Desde os últimos dias de abril, o Brasil e o mundo acompanham, com muita apreensão, os efeitos das enchentes em boa parte do Rio Grande do Sul. Além da irreparável perda humana, com mais de 160 mortes e 650 mil desalojados, o estado foi notícia em função das repercussões que o desastre climático está causando e ainda deve causar.
Um desses impactos tem a ver com a produção de arroz: o Rio Grande do Sul é o maior produtor do grão no Brasil, correspondendo a cerca de 70% do volume comercializado e consumido aqui. Apesar de estimativas indicarem que 80% da safra total já haviam sido colhidos antes das fortes chuvas, outros 20% foram perdidos por estarem debaixo d’água.
E a situação piora. Não bastasse o baque na safra, há uma questão de logística que dificulta o escoamento da produção para o restante do Brasil, considerando que muitos centros de distribuição foram tomados pela água e diversas estradas estão parcial ou completamente destruídas.
Esse tema tão trágico, mas importante de ser discutido, nos faz pensar: quais são os principais fatores que levam a perdas e desperdícios da produção agrícola no Brasil? E como diminuir esses efeitos? É disso que falamos hoje aqui no Sensix Blog.
Eventos climáticos e a ação humana estão no centro do problema
Nem é preciso dizer que a produção agrícola depende de condições climáticas. Mas essas condições nem sempre são favoráveis, seja em decorrência de fenômenos naturais (como o El Niño) ou como consequência da ação humana, algo que frequentemente reiteramos aqui.
De maneira geral, os riscos climáticos capazes de causar perdas significativas na produção podem ser separados em duas categorias: eventos extremos, como elevações ou quedas atípicas na temperatura, ventos fortes, precipitação de granizo e afins; e eventos cumulativos, tais quais secas extensas e variações térmicas graduais.
O que aconteceu no Rio Grande do Sul é uma mescla de eventos extremos e cumulativos, uma vez que a força descomunal das chuvas se aliou ao estado precário de barragens e outras estruturas de engenharia que deveriam proteger a população.
Recentemente, o podcast Café da Manhã, da Folha de S.Paulo, discutiu os impactos da tragédia climática no Rio Grande do Sul. Confira para saber mais detalhes
Em termos de temperaturas atípicas, podemos citar as ondas de calor registradas nos últimos meses em lugares como Matopiba (região que abrange partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Mato Grosso do Sul e Paraná, o que afeta a produção em larga escala.
Quando falamos em ação humana, significa que ela também faz parte do problema. É o caso, por exemplo, do desperdício de alimentos que ocorre pelo mau manejo. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esse desperdício no Brasil chega a 41 mil toneladas anualmente – agravando a fome enfrentada por 14 milhões de pessoas. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também tem dados importantes sobre o tema, como você vê no gráfico abaixo:
O desperdício de alimentos no país invalida parte do trabalho de tantos produtores que buscam levar itens agrícolas de qualidade às mesas dos brasileiros
Existem muitas soluções viáveis para conter os prejuízos
No cenário precário que acabamos de descrever, os produtores precisam constantemente considerar os riscos de perda relativos à safra (no caso, a safra 2023/2024). Muitos vêm buscando estratégias mais viáveis para plantio, colheita e manejo, como diversificar as culturas e adotar programas e tecnologias de gestão de risco – aquelas que permitam um monitoramento e até previnam contra mudanças climáticas extremas.
Algumas dessas estratégias partem de iniciativas públicas. É assim com o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que tem como objetivo ajudar o produtor a reduzir as perdas através da identificação da melhor época para plantio de culturas variadas em qualquer município brasileiro, não importam os tipos de solo e as condições. O ZARC segue uma metodologia de análise validada pela Embrapa e que foi adotada também pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Em uma perspectiva mais ampla, a inteligência artificial (IA) e a internet das coisas (IoT) são grandes aliadas no combate ao prejuízo na produção. É que muitos recursos inteligentes ajudam a prever catástrofes naturais, como incêndios e enchentes, a partir de dados coletados por softwares, satélites e análises cuidadosas do histórico climático de determinada região.
Essas soluções tecnológicas têm ainda um efeito positivo na sustentabilidade: através da IA e da IoT, é possível buscar práticas e infraestruturas agrícolas que ofereçam uma maior eficiência energética e, assim, um menor impacto sobre o meio ambiente. Muitas empresas, inclusive fora do setor agrícola, estão de olho nessa tendência e vêm adotando boas práticas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) como forma de alinhar o lucro à preservação dos recursos.
A internet das coisas é um dos vários recursos disponíveis para conter perdas e desperdícios na agricultura. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik
A Sensix segue a mesma tendência
A Sensix atua pautada nessa aliança entre otimização da produção agrícola e sustentabilidade, sempre com um olhar voltado para o combate às mudanças climáticas que desencadeiam perdas na produção e desperdícios de alimentos.
Foi com esse intuito que desenvolvemos o FieldScan, ferramenta capaz de potencializar o plantio e o manejo de diversas espécies vegetais. Dentre as diversas funcionalidades da plataforma, destacamos o sensoriamento remoto utilizado para coletar dados específicos sobre as condições do solo e da cultura como um todo. Feito a partir de satélites e drones, ele permite que os produtores se preparem antes e até durante eventos climáticos adversos para conter as perdas.
O ZARC, a IA, o FieldScan e tantos outros recursos estão aqui para mostrar que não é impossível (e muito menos difícil) conter os prejuízos ligados à produção agrícola no Brasil. Basta que os produtores tenham agilidade na busca por essas soluções. Afinal, o brasileiro tem o direito de se alimentar bem – e sempre que quiser – do que produzimos aqui.
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