Controle da Cigarrinha do Milho: Protegendo o Cultivo e a Economia Brasileira

O milho é um dos pilares da agricultura brasileira, sendo fundamental para a economia do país. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção de milho na safra 2022/2023 alcançou aproximadamente 125,7 milhões de toneladas, consolidando o Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais do grão. Esse cenário ressalta a importância de proteger essa cultura vital contra previsões e doenças, como a cigarrinha do milho e o enfezamento, que podem causar prejuízos significativos.

Sendo uma das culturas mais importantes para o agronegócio brasileiro, não apenas pela sua relevância na alimentação humana e animal, mas também pelo seu impacto econômico significativo. No entanto, o cultivo enfrenta desafios constantes, como pragas e doenças que podem comprometer severamente a produtividade e a qualidade dos grãos. Neste artigo, exploraremos especificamente o controle da cigarrinha do milho e sua associação com o enfezamento, abordando técnicas eficazes de manejo e destacando a importância de estratégias preventivas.

A Importância Econômica do Milho no Brasil

 O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de milho, com uma produção que ultrapassa os 100 milhões de toneladas por ano. Além de ser fundamental na alimentação animal e humana, o milho é utilizado na indústria de biocombustíveis e serve como matéria-prima para uma ampla gama de produtos industriais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o milho ocupa uma área cultivada de aproximadamente 18 milhões de hectares no país, com uma produção que contribui significativamente para a balança comercial agrícola. A exportação de milho brasileiro movimenta bilhões de dólares anualmente, destacando a importância estratégica desse cultivo para a economia nacional.

Embora isso tenha seus benefícios, também traz desafios, como a quebra da sazonalidade no cultivo, resultando em maior pressão de previsões e doenças. De acordo com a Embrapa, as perdas anuais devido a previsões e doenças no milho superam um bilhão de dólares. Um exemplo notável é o enfezamento do milho.

Por todos esses fatores o milho ocupa um papel de destaque na agricultura brasileira, correspondendo a aproximadamente 40% da colheita total de grãos. Sua produção tem aumentado anualmente, impulsionada pelo sistema de cultivo principal e secundário, que permite seu plantio em múltiplas épocas

Cigarrinha do Milho e Enfezamento: A Ameaça aos Cultivos

Os enfezamentos são doenças que afetam plantas, especialmente o milho, e são causados por diferentes tipos de bactérias. Existem dois principais tipos de enfezamento: o enfezamento-pálido e o enfezamento-vermelho.

O enfezamento-pálido é causado pelo espiroplasma, um tipo de bactéria em forma de espiral. As plantas afetadas por esta doença apresentam sintomas como clorose (amarelecimento das folhas), redução do crescimento e produção, além de um enfraquecimento geral. O espiroplasma é transmitido por insetos vetores, principalmente a cigarrinha Dalbulus maidis, que ao se alimentar da seiva da planta, espalha a bactéria de uma planta infectada para uma planta saudável.

Por outro lado, o enfezamento-vermelho é causado por fitoplasma, que é outro tipo de bactéria, mas sem uma forma definida e que vive dentro das células das plantas. As plantas infectadas pelo fitoplasma apresentam sintomas como a coloração vermelha ou arroxeada das folhas, também podendo ocorrer a diminuição do crescimento e produção, deformações nas folhas e esterilidade das espigas. Assim como o espiroplasma, o fitoplasma é transmitido por insetos vetores, sendo a cigarrinha Dalbulus maidis um dos principais responsáveis pela disseminação da doença.

Ambos os tipos de enfezamento causam sérios prejuízos à agricultura, especialmente nas plantações de milho, e o controle dessas doenças envolve o manejo adequado dos vetores, o uso de variedades resistentes e práticas agrícolas que diminuam a incidência desses patógenos.

Imagem de uma plantação com zoom em uma cigarrinha do milho
A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é um inseto que se alimenta da seiva das plantas, transmitindo patógenos que causam o enfezamento.

