A cada dia tem ficado mais evidente que o crescimento econômico pode caminhar lado a lado com a sustentabilidade. Em prol desse equilíbrio, a Embrapa Agroindústria Tropical mantém uma série de iniciativas consideradas referências para o mundo todo. Algumas delas foram divulgadas pelo artigo “Produção e consumo sustentável: bem-estar, equidade social e equilíbrio ambiental”, estudo realizado com o objetivo de demonstrar o quanto prática sustentáveis, além de corretas, podem ser lucrativas.
O estudo se baseia na busca global pela redução da exploração dos recursos naturais, algo que tem causado sérios prejuízos à biodiversidade e ao meio ambiente. Aborda, inclusive, novas tecnologias que contribuem para que a atividade agrícola cause cada vez menos danos ambientais, sem que a produtividade, a qualidade e lucratividade sejam prejudicadas.
Um ótimo exemplo disso é a Agricultura de Precisão (AP), que recorre a ferramentas tecnológicas para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir os impactos ambientais. Para isso, analisa as necessidades e características de cada área de uma propriedade e, a partir disso, torna mais eficiente o uso de água, fertilizantes, defensivos agrícolas, etc.
Nesse contexto, a AP é essencial para a produção sustentável, algo que tem sido bastante difundido pela Embrapa, por meio de diversas iniciativas. A produção sustentável leva em conta os limites de oferta de recursos naturais e a capacidade do meio ambiente para absorver os impactos das ações humanas, especialmente no que se refere a aspectos como as emissões de gases do efeito estufa.
Dessa forma, a produção sustentável visa a aplicação de boas práticas agrícolas para a preservação dos ecossistemas, o que protege a biodiversidade e os recursos naturais. Outro benefício dessas ações é que elas agregam valor ao produto, pois a proteção ao meio ambiente se tornou uma preocupação global e, na prática, muitos consumidores levam isso em conta no momento de escolher que produto comprar.
Atualmente, as soluções na Embrapa voltadas à produção sustentável incluem: manejo do solo, desenvolvimento de cultivares em sistemas orgânicos e agroecológicos, capacitações, zoneamento agroecológicos e sistema de plantio direto.
Sistema de Produção Integrada
Coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Programa de Sistema de Produção Integrada (PI-Brasil) tem o objetivo de atuar na gestão do processo produtivo, com monitoramento preciso de todas as etapas da produção, além de ser o responsável por emitir a certificação denominada Brasil Certificado, voltada a empresas que seguem um protocolo específico de normas técnicas reconhecidas pelo Inmetro e adequadas a cada produto, incluindo as boas práticas agropecuárias e o respeito à legislação ambiental, sanitária e trabalhista.
A Embrapa também adota o Manejo Integrado de Pragas (MIP) e a redução do uso de fertilizantes e defensivos agrícolas. Outro trabalho relevante é o desenvolvimento de sistemas de produção integrada para culturas como coco, uva, manga, caju, feijão, morango, citros, maçã e outros.
A empresa ainda pesquisa tecnologias de produção integrada de alimentos, incluindo frutas, hortaliças, aves, pequenos animais e peixes, o que tem capacidade para gerar alimentos seguros para o consumidor.
Balde Cheio
Coordenado pela própria Embrapa, o projeto Balde Cheio visa o desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira, por meio da capacitação de profissionais contratados por entidades parceiras para dar assistência técnica aos produtores. A prática tem como principais bases introduzir novas tecnologias, promover o melhoramento genético dos rebanhos e aprimorar as ferramentas de gestão.
Aproveitamento de resíduos
Outra preocupação da Embrapa é reduzir o desperdício de alimentos, o que se dá, em muitas das vezes, por conta de hábitos inadequados de consumo, como a compra de alimentos que ultrapassam sua validade antes de serem consumidos.
Diante disso, a Embrapa desenvolveu e disponibilizou diversas soluções tecnológicas, como fabricação de compostos orgânicos, fabricação de compostos anaeróbicos, biofertilizantes, compostagens de resíduos agrícolas em leiras estáticas, compostagens de resíduos para produção de adubos orgânicos, compostagens a partir de carcaças e resíduos pecuários e cobertura morta com resíduos de leguminosas.
Também desenvolveu técnicas de manipulação e processamento de parte dos produtos agropecuários para serem reinseridos no processo produtivo, como o uso da manipueira, de resíduos orgânicos e feno de mandioca para ruminantes, além de técnicas de biodegradação de produtos agropecuários.
Durante o processamento agroindustrial também são gerados resíduos com potencial para serem transformados em novos produtos, a maioria, inclusive, como valor agregado. Alguns exemplos incluem geleias e corantes naturais (feitas a partir de cascas e caroços de frutas) e patês (criados a partir de resíduos cárneos).
Biocompósito a partir do caroço de manga
Outro produto que chama a atenção é biocompósito desenvolvido a partir da amêndoa do caroço de manga, produto descartado pela indústria de processamento de sucos em mistura com o poli e a triacetina.
O material, desenvolvido com o uso de nanotecnologia, é resistente, semitransparente e biodegradável, sendo, inclusive, um substituto para os compósitos de petróleo utilizados na fabricação de embalagens para alimentos gordurosos.
Corantes
Os corantes à base de casca de jamelão, jambo ou jabuticaba, utilizados pelas indústrias de alimentos, farmacêutica e de cosméticos, são ricos em antocianinas (pigmentos solúveis em água) e se destacam por serem isentos de contaminação microbiológica e por possuírem coloração característica dos pigmentos de interesse. O produto tem baixo custo para a agroindústria e tem conquistado um espaço cada vez maior no mercado.
Pó de coco
Considerado um material biodegradável, renovável e leve, o pó de coco favorece a atividade fisiológica das raízes e pode ser usado como ingrediente para a formulação de substratos agrícolas e composto orgânico. A fibra é muito usada para o artesanato e para a confecção de vasos e placas para o plantio, em substituição ao xaxim.
Conclusão
A produção agrícola em equilíbrio com o meio ambiente tem conquistado um espaço cada vez maior no mundo todo, afinal, proteger a natureza é essencial para o futuro da humanidade. Hoje já está claro que, graças ao avanço tecnológico, é possível aumentar a produtividade ao mesmo tempo em que os impactos ambientais são reduzidos.
Nesse contexto, a Agricultura de Precisão (AP) desempenha um papel importante, assim como as instituições que se preocupam em desenvolver novas técnicas e tecnologias voltadas à produção sustentável, sendo a Embrapa um grande exemplo disso.
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