Conhecido, sobretudo, por seu impacto na agricultura, o El Niño é um fenômeno meteorológico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical, em decorrência do enfraquecimento dos ventos alísios. No Brasil, seus efeitos incluem excesso ou falta de chuvas e temperaturas acima da média.
Na agricultura, muitos problemas podem ser gerados por essas mudanças climáticas, como quebra das safras de soja e milho no Nordeste e de cereais no Sul. Há de lembrar, no entanto, que o fenômeno não acontece sempre na mesma intensidade.
Em alguns anos, o El Niño registrou força destrutiva não só no Brasil, mas em muitos outros países relevantes para a agricultura mundial, como os Estados Unidos. Em outras momentos, por outro lado, o fenômeno teve força moderada e até mesmo fraca, sem grandes prejuízos.
No Brasil, o El Niño impacta as regiões do país de maneiras diferentes. O Norte e o Nordeste registram redução nas precipitações; o Centro-Oeste passa a ter irregularidade nas chuvas; o Sudeste tem aumento nas temperaturas e o Sul passa a ter mais abundância nas chuvas, além de aumento na temperatura.
Todas essas mudanças afetam a produção brasileira, já que 80% da produtividade agrícola do país dependem das condições climáticas. Na prática, áreas em que há redução nas chuvas desaceleram o desenvolvimento das culturas e, consequentemente, tem queda na produtividade.
As regiões com chuvas mais abundantes enfrentam inundações nas culturas, o que também leva a uma queda significativa na produtividade, além de diminuir a qualidade dos produtos e dificultar (ou mesmo inviabilizar) o escoamento da safra.
Por outro lado, o El Niño, quando tem força de fraca a moderada, também pode beneficiar a produção agrícola, por meio do aumento da umidade em várias regiões, o que favorece o plantio e o crescimento das culturas.
Como lidar com o El Niño
Devido à importância do clima para a agricultura, é fundamental que os produtores utilizem conhecimento e tecnologia para lidar com o El Niño.
No caso de excesso de chuvas, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) recomenda preparar o solo para a semeadura, realizar a semeadura no início do período recomendado, não semear em solos encharcados, fazer a rotação de culturas (já que a alta umidade pode favorecer o desenvolvimento de doenças), utilizar cultivares resistentes a doenças que podem se desenvolver com a umidade, realizar adubação nitrogenada, monitorar a adubação e fazer a colheita quando o produto atingir umidade adequada.
Já no caso de falta de chuvas, as dicas da Embrapa são: utilizar sistema de plantio direto, usar cultivares mais resistentes ao estresse hídrico, fazer um plantio mais profundo, utilizar irrigação quando possível e necessário e não utilizar uma quantidade de plantas acima da recomendada. Outra dica – essa válida tanto para o excesso quanto para a falta de chuvas – é sempre monitorar as condições meteorológicas de sua região.
O El Niño, por conta da falta ou do excesso de chuvas, também pode provocar o adoecimento de plantas. No caso do excesso de chuvas, o fato de as plantas ficarem molhadas por mais tempo pode fazer com que surjam fungos transmissores de doenças graves. Já a falta de chuvas pode fazer com que surjam pragas e daninhas nas plantações. Diante disso, é essencial que os produtores monitorem suas produções e saibam como enfrentar, da melhor forma possível, cada um desses problemas. Plataformas como o FieldScan facilitam esse tipo de análise, saiba mais sobre como utilizar os Índices de Vegetação neste outro artigo do nosso blog.
Retorno em 2022
Preparar-se para o El Niño, inclusive, é bastante oportuno nesse momento, pois, segundo especialistas, o fenômeno deve voltar a atingir o hemisfério sul em 2022, após cinco anos de atuação do fenômeno La Niña (que consiste em uma alteração cíclica das temperaturas médias do Oceano Pacífico, capaz de modificar uma série de outros fenômenos, como a distribuição de calor, a concentração de chuvas e a formação de secas). Saiba mais sobre a La Niña aqui.
O retorno do El Niño deve trazer uma melhora no quadro das chuvas no interior do continente sul-americano. A expectativa é que a intensidade retorne ao normal ou, até mesmo, seja acima da média em 2022. De acordo com o CEO do Climatempo, Carlos Magno, “ainda é cedo para afirmar se o fenômeno será intenso ou não, mas a partir de outubro poderemos assistir a uma recuperação dos reservatórios, de 2021 para 2022”.
Para os produtores, esse é um momento de se preparar para o El Niño e se lembrar de cinco dicas básicas para lidar com o fenômeno meteorológico:
- Ficar de olho nas condições meteorológicas e fenômenos climáticos na sua região;
- Conhecer bem sua propriedade e sua lavoura;
- Fazer um bom planejamento da sua atividade agrícola;
- Anotar ou registrar suas atividades agrícolas;
- Monitorar sua lavoura e protegê-la dos efeitos do El Niño no Brasil.
Conclusão
O El Niño é um fenômeno meteorológico cujos efeitos estão diretamente ligados à produção agrícola. Dessa forma, ele deve ser estudado e compreendido pelos produtores para que suas plantações sofram o menor impacto possível das mudanças climáticas provocadas por ele, ou seja, falta ou excesso de chuvas.
O fenômeno pode ter diferentes intensidades e o produtor deve estar preparado para lidar com todas elas. Para isso, pode contar com a tecnologia, com constantes estudos sobre o tema e, claro, com alguns cuidados cotidianos básicos, como fazer planejamento, ter cuidados extras no momento de realizar a semeadura e monitorar as condições meteorológicas de sua região.
Também é importante lembrar que o El Niño, quando ocorre em intensidade fraca ou até mesmo moderada, pode ser um aliado da produção agrícola, já que leva umidade a diversas regiões. Por fim, o produtor deve ter ciência de que a previsão é que o El Niño volte a atingir o hemisfério sul em 2022, portanto, desde já deve se preparar para esse fenômeno e seu impacto na agricultura brasileira.
Fontes
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