Embora seja uma atividade econômica essencial para o Brasil, a exportação de alimentos e commodities agrícolas ainda enfrenta seus percalços
A exportação de alimentos e commodities agrícolas é uma das principais atividades econômicas em boa parte do mundo. No Brasil, para você ter ideia, essa exportação bateu US$159 bilhões em 2022 – entre café, soja, milho, carne bovina, frango, cana-de-açúcar e afins –, representando um aumento de 32% em relação ao ano anterior.
No entanto, apesar de a atividade ser tão essencial nas relações econômicas que mantemos com parceiros internacionais, ela ainda é marcada por uma série de desafios. Felizmente, há também oportunidades na mesma medida. E é disso que queremos falar hoje!
Desafios da exportação agrícola
- O uso de recursos
Um dos principais desafios que a exportação agrícola enfrenta está, por assim dizer, na base de todo o processo: é a busca por formas mais eficientes de produção, ou seja, utilizando menos recursos – desde insumos a espaço no campo e, claro, à mão de obra.
Isso acontece, entre outros fatores, porque as taxas de desperdício alimentar no Brasil são desnecessariamente altas. De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), há desperdício em toda a cadeia de produção agrícola: 10% de tudo que é colhido acaba perdido ainda no campo; 50% se perde durante o manuseio e o transporte internos; 40%, durante a comercialização e o abastecimento; e 10% da produção é jogada fora em mercados, restaurantes e casas.
Outro desafio importante em termos de recursos é a necessidade de adoção de práticas que reduzam os impactos ambientais da agricultura, tais quais a poluição do solo e da água. Pode não parecer, mas isso impacta diretamente a exportação!
- A logística
A logística é uma das partes mais importantes em todo o processo agrícola, uma vez que engloba uma série de etapas que levam ao escoamento da produção dentro e fora do Brasil.
Essas etapas precisam assegurar a qualidade e a segurança dos alimentos e commodities, que devem chegar ao seu destino próprios para consumo/utilização e dentro das normas regulatórias locais (falamos mais disso adiante).
Quando se fala de logística, os principais desafios estão em questões como os grandes volumes destinados à exportação (o que, por si só, já exige infraestruturas complexas), distâncias (que afetam a conservação dos produtos) e gastos (que dependem de fatores como tamanho e peso das cargas, além de necessidades individuais).
- Questões regulatórias
Os desafios regulatórios têm a ver com o fato de que cada país (ou, em alguns casos, cada região) possui suas próprias regulamentações em termos de segurança dos produtos importados. Muitos produtores enfrentam dificuldades para se adequar a certificações sanitárias específicas, que podem diferir bastante das que são seguidas no Brasil.
Outra questão aqui é a conformidade com padrões e regras internacionais – muitos de caráter financeiro –, incluindo determinadas restrições do G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias globais, além da União Africana e da União Europeia) e da Organização Mundial do Comércio (OMC) para a exportação de commodities agropecuários.
A OMC, em particular, estabelece barreiras fitossanitárias que buscam proteger plantas e frutas de doenças e pragas que poderiam acabar afetando a saúde humana e animal.
- A concorrência internacional
O último desafio que vamos citar aqui está na concorrência internacional. O Brasil é um dos cinco maiores produtores agrícolas no mundo, junto à China, aos Estados Unidos, à Índia e à Rússia.
Apesar de cada país ter suas especificidades e exportar commodities ligeiramente diferentes (mas não exclusivos) – os Estados Unidos são líderes em soja, milho e trigo, enquanto o Brasil lidera em carnes, café e afins –, fato é que cada um desses grandes exportadores realiza investimentos robustos em produção e tecnologias. O problema surge quando os produtores internos não são capazes de suprir a demanda em constante evolução.
Da produção à logística, a exportação enfrenta uma série de desafios – e, felizmente, apresenta oportunidades na mesma medida. Imagem: Reprodução/Imagem de standrest no Freepik.
Oportunidades de exportação
- Aumento na demanda mundial por alimentos
Uma das oportunidades mais óbvias de exportação de produtos agrícolas está na demanda crescente por alimentos ao redor do mundo. De acordo com previsões da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO), da ONU, a produção anual de cereais precisa subir em cerca de um bilhão de toneladas para acompanhar a demanda até 2050 – enquanto a demanda por carnes deve passar de 470 milhões de toneladas.
Nesse quesito, o Brasil já tem vantagem sobre seus concorrentes: quase todos os países do mundo são clientes de produtores brasileiros, sendo que hoje somos os maiores vendedores de commodities como soja, carne bovina, frango, café e açúcar.
- Mercados internacionais em expansão
Como dissemos na introdução deste artigo, a exportação de alimentos no Brasil superou a marca de US$159 bilhões de dólares em 2022 – um aumento de 32% em comparação ao ano anterior. Essa alta quer dizer que os mercados consumidores internacionais estão comprando mais dos nossos produtos, o que condiz com a demanda crescente por alimentos que acabamos de mencionar.
Outro dado interessante é o aumento na participação de mercados além do norte-americano e do europeu nas exportações brasileiras: entre 2010 e 2018, países asiáticos, africanos e árabes passaram a contribuir com boa parte das negociações de commodities agrícolas. Em 2019, o governo iniciou conversas para interagir com o mercado da Indonésia.
- Tendências de consumo
As previsões de tendências para o consumo de produtos agrícolas também apresentam boas oportunidades de comércio para o Brasil. De acordo com pesquisas que analisam a década de 2020/2021 a 2030/2031, as exportações de soja devem subir 33,6%, enquanto as de milho e café devem crescer, respectivamente, 43,8% e 23%. Isso é excelente, visto que esses são alguns dos nossos principais commodities enviados ao mercado internacional.
É possível superar os desafios à exportação?
Sim, é bem possível. E as soluções não precisam ser mirabolantes – aliás, sempre falamos delas aqui no blog: investir em tecnologias voltadas para o setor agrícola, buscar parcerias estratégicas com mercados internacionais valiosos e adotar melhores práticas de gestão (muitas vezes aliando a tecnologia com o trabalho humano) são três formas de otimizar o comércio exterior e garantir um papel de protagonismo cada vez maior ao Brasil. Basta que nossos produtores continuem se dedicando e investindo nos melhores caminhos para a evolução do setor!
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