Agrônomo inspecionando lavoura de soja

Aumento dos custos de produção de soja preocupa produtores

Veja neste artigo como o Aumento dos custos de produção de soja preocupa produtores:

O Brasil é, atualmente, o maior produtor de soja do mundo. O grão, inclusive, desempenha um papel bastante relevante para a economia do país, especialmente no que se refere à exportação. Entretanto, o recente aumento no valor de produção da cultura tem causado preocupação a produtores de todas as regiões brasileiras.

E a previsão, infelizmente, não é de melhora, como pode ser constatado pelo exemplo do Mato Grosso – maior produtor de soja do Brasil. Isso porque levantamento feito pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) projeta um aumento nos custos de produção de 43,2% na safra 2022/2023 se comparado à de 2021/2022, com custo total estimado em R$ 7.020,94 por hectare. Segundo o Imea, o reajuste é causado, principalmente, pela alta nos preços dos herbicidas, de sementes de cobertura e dos macronutrientes.

Colheitadeira colhendo soja de olho nos custos de produção de soja.
Imagem: G1

No Rio Grande do Sul, a previsão é que o custo operacional efetivo da soja no estado tenha alta de 25%, totalizando R$ 5.232,60 por hectare, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Universidade de São Paulo (USP).

Em relação aos herbicidas, são esperadas altas de 45% no Rio Grande do Sul, 36% no Paraná e 67% em Mato Grosso. Quanto aos fertilizantes, os acréscimos serão de 63%, 66% e 64%, respectivamente.

Vale destacar, no entanto, que mesmo antes do início do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, em fevereiro de 2022, os custos de produção de soja já estavam subindo, impulsionado pelas taxas de câmbio, alta do dólar e aumento da inflação.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral-PR), o custo operacional efetivo da soja no Paraná já havia subido 61% em novembro do ano passado em comparação ao mesmo período de 2020.

Por conta de tudo isso, uma projeção feita por Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, aponta grandes desafios para a safra 2022/2023 em todos os estados brasileiros. “Teria que haver uma alta muito mais intensa da soja para manter margens de lucro similares a 2021 e 2022 para a próxima temporada. Temos que trabalhar com um cenário de recuo de margens no Brasil”, disse.

“Hoje, nosso controle mostra que para o Cerrado a margem bruta chegou a 60% em 2021 e que chegará em 2022 a 43% e caindo para próximo de 30% em 2022/23 com os atuais preços dos insumos projetados e que não sejam alterados”, ressaltou.

O aumento no preço de insumos foi impulsionado, sobretudo, pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que ambos os países estão entre os maiores produtores de insumos do planeta. Como resultado, o valor de custeio da safra teve um salto enorme em todo o país. Por outro lado, a valorização do mercado externo aumentou o lucro do produtor brasileiro, que tem conseguido negociar a soja a um valor mais alto que o do ano passado. Vale ressaltar, no entanto, que esse acréscimo não é proporcional ao aumento no valor de custeio.

Diante dessa situação, a dica de especialistas é que os produtores se atendem ao mercado para que assim consigam monitorar os preços dos insumos e, a partir disso, comprá-los no momento mais adequado.

Falta de produtos

Outro aspecto que chama a atenção é que muitos produtores estão enfrentando pela primeira vez um problema bastante grave: a falta de produtos no mercado. Com menor participação da Rússia e da Ucrânia no mercado de exportação de insumos, países como China e Bielorrúsia se tornaram responsáveis por fornecer insumos à grande parte do mundo. Atender a uma demanda tão alta, evidentemente, não é uma tarefa fácil, o que fez com que faltassem produtos a muitos produtores. Já os que tem conseguido comprar insumos têm feito isso a um preço muito mais alto.

A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), que desde 2010 mede mensalmente os custos de produção de diversas culturas, constatou que os valores investidos na produção nunca foram tão altos. Em um ano, o custo de fertilização para a soja aumentou, em média, 120%, sendo que alguns fertilizantes aumentaram em mais de 200%.

Gráfico apresentando o preço dos fertilizantes importados pelo Brasil vindos da Rússia.
Imagem: Poder 360

Conclusão

A soja, uma das mais importantes culturas produzidas no Brasil, desempenha um papel primordial na economia do país. Recentemente, no entanto, os produtores enfrentam dificuldades para produzir o grão, uma vez que diversos fatores como a valorização do dólar, taxas cambiais, o aumento da inflação e, mais recentemente, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia têm elevado os custos de produção a níveis preocupantes. Em alguns estados brasileiros, o aumento no valor de custeio da safra 2022/2023 é mais que 50% maior que o de 2021/2022.

Confira este artigo sobre a comercialização da soja brasileira

Além disso, há uma insegurança no que se refere à compra de insumos, pois dois dos maiores produtores mundiais – Rússia e Ucrânia – estão praticamente fora do mercado.

Diante disso, cabe ao produtor ficar atento ao mercado para adquirir os insumos nos momentos mais oportunos. Um meio de fazer isso e ainda ficar atento aos preços de produções é acompanhar os constantes estudos elaborados por entidades bastante respeitadas no Brasil.

Um exemplo é o Projeto Campo do Futuro, desenvolvido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), desde 2007. A iniciativa busca fazer o mapeamento de seis culturas (inclusive a soja) em 34 regiões e proporcionar melhor direcionamento ao produtor, antecipando problemas que podem afetar as lavouras.

Somente assim, os produtores poderão enfrentar esse momento adverso da melhor forma possível, sem deixar de lado a qualidade da soja brasileira, considerada referência no mundo todo, e o trabalho técnico, criativo e inovador desenvolvido pelos produtores rurais de todas as regiões do país.

Fontes consultadas:

Conab

Notícias Agrícolas

Newe Seguros

Canal Rural

Embrapa

Poder 360

G1

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Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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