O agronegócio desempenha um papel fundamental na economia do país. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações do setor alcançaram US$ 17 bilhões no primeiro trimestre de 2023, representando uma parte significativa dos US$ 76,4 bilhões comercializados pelo Brasil nesse período. No entanto, a expansão da agropecuária e o uso de certos métodos de cultivo e criação de animais estão associados a vários problemas ambientais.
Na agricultura, o desmatamento, as queimadas e o uso irregula de defensivos agrícolas são os principais vilões, resultando na contaminação do solo, lençol freático e rios. Já na pecuária, a substituição da cobertura vegetal pelas pastagens contribui para o aumento do aquecimento global devido à liberação de gás metano pelos animais.
Embora haja uma necessidade crescente de produzir alimentos para atender à demanda global, também é urgente a preservação da natureza. Nesse sentido, novas práticas e inovações tecnológicas surgem como aliadas importantes para produtores responsáveis. Segundo Milton Steagall, CEO do Grupo BBF (Brasil BioFuels), a questão não se resume apenas em reduzir o impacto de nossas atividades, mas em acelerar a geração de renda para as pessoas e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida da população. O desenvolvimento, a educação e a geração de renda são essenciais para a preservação e o cuidado com o meio ambiente.
A responsabilidade ambiental tornou-se uma pauta global, e enfrentar o desafio de aumentar a produção ao mesmo tempo em que se reduz o impacto ambiental é crucial. Para o setor do agronegócio, é fundamental desenvolver tecnologias sustentáveis. Entre as alternativas, destacam-se a utilização de Inteligência Artificial, drones, sensores e softwares de agricultura digital. Essas tecnologias impulsionam a liderança brasileira na produção de alimentos e matérias-primas, permitindo um salto de crescimento e estabelecendo o país como referência na bioeconomia.
A seguir, apresentamos alguns exemplos de práticas em prol da agricultura e da pecuária no Brasil:
- Captura de carbono: A captura de CO2 reduz as emissões de gases do efeito estufa, contribuindo para mitigar os impactos do aquecimento global. Além disso, essa alternativa pode gerar lucro ao transformar o carbono em novos materiais plásticos amplamente utilizados em indústrias.
- Prova de Emissão de Gases (PEG): A Embrapa lançou o método denominado Prova de Emissão de Gases (PEG), que permite medir a emissão de gás metano em bovinos de raças europeias. Essa tecnologia auxilia na seleção de reprodutores, combinando ganho de peso com menor produção de gás durante a digestão.
- Agricultura 4.0: A agricultura digital engloba diversas tendências tecnológicas no agronegócio, como maquinários de última geração, softwares de gestão e análise, além de sistemas que utilizam inteligência artificial para melhorar a gestão dos insumos, reduzir desperdícios e aumentar a eficiência no uso de recursos. Essas tecnologias permitem aumentar a produção, melhorar a rentabilidade e reduzir o impacto das atividades rurais no meio ambiente. Drones, sistemas de gestão, mecanismos e dispositivos para atividades remotas, automóveis e máquinas são algumas das ferramentas revolucionárias nesse contexto. Práticas integradas, como sistemas regenerativos, também contribuem para melhorar os resultados produtivos, ecológicos e sociais, promovendo a saúde do solo, o sequestro de carbono, a qualidade da água, a conservação e expansão da biodiversidade, além de melhorar a qualidade de vida.
- Energia Solar: Os sistemas de geração de energia solar são ecologicamente corretos, pois representam uma fonte inesgotável e não poluente. Além disso, a adoção de energia solar resulta em economia significativa na conta de luz, podendo chegar a até 99%.
- Horta inteligente: Produzir alimentos em hortas comunitárias ou domésticas contribui para reduzir a pobreza, melhorar a saúde e preservar o meio ambiente. Essa prática é recomendada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A horta inteligente, por exemplo, com sistema autoirrigável, é uma alternativa simples e eficiente que pode ser adotada com iniciativas como a da empresa Yes We Grow. A agricultura urbana doméstica promove a conscientização alimentar e ecológica, fornecendo alimentos mais saudáveis e reduzindo a exposição a pesticidas.
Em resumo, é possível impulsionar o setor agropecuário no Brasil por meio de práticas responsáveis e tecnologias sustentáveis, conciliando a produção de alimentos com a preservação do meio ambiente. O país possui potencial para liderar a bioeconomia, integrando ciência, tecnologia e inovação em benefício da sociedade e da natureza.
Leia também: 4 técnicas de plantio que podem aumentar a produção de alimentos sustentáveis
Deixe um comentário