres assumiram a direção do estabelecimento.
Mecanização ganhou mais espaço, mas afetou o emprego
Uma questão que mostrou força entre o censo agropecuário de 2006 e o censo agropecuário de 2017 é a mecanização. O número de tratores em estabelecimentos agropecuários aumentou quase 50% ou 409.189 unidades a mais, chegando a 1.229.907 unidades.
Já o número de estabelecimentos que utilizavam este tipo de máquina aumentou em mais de 200 mil, alcançando uma quantidade total de 734.280 produtores em 2017. Porém, durante o período, o setor perdeu cerca de 1,5 milhão de trabalhadores, indo de 16,5 milhões de pessoas, em 2006, para 15 milhões, em 2017.
Diante destes números, o IBGE observou que o processo de mecanização é crescente e uma tendência das atividades relacionadas à agropecuária, na qual o aumento da automação diminui o número de trabalhadores ocupados nos sistemas de produção.
Diante disso, a alternativa aos trabalhadores do campo é buscarem qualificação para operar a maquinaria, sendo esse o perfil de produtor brasileiro mais desejado para a continuidade da agropecuária.
Agricultura familiar: papel de grande destaque na agropecuária brasileira
Segundo o último censo, vimos que o agronegócio brasileiro avança e concentra maior renda, por outro lado o campo perde postos de trabalho, principalmente na agricultura familiar.
Mas, mesmo assim, a agricultura familiar merece destaque. O censo indica que 3.897.408 estabelecimentos atenderam aos critérios e foram classificados como agricultura familiar, o que representa 77% dos estabelecimentos agropecuários. No censo, essas áreas ocupavam uma área de 80,9 milhões de hectares, ou seja, 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.
Pernambuco, Ceará e Acre têm as maiores proporções de área ocupada pela agricultura familiar. Já os estados do Centro-Oeste e São Paulo têm as menores.
Além disso, a agricultura familiar corresponde a 67% de todo o pessoal ocupado em agropecuárias no país, cerca de 10,1 milhões de pessoas. Quanto ao valor de produção, a agricultura familiar equivale a 23% de toda a produção agropecuária brasileira, com R$107 bilhões.
O censo mostrou também que a agricultura familiar responde por parte importante da produção de alimentos, representando 48% do valor da produção de café e banana nas culturas permanentes. Já nas culturas temporárias, intercaladas com outros produtos, a agricultura familiar é responsável por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.
Conclusão
O perfil da agropecuária brasileira, realizado pelo Censo Agropecuário 2017, mostra profundas transformações no perfil do produtor brasileiro. Uma delas é a tendência em busca da mecanização, porém isso exige a adoção de políticas que ajudem a capacitar trabalhadores do campo.
A presença das mulheres como empreendedoras do campo, apesar de ter crescido desde o último censo, ainda precisa crescer a ponto de deixar o perfil do produtor rural mais igualitário.
Por fim, o papel da agricultura familiar ainda se mantém bastante grande, principalmente devido à capacidade de produção de alimentos diversos. Esse é um aspecto positivo identificado pelo Censo Agropecuário, pois continua garantindo mais saúde e os melhores alimentos à mesa dos brasileiros.
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