Entenda quais são os impactos das queimadas nas lavouras brasileiras

Altas temperaturas, falta de chuvas e falta de ações preventivas têm elevado o risco de perdas de lavouras por uma razão que, infelizmente, tem se tornado cada dia mais comum. Estamos falando das queimadas, que causam prejuízos na fase mais crítica do ano em diversas regiões produtoras.

Em Mato Grosso, por exemplo, cerca de 740 mil hectares já foram atingidos por incêndios florestais entre janeiro e julho deste ano, segundo análise realizada pelo Instituto Centro da Vida (ICV) com base em dados do sistema da Nasa.

Situação semelhante já foi presenciada nos estados do Paraná, São Paulo e Goiás, que já trouxeram problemas na colheita do milho, resultando em perda de produtividade e perda econômica aos produtores.

Mas, além das perdas produtivas e econômicas, as queimadas trazem sérios problemas para o meio ambiente, para os solos e para a saúde humana. Dessa forma, é extremamente importante conhecer os impactos das queimadas sobre o agronegócio, que vão além das perdas da produção e da saúde financeira da atividade. 

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Aumento na incidência de queimadas
Aumento na incidência de queimadas. Fonte: Taubaté SP

Queimadas na agricultura e suas principais causas

Por definições amplamente citadas, as principais causas dos incêndios florestais e de lavouras estão relacionadas aos seguintes fatores:

  • Raios – descargas elétricas atmosféricas, comuns nas nuvens tipo CB (Cumulonimbus);
  • Incendiários (criminoso) – fogo ateado por vingança ou outra questão relacionada à conflitos sociais;
  • Queimadas para limpeza – na agricultura, nas pastagens ou em áreas de reflorestamento;
  • Fumantes – fósforos e pontas de cigarros acesos, atirados ao chão;
  • Fogos campestres – fogueiras em acampamentos, caçadas e pescarias;
  • Operações florestais – trabalhadores florestais em atividade;
  • Outras – balões de festas juninas, efeito-lente de cacos de vidro, etc.
Raios: Causadores de incêndios em muitas áreas agrícolas
Raios: Causadores de incêndios em muitas áreas agrícolas. Fonte da imagem: Umbriaprivate

Vale lembrar que, por causas naturais, as queimadas geralmente ocorrem em regiões do Cerrado, em que o fogo favorece algumas espécies de plantas e suas sementes só germinam devido ao calor produzido.

Nesses casos, a recuperação desse bioma mediante ação do fogo será rápida, atraindo diversos animais em busca da rebrota das plantas. 

Entretanto, atualmente a maioria das queimadas se deve à ação do homem que, por acidente ou não, ocasiona sérios prejuízos ao meio ambiente.

Queimadas como estratégia de manejo: Prática antiga, mas com consequências negativas

Na agricultura brasileira, as queimadas controladas representam uma prática que foi, por muito tempo, bastante comum, sendo ainda muito usada em propriedades com o objetivo de limpar a superfície da terra e “prepará-la” para um novo plantio.

O que ocorre, porém, é que muitas vezes, essa prática foge do controle, pois é feita de maneira totalmente indiscriminada e sem acompanhamento, causando danos ao solo, como a eliminação de nutrientes essenciais às plantas. As queimadas também trazem uma série de prejuízos à biodiversidade, à dinâmica dos ecossistemas e à qualidade do ar.

Em curto prazo, o uso da queimada pode até favorecer a renovação da vegetação, principalmente por essa ser uma ferramenta acessível e de baixo custo, mas, em longo prazo, as consequências não são tão positivas.

Especialistas indicam que as queimadas geram degradação do solo pela exposição direta à chuva, além da eliminação da biodiversidade animal e vegetal, fatores importantes para o controle de pragas e doenças, e perda de nutrientes essenciais ao crescimento das plantas.

Mas o problema se torna ainda maior quando as queimadas fogem do controle e podem devastar gigantes áreas, ou quando há queimadas acidentais, que causam intensas perdas da produção das lavouras, com consequente perdas econômicas de grandes proporções.

