preparação do solo

Conflitos internacionais elevam preços de produtos no Brasil

Ao longo da história, os grandes conflitos internacionais afetaram muitos países para além daqueles envolvidos diretamente nos confrontos. Isso porque, em um mundo cada vez mais globalizado, a economia de uma nação pode impactar no cotidiano de muitos outras.  O exemplo mais recente e bastante evidenciado pela mídia é o confronto entre a Rússia e a Ucrânia, que já tem gerado incertezas no agronegócio de diversos países, inclusive do Brasil. 

Isso acontece, sobretudo, porque tanto a Rússia quanto a Ucrânia são importantes produtores mundiais de grãos e, devido ao conflito, têm reduzido a oferta mundial desses produtos. Como consequência imediata, os valores dos grãos têm subido constantemente, impondo desafios a vários setores produtivos e, claro, ao consumidor final de itens básicos, como o pão. 

Rússia e Ucrânia representam, juntas, mais de um quarto da exportação mundial de trigo, sendo 18% advindos da Rússia e 10% da Ucrânia. No caso do milho, embora a Rússia tenha apenas 2% de participação nas exportações mundiais, a Ucrânia desempenha um papel fundamental, com 15% do total, o que coloca o país na quarta posição geral. 

Exportadores de trigo
Fonte: USDA e XP Research
Exportadores de milho
Fonte: USDA e XP Research

Os desafios, entretanto, estão longe de se limitar à alta no preço de grãos. Outra questão relevante, por exemplo, é o fato de que a Rússia ocupa atualmente o segundo lugar entre os maiores exportadores de nitrogênio e o terceiro em fósforo e potássio, insumos considerados indispensáveis para a formulação de fertilizantes. 

Embora o Brasil não seja tão impactado por essa questão no momento, uma vez que as safras de soja e milho de verão já terminaram, outras nações, como os Estados Unidos, sofrerão duros impactos imediatamente, já que o plantio começa no próximo mês no país norte-americano.

O conflito entre Rússia e Ucrânia também causou uma disparada no preço do petróleo e do gás natural nas bolsas mundiais, já que a Rússia é um grande exportador dessas commodities.

O mercado brasileiro de proteína animal também poderá ser impactado pelo conflito, pois a redução significativa na oferta global de milho pode prejudicar a alimentação não só de galinhas e porcos, mas também de gado leiteiro e de corte. Outro setor que deve ser prejudicado por conta dos grãos é o da cerveja, uma das bebidas mais consumidas pelos brasileiros. 

Efeitos em médio e longo prazo

Muitas dessas questões, inclusive, podem gerar um efeito em cascata e assim impactar ainda mais os consumidores finais de determinados produtos.  Dessa forma, o poder de compra do brasileiro deve ficar ainda menor nos próximos meses, já que o aumento no preço de alimentos e combustíveis em consequência do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, somado à inflação (já elevada no país), deve afetar a produção agropecuária como um todo e, assim, fazer com que o consumidor final pague um valor mais elevado em diversos produtos essenciais, como a carne de vaca, de frango e de porco, o leite, o pão, entre muitos outros.  

Mesmo se o confronto terminasse agora, os brasileiros ainda sentiriam o impacto do conflito por bastante tempo. Isso acontece porque o setor agro é bastante dinâmico e tem uma demanda constante por alimentos e fertilizantes. Quando há uma falta desses produtos ou um aumento inesperado nos preços, as consequências disso são sentidas por bastante tempo e resultam em uma nova dinâmica de mercado. 

Como muitas etapas do agronegócio são co-dependentes, nem todos os efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia foram sentidos no bolso dos brasileiros. A maioria deles virá nos próximos meses e, caso o conflito não termine rapidamente, os efeitos poderão durar tempo suficiente para se tornarem uma grande preocupação. 

Conheça um pouco mais neste outro artigo como a agricultura de precisão ajuda os agricultores a enfrentar a crise de insumos!

Setores com menor impacto

Há de se observar, no entanto, que algumas atividades do setor agropecuário brasileiro serão pouco impactadas pela tensão entre Rússia e Ucrânia. Um dos exemplos é a exportação de carne bovina in natura, já que o volume exportado para a Rússia representa apenas 1,8% do total. No caso da carne de porco e de frango, as porcentagens – 0,9% e 2,4%, respectivamente – também não são muito significativas. Essas quantidades, caso seja preciso, podem ser realocadas para outros países com certa facilidade. 

consumo e importação de carne

Conclusão

Os conflitos internacionais de grandes proporções causam impactos econômicos em diversas regiões do mundo. No caso mais recente, entre Rússia e Ucrânia, os prejuízos já estão sendo observados no Brasil, especialmente no que se refere à alta nos preços de trigo, milho e diesel (por conta do petróleo). Esses aumentos muitas vezes funcionam em cascata, ou seja, serão sentidos pelo consumidor final em produtos como a carne, o leite e até mesmo a cerveja. 

Para quem trabalha no agro, as altas já estão sendo sentidas no dia a dia. A alimentação de galinhas, porcos e gado, por exemplo, já se tornou mais cara, assim como a produção agrícola, uma vez que a Rússia está entre as maiores produtoras mundiais de matéria-prima para fertilizantes

Caso o confronto não chegue ao fim em breve, a previsão é que muitos produtos fiquem cada vez mais caros, inclusive aqueles que são essenciais para o dia a dia, como o leite, a carne e o pão. Na prática, o conflito pode tornar o poder de compra do brasileiro muito mais baixo, em um momento em que o país já enfrenta todos os problemas causados pela alta inflação. 

Fontes consultadas 

Expert XP

Exame

G1

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *