A safra 2024/25 apresenta grandes expectativas e desafios, principalmente em função das condições climáticas, manejo de doenças e avanços tecnológicos. Os produtores brasileiros, especialmente de soja e milho, precisam lidar com a escassez de crédito, incertezas climáticas e a crescente demanda por inovação no campo.
Este artigo aprofunda essas questões, fornecendo uma visão baseada em pesquisas e orientada para agrônomos e fazendeiros que buscam maximizar a produtividade e enfrentar os obstáculos da nova safra.
Desafios climáticos e a transição El Niño/La Niña
A safra 2024/25 começa sob a influência da transição de um ciclo climático El Niño para La Niña. Enquanto o El Niño é marcado por chuvas irregulares e temperaturas elevadas, o La Niña tende a trazer precipitações mais abundantes, especialmente para o sul do Brasil. Essas mudanças climáticas impactam diretamente o desenvolvimento das culturas de verão e perenes, podendo afetar negativamente a produtividade, especialmente em regiões como o Centro-Oeste, que já sofrem com períodos de seca(
Doenças e manejo fitossanitário
As doenças continuam sendo uma grande ameaça, com destaque para a ferrugem asiática da soja, uma das mais devastadoras. Segundo a Embrapa, o vazio sanitário é uma prática essencial para controlar essa doença, impedindo a sobrevivência do fungo entre as safras. A recomendação é que os produtores façam um monitoramento rigoroso, utilizando fungicidas e adotando técnicas de manejo integrado de pragas para minimizar os riscos.
Além disso, o uso de sementes certificadas e de alta qualidade se torna crucial. Sementes com maior vigor genético reduzem a incidência de doenças e pragas, além de promover uma melhor uniformidade no desenvolvimento das plantas.
O vazio sanitário é uma prática essencial para reduzir a pressão de doenças, como a ferrugem asiática, sobre as plantações de soja. Ele consiste em um período de no mínimo 60 dias em que a cultura da soja é totalmente ausente no campo. O objetivo é eliminar plantas vivas de soja que possam servir de hospedeiras para o fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática. Sem essas plantas, o fungo não tem como se multiplicar, o que reduz significativamente sua presença no início do próximo ciclo produtivo.
Essa técnica é especialmente importante porque a ferrugem asiática é uma doença que se espalha rapidamente em condições favoráveis, como umidade e temperaturas moderadas, e pode causar grandes perdas de produtividade. Ao implementar o vazio sanitário, os produtores interrompem o ciclo do fungo, diminuindo a necessidade de uso intensivo de fungicidas e protegendo as lavouras no momento mais crítico do seu desenvolvimento.
No Podcast Soja Brasil, o pesquisador Leonardo Campos, da Embrapa Soja, destaca a importância dessa prática para proteger as lavouras, especialmente em regiões onde as condições climáticas favorecem o desenvolvimento do fungo. Ele também aborda outros pontos essenciais, como o uso de sementes certificadas, que garantem melhor qualidade genética, maior produtividade e menor risco de contaminação por pragas e doenças. Sementes de má qualidade, segundo Campos, podem acarretar perdas econômicas significativas e problemas ambientais(
Além disso, Campos ressalta que a semeadura é um dos momentos mais críticos do ciclo produtivo. Uma distribuição adequada das sementes, aliada à correta regulagem das máquinas, maximiza o aproveitamento de recursos naturais como luz, água e nutrientes, promovendo uma produtividade mais alta e sustentável. Para quem deseja se aprofundar no assunto, o Podcast Soja Brasil é uma excelente fonte de informações práticas e técnicas sobre o manejo eficiente das plantações
Tecnologias e inovação no manejo
A agricultura digital tem se mostrado um importante aliado, com o uso de drones e bioinsumos ganhando espaço. A aplicação aérea de defensivos, aliada à utilização de biofábricas nas propriedades, permite uma produção mais sustentável e econômica. O uso de biológicos e a coinoculação com bactérias promotoras de crescimento radicular são técnicas que aumentam a resiliência das plantas a problemas como a seca e calor extremo.
A conectividade nas áreas rurais também está transformando a gestão no campo, permitindo um plantio mais preciso e uma maior eficiência no uso de insumos. Esse avanço tecnológico é especialmente importante em um cenário onde os custos de produção estão em alta e o crédito disponível é limitado.
Financiamento e mercados globais
Outro desafio importante para os produtores será a concorrência internacional, especialmente com os Estados Unidos, que estão colhendo uma safra recorde. Isso pressiona os preços das commodities, exigindo estratégias mais eficientes de comercialização. O acesso a crédito, principalmente por meio de plataformas digitais, tem se tornado uma alternativa promissora, permitindo maior agilidade nas compras de insumos e gestão financeira.
A safra 2024/25 impõe grandes desafios, especialmente devido às incertezas climáticas e à necessidade de manejar doenças de forma eficaz. No entanto, com o uso de tecnologias inovadoras e práticas de manejo fitossanitário adequadas, os produtores podem otimizar sua produtividade e reduzir os impactos negativos. Além disso, a adoção de sementes de alta qualidade e a utilização de bioinsumos são passos essenciais para garantir uma safra mais sustentável e lucrativa. A resiliência e a capacidade de adaptação dos agricultores brasileiros continuarão a ser determinantes no enfrentamento de um cenário global competitivo e volátil.
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