Consequências agronômicas das queimadas em solos agrícolas

Mesmo quando controladas e devidamente autorizadas pelos órgãos ambientais, as queimadas, principalmente quando ocorrem de forma recorrente, podem danificar o solo e, consequentemente, aumentar os custos de produção. Alguns são os motivos destas consequências, das quais vale citar:

  • Degradação dos solos

O fogo decorrente das queimadas provoca alterações físicas, químicas e biológicas no solo, principalmente por eliminar diversos nutrientes deste solo, como nitrogênio, potássio e o fósforo, considerados elementos essenciais para melhor desenvolvimento da planta;

  • Compactação

As queimadas são fatores que contribuem para a redução da umidade, com consequente compactação dos solos. Estes, por sua vez, ficam suscetíveis a processos erosivos e outras formas de degradação que comprometem a produtividade;

  • Eliminação da biodiversidade 

O fogo, quando presente em florestas e lavouras, destrói a biodiversidade do micro, meso e macrofauna, considerados bastante importantes para o controle de pragas e doenças, além de preservar a fertilidade da terra.

Mas, além dos danos ao solo, as queimadas também trazem sérias consequências ao meio ambiente. Entre elas, a liberação de gases de efeito estufa, poluição de nascentes, rios e águas subterrâneas e destruição de habitats naturais.

As queimadas e suas consequências
As queimadas e suas consequências. Fonte: Revista Galileu

Sob o ponto de vista agronômico, as queimadas não proporcionam benefícios, pelo contrário, são responsáveis por trazer sérias consequências às lavouras. As consequências principais neste contexto estão associadas à:

  • Desencadeia o processo erosivo e outras formas de degradação do solo;
  • Aumenta da liberação de dióxido de carbono, considerada uma das principais causas do aquecimento global;
  • Poluem nascentes, águas subterrâneas e rios por meio das cinzas;
  • Destrói habitats naturais.

Sérios impactos econômicos das queimadas sobre a agricultura

Além da elevação do custo de produção e da perda de uma lavoura, as queimadas trazem sérias e trágicas consequências econômicas ao agronegócio como um todo.

Assim, além do enorme impacto ambiental causado por este tipo de desastre ambiental, há uma questão socioeconômica envolvida que merece total atenção, já que diversas famílias próximas ao local das queimadas abandonam seus lares e a região por muitas vezes demora anos para retomar a sua normalidade econômica.

Outros custos diretos das queimadas estão relacionados com a destruição de benfeitorias (máquinas, fiação elétrica e dutos de irrigação), plantações e recursos madeireiros. No caso da queima de cercas, o prejuízo pode variar da destruição completa das estacas e arame pelo fogo, ao aquecimento do arame, expondo-o a uma rápida deterioração pela ferrugem.

Por fim, os prejuízos decorrentes das queimadas tendem a refletir na elevação dos preços de grãos. Um estudo do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) montou um cálculo do custo por hectare do bolso do produtor caso a safra fique comprometida pela ação do fogo.

Para o milho, o estudo indicou que as perdas podem custar até R$8,5 mil por hectare. Já para o algodão, a perda é ainda maior, chegando a até R$20,6 mil por hectare de área plantada.

Exatamente por isso, o agricultor não pode descuidar de sua lavoura durante seu desenvolvimento e após a finalização da colheita, afinal a palhada que fica no solo funciona como excelente combustível, exigindo monitoramento constante.

Melhores estratégias para evitar queimadas em áreas de lavoura

Entre os meses de junho e início de setembro, o Brasil vive um momento de falta de chuvas e clima seco, por isso a ocorrência de queimadas, sejam naturais ou não, tendem a ser mais elevadas. Então, é extremamente importante ter atenção a alguns pontos e tomar medidas de precaução:

  • Nunca jogue bitucas de cigarros no chão, seja em qual área for;
  • Não queime lixo, folhagens, galhadas e entulhos;
  • Fique bastante atento ao surgimento de queimadas em sua área ou em áreas da vizinhança;
  • Esteja devidamente preparado para situações associadas aos incêndios – informe-se e solicite em associações ou sindicatos rurais sobre treinamento para rápido combate ao incêndio;
  • Caso presencie um incêndio, entre em contato imediatamente com o Corpo de Bombeiros (número 193) ou Defesa Civil (número 199).

Por fim, mas não menos importante, a recomendação é não realizar queimadas em qualquer área. O ideal é optar por outros manejos, que não são prejudiciais ao solo, ao meio ambiente e que não causam perdas produtivas e econômicas.

Conclusão

Para a agricultura, as consequências das queimadas podem ser bastante sérias, com capacidade de afetar os atributos físico, químico e biológico de solos agrícolas, além de sérias consequências econômicas.

Por isso, é extremamente importante estar sempre atento às queimadas em áreas agrícolas, além de saber exatamente o que deve ser feito para evitar queimadas na área de produção, assim como o que deve ser feito caso esse problema ocorra. 

Referências

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Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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