Jovens no campo: Crescente uso de tecnologia atrai cada vez mais nicho para o campo

As muitas transformações vivenciadas no campo, impulsionadas, sobretudo, pela tecnologia, passam por diversos segmentos. Prova disso é que aquela imagem de que o campo é um lugar atrasado e conservador não existe mais. Hoje, inclusive, muitos jovens participam das mais diversas etapas da produção agrícola, com destaque para as técnicas e ferramentas utilizadas pela Agricultura de Precisão (AP). 

Nesse contexto, algo essencial para atrair os jovens para a agricultura é o uso da tecnologia, algo que se tornou indispensável entre os produtores que desejam alcançar resultados realmente expressivos em sua lavoura. Não por acaso, palavras como software, hardware, drones e aplicativos passaram a fazer parte do vocabulário de quem atua no campo. 

Além disso, hoje os jovens estão bastante conectados a redes sociais e atentos a temas como empoderamento feminino, igualdade de gênero, sustentabilidade e diversidade, todos tópicos que vêm ganhando destaque no setor agro. 

O aumento de jovens que trabalham ou desejam trabalhar no campo não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo da National Young Farmers Coalition sobre o impacto dos jovens na agricultura demonstra que eles estão transformando o modelo de produção de alimentos, ao buscar formas de tornar a agricultura mais eficiente, rentável e sustentável. 

Outra questão pertinente é que a agricultura tem se profissionalizado cada vez mais com a mecanização e a introdução da Agricultura de Precisão (AP), esta última, responsável por técnicas e tecnologias que chamam a atenção dos jovens, como telemetria e georreferenciamento.

De acordo com o Censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 6,5 milhões de jovens entre 18 anos e 32 anos viviam no campo. A nova contagem populacional deverá mostrar um aumento considerável desse público, em especial em regiões com grande participação no agronegócio, como Mato Grosso do Sul. 

Outra diferença dos jovens em relação às gerações anteriores é que a democratização do ensino superior fez com que mais pessoas pudessem ter acesso à educação formal e, assim, adquirissem conhecimentos técnicos necessários para atuar em diversas áreas ligadas ao agro, com destaque, é claro, para os engenheiros agrônomos. 

Agtechs

As Agtechs, também chamadas de Agrotechs, têm atraído muitos jovens com seu modelo de trabalho, em que a tecnologia é utilizada para apresentar soluções para problemas comuns no campo e beneficiar as empresas que trabalham com agropecuária. Para isso, utilizam ferramentas como inteligência artificial, big data, Internet das Coisas e outras soluções de automação.

Dentre as principais vantagens das Agtechs estão a otimização do uso de recursos e redução de desperdícios, a automação de tarefas e aumento de produtividade, a maior previsibilidade para os negócios, a melhora na gestão de custos e as oportunidades para a inovação contínua no setor.

Já em relação às principais características desse tipo de negócio estão o fato de as Agtechs serem nativas digitais, criadas com a intenção de proporcionar inovação para o mercado, além do foco no crescimento em curto ou médio prazo.

As Agtechs podem focar em soluções de diferentes áreas, com destaque para o maquinário, a biotecnologia, a logística, as análises do campo, entre muitos outros, sempre com foco na produção sustentável, sem deixar de lado a quantidade e a qualidade dos alimentos produzidos. 

O caso da China

Atualmente os jovens têm tanto a contribuir no campo, que alguns dos principais produtores mundiais de alimentos têm buscado atraí-los para o campo. Exemplo disso é a China, em que os Ministérios da Educação, das Finanças, da Seguridade Social, dos Assuntos Civis e Recursos Humanos uma declaração conjunta oferecendo incentivos para universitários recém-formados que aceitem ocupações profissionais em aldeias.

O governo oferece incentivos fiscais e empréstimos para quem abrir negócios no campo, além de estender os benefícios às empresas do interior que contratem jovens formados em diversas áreas. Não é a primeira vez que o governo chinês faz campanhas para que os jovens migrem para o campo, já que na década de 1960, houve um movimento similar.

Conclusão

Com as mudanças provocadas pelo uso da tecnologia na agricultura, o setor tem atraído muitos jovens que desejam trabalhar no campo, nas mais diversas funções. Muito disso se deve à Agricultura de Precisão (AP) que tem transformado a maneira de produzir alimentos. Existe também a questão de que hoje o acesso ao ensino superior é muito mais fácil, o que resulta na qualificação de diversos profissionais para atuar no setor, com destaque para os engenheiros agrônomos. Outra questão relevante é o surgimento e a disseminação das Agtechs, startups voltadas ao desenvolvimento de soluções tecnológicas para o setor agro, com foco no aumento da produtividade e na redução dos impactos ambientais.

Em meio a tudo isso, a expectativa é que o número de jovens que trabalham no campo aumente bastante nos próximos anos, não apenas no Brasil, mas em muitos outros países.  

Leia também: Jovens no campo: uma nova realidade do agro

Referências

Summitagro Estadão

Remessa Online

Folha de Londrina

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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