Mesmo quem não lida diretamente com a agricultura está habituado aos termos que aparecem quando falamos sobre medidas agrárias. Mas afinal, o que representam essas palavras? Quanto mede um alqueire? E um hectare? Essas medidas podem variar de uma região para a outra?
Se hoje os produtores lidam facilmente com esses números, no passado a situação era bem diferente. Isso porque as medidas agrárias não eram padronizadas no Brasil Colônia, ou seja, ainda era necessário recorrer a meios como a légua e a braça.
As léguas eram concedidas aos empresários que se interessassem em produzir no Brasil, enquanto as braças eram as medidas utilizadas para conceder terras aos imigrantes. O problema é que, enquanto a braça tinha 2,20 metros, a légua variava de 2 a 7 quilômetros.
As dificuldades impostas pelo uso da légua e da braça evidenciaram a necessidade de se buscar métodos mais precisos e adequados para medir grandes áreas. Foram adotados, portanto, o are (que corresponde a cem metros quadrados e atualmente é pouco utilizado) e o hectare (uma medida muito usada no Brasil, que corresponde a dez mil metros quadrados).
Há também o alqueire, que varia de região para região do Brasil. O alqueire paulista corresponde a 24.200 metros quadrados, enquanto um alqueire mineiro corresponde a 48.400 metros quadrados. Já um alqueire baiano, corresponde a 96.800 metros quadrados, ao passo que um alqueire do Norte tem medida de 27.225 metros quadrados.
A palavra alqueire tem origem árabe e é derivada de al kayl, termo que designa uma bolsa que era amarrada e carregada no dorso de animais para o transporte de grãos.
Há de se observar que essas medidas se tornaram tão comuns com o passar dos tempos, que hoje não se diz que uma pessoa comprou uma fazenda de 100 mil metros quadrados, mas sim uma fazenda de 10 hectares.
As medidas agrárias, portanto, são diferentes daquelas utilizadas pela maioria das pessoas, como metros e centímetros. No entanto, é importante lembrar que há uma relação entre todas essas unidades.
Um are corresponde a cem metros quadrados e tem como múltiplo o hectare (cem ares ou dez mil metros quadrados) e como submúltiplo o centiare (um centésimo de are).
Embora o hectare e o alqueire sejam as medidas agrárias mais comuns, existem algumas outras tão importantes quanto essas para produtores de locais específicos do Brasil. É o caso do alqueirão, que corresponde a quatro alqueires mineiros tradicionais, e é uma medida bastante utilizada no sul da Bahia e no norte e nordeste de Minas Gerais. Nesta região, 80 medidas de milho representam um alqueirim, equivalente a 48.400 metros quadrados.
No caso da cana de açúcar, também é usada a tarefa, medida que varia de local para local. No Ceará, mede 3.630 metros quadrados, em Alagoas e no Sergipe tem 3.025 metros quadrados e na Bahia tem 4.356 metros quadrados.
Há de se lembrar, contudo, que essas medidas – mesmo as mais comuns no Brasil – não são predominantes no mundo todo. No caso dos Estados Unidos, país com grande tradição agrícola, não é raro se deparar com áreas medidas em acre.
Converter essa medida em hectare, contudo, é uma tarefa bastante simples: basta dividir a área em acre por 2,471 (ou multiplica-se por 0,4047), chegando-se ao corresponde em hectare.
Importância das unidades de medida
Nenhuma dessas medidas surgiu de uma hora para a outra. Elas são consequência da curiosidade do ser humano e da necessidade de se buscar padrões para medir áreas, sobretudo as de grande dimensão. Como o are faz parte de uma metrologia ocidental, essa medida é essencial para o universo agrário, afinal, está diretamente ligada às atividades agrícolas e até mesmo ao controle da produção.
A partir da metragem, também é possível fazer avaliações do ambiente e, dessa forma, melhorar a produtividade. Outra questão pertinente é que o tamanho de uma área pode determinar a sua finalidade, já que algumas culturas, como a cana de açúcar, exigem grandes áreas, ao passo que outras (como hortaliças) podem ser produzidas em áreas menores.
Com o avanço da tecnologia, atualmente é muito mais fácil medir grandes áreas – o que pode ser feito por satélites e drones, por exemplo. Esse avanço fez com que os estudos matemáticos a respeito das medidas agrícolas ficassem cada vez mais sofisticados e atendessem com maior eficácia às demandas do setor produtivo, especialmente o que se refere à qualidade da produção.
O uso de drones e, principalmente, de satélites representa um grande avanço para o dimensionamento e monitoramento das áreas rurais, já que, antes disso, as medições eram feitas por caminhamento, planilhas e estações totais. Vale lembrar também que os satélites são responsáveis pelo planejamento de rotas pelo sistema GPS, o que facilita o acesso a propriedades rurais.
Saiba mais sobre o uso de drones e satélites na agricultura neste outro artigo do nosso blog, e conheça o FieldScan, a plataforma que agrega diferente tipos de dados para facilitar a tomada de ação do produtor.
Conclusão
A história das medidas agrárias já atravessa os séculos e é de grande importância para compreender como a humanidade chegou aos atuais padrões utilizados.
Cada uma dessas medidas desempenha um relevante papel na agricultura e algumas delas, como o alqueire, têm tamanhos que variam de região para região. Dominar esses conceitos é de extrema importância não só no momento de vender ou comprar uma propriedade, mas também no momento de fazer decisões a respeito do plantio e da colheita.
Atualmente, os produtores têm à sua disposição muitos recursos tecnológicos capazes de medir as áreas (como drones e satélites), com muito mais facilidade e precisão, o que auxilia em uma melhor disposição do plantio no terreno para uma produção mais fértil.
Cabe ao produtor, portanto, ficar atento a todas essas informações e, a partir delas, aproveitar sua área da melhor forma possível, para obter uma produção que se adeque totalmente ao seu terreno e à sua realidade.
Referências
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