Transmissão e Impacto na Produtividade


O ciclo de vida da cigarrinha do milho, desde o ovo até o adulto, dura aproximadamente 25 dias. A longevidade do inseto adulto varia, vivendo em média 50 dias, mas podendo chegar a até 110 dias em algumas condições. Durante sua vida, a cigarrinha pode migrar grandes distâncias, inclusive de um talhão para outro, levando consigo os patógenos e transmitindo a doença a novas plantas de milho.

Quando uma cigarrinha infectada se alimenta de uma planta de milho saudável, ela transmite os patógenos para a nova planta, reiniciando o ciclo da doença. A cigarrinha, uma vez contaminada, continua sendo um vetor de transmissão durante toda a sua vida. Este processo pode resultar em infecções generalizadas em plantações de milho, com perdas significativas de produtividade.

Em plantações afetadas pelo enfezamento, as perdas de produtividade podem ser extremamente altas, chegando a uma redução de até 70% em relação às plantas saudáveis. As plantas infectadas mostram sintomas como amarelecimento das folhas, redução no tamanho das espigas e formação inadequada dos grãos. Esses efeitos comprometem a colheita e a qualidade do milho produzido, causando impactos econômicos significativos.

A temperatura e a disponibilidade de plantas hospedeiras são fatores que influenciam a população da cigarrinha-do-milho. Em ambientes favoráveis, onde a temperatura é ideal e há abundância de plantas hospedeiras, a população de cigarrinhas pode explodir, aumentando a disseminação dos patógenos e a incidência do enfezamento.

Ciclo completo da Dalbulus maidis

Estratégias de Controle e Manejo Integrado

1. Monitoramento e Identificação

O primeiro passo para o controle eficaz da cigarrinha do milho é o monitoramento constante das áreas cultivadas. Detectar precocemente a presença da praga e seus sintomas ajuda na tomada de decisões rápidas e eficientes. A agricultura de precisão pode desempenhar um papel crucial no combate ao enfezamento do milho, proporcionando ferramentas e técnicas avançadas para monitorar, analisar e gerenciar plantações de forma mais eficaz.

2. Uso de Cultivares Resistentes

A seleção de cultivares de milho geneticamente resistentes ao enfezamento é uma estratégia promissora. Pesquisas têm demonstrado que variedades resistentes podem reduzir significativamente os danos causados pela doença. A Embrapa tem desenvolvido e testado diversas variedades de milho resistentes ao enfezamento-pálido e enfezamento-vermelho. Em testes de campo, essas variedades mostraram uma redução significativa na incidência de doenças e um aumento na produtividade em comparação com variedades suscetíveis. 

3. Manejo Cultural

Práticas como rotação de culturas, manejo adequado da adubação e época de plantio podem influenciar na incidência da cigarrinha do milho. O manejo integrado de pragas (MIP) inclui também a adoção de técnicas que promovam a biodiversidade na área cultivada, reduzindo assim a pressão das pragas.

4. Controle Químico

Em casos severos, o controle químico pode ser necessário. No entanto, é fundamental que seja realizado de forma racional e seguindo as recomendações técnicas para minimizar impactos ambientais e evitar resistência das pragas aos defensivos agrícolas.

O controle da cigarrinha do milho e do enfezamento é crucial não apenas para garantir a sustentabilidade e a rentabilidade das lavouras, mas também para preservar a posição de destaque do Brasil como um dos principais produtores de milho globalmente. A implementação de práticas de manejo integrado, aliada à pesquisa contínua e ao desenvolvimento de cultivares resistentes, são passos fundamentais para enfrentar os desafios fitossanitários que ameaçam a cultura do milho.

Por meio dessas estratégias, os agricultores brasileiros podem não apenas proteger suas colheitas, mas também contribuir de forma significativa para a economia nacional, assegurando um suprimento estável e de qualidade do milho, tanto para consumo interno quanto para exportação.

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