Incidência de nematoides oferece sérios riscos às lavouras

Todo produtor deseja ter resultados cada vez mais eficientes, afinal, hoje a tecnologia permite que inúmeros problemas sejam solucionados com muito mais facilidade que no passado. Mesmo assim, alguns problemas “clássicos” se mantêm presentes no dia a dia no campo, como a incidência de nematoides nas lavouras, que inclusive teve um aumento evidente em várias regiões do país ao longo de 2022. 

Também chamados de fitonematoides, os nematoides são vermes microscópicos e translúcidos, com tamanhos que vão de 0,3 a 3,0 mm. Embora pequenos, esses parasitas causam perdas anuais de cerca de 12% na produção agrícola mundial, o que, na prática, representa um prejuízo de bilhões de dólares. 

No Brasil, em regiões como o Mato Grosso, a preocupação abrange, principalmente, quatro tipos de nematóides: Meloidogyne javanica, Meloidogyne incógnita, Heterodera glycines e Pratylenchus brachyurus, esse último, conhecido como o nematoide das lesões. Outro risco bastante perceptível é o Rotylenchulus reniformis, que embora não proporcione perda na soja, causa danos severos à cultura subsequente, como o algodão.

Os danos causados pelos nematoides na soja também são significativos no Cerrado brasileiro, já que a região oferece condições favoráveis ao desenvolvimento e à multiplicação dos parasitas.  O problema se torna ainda mais grave uma vez que os nematóides não podem ser erradicados depois que se instalam na lavoura. 

Então, como lidar com o problema? Para a pesquisadora e nematologista da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Tânia Santos, é necessário acompanhamento constante do problema. “Por isso é tão importante fazer a correta diagnose da espécie que está na lavoura, aliada ao uso de ferramentas de manejo comprovadamente eficientes, baseadas em resultados de pesquisa, assim é possível melhorar a situação”, diz.

“O ideal é monitorar sempre os sintomas na parte aérea da cultura. Geralmente, observamos manchas em reboleiras, onde as plantas ficam pequenas e amareladas, e onde as folhas afetadas, às vezes, apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha ‘carijó’”, ressalta.

FieldScan

Nesse contexto, a Agricultura de Precisão (AP) se apresenta como uma importante aliada do produtor. Um exemplo disso é o FieldScan, plataforma desenvolvida pela Sensix responsável por disponibilizar mapas de solo, clima, variabilidade de biomassa e incidência de plantas daninhas, que serão base para a geração de prescrições para aplicações em taxa fixa ou variável, de defensivos agrícolas e fertilizantes.

Na prática, a ferramenta possibilita que o produtor tenha uma visão geral de sua lavoura e, a partir disso, consiga identificar problemas e buscar soluções. 

mapa com nametoides

Amostragem do solo

Outra questão que merece atenção na luta contra os nematóides é a amostragem do solo. A coleta de solo e raízes deve ser feita periodicamente, especialmente após identificar algum sintoma ou mesmo queda de produtividade na safra anterior. 

O momento ideal para coletar as amostras é no início da floração da cultura da soja até a maturação, período em que o nematoide completa de dois a três ciclos nas raízes da planta.

“Também indicamos coletar essas amostras, sempre que possível, na bordadura da reboleira, ou seja, proveniente da rizosfera. No caso de raízes, atenção especial às radicelas, que devem ser coletadas de preferência no ciclo anterior a um novo plantio”, explica a pesquisadora.

“Durante a amostragem, deve-se caminhar em ‘zigue-zague’, abrindo o solo em forma de V. Coletar as plantas que mostrem os sintomas moderados, evitando aquelas com muitos sintomas ou que estejam muito depauperadas. Nas reboleiras, amostrar na periferia dela”, disse.

O ideal para a amostragem é coletar 10 subamostras, na profundidade de 0 a 25 ou 30 cm, para assim formar uma amostra composta, que deve ser BM misturada e, em seguida, enviada para um laboratório de confiança. O volume deve ser de ao menos 1 kg de solo, com 20 gramas de raízes.

Amostragem de solo para identificação de nematoides

A Sensix, inclusive, lançou nesse ano o E-book Métodos de amostragem de Solo, com informações como: conceitos técnicos sobre a amostra, etapas da realização da amostra, divisão de áreas, tipos de trados, recipientes, identificadores, diferentes metodologias para a divisão de áreas (como zig-zag, grids, malha e zonas), camadas do solo, tipos de solo pelo mundo e meios para evitar a contaminação das amostras. 

O material, disponível gratuitamente aqui , ainda apresenta um passo a passo para a coleta das amostras, com orientações sobre divisão e seleção, escolha das ferramentas, coleta, identificação das amostras, envio para análise e avaliação dos resultados.

Em busca de soluções

Após a amostragem do solo, se o problema for constatado, o produtor deve se preparar para agir. Dentre as melhores formas de lidar com o problema estão as cultivares resistentes, a rotação de culturas, a utilização de nematicidas químicos e/ou biológicos e as culturas de cobertura para introdução de matéria orgânica no sistema. Cabe ao produtor avaliar a situação para, então, decidir qual solução é a melhor para sua lavoura, inclusive no que se refere ao custo/benefício. 

Conclusão 

Os nematoides estão espalhados pelo mundo todo e causam danos severos às lavouras. Não por acaso, esses parasitas são considerados um dos principais vilões da soja, até porque não podem ser combatidos com a mesma facilidade que outras pragas. 

Diante disso, cabe ao produtor ficar atento ao surgimento do problema, o que pode ser feito por meio do FieldScan, uma das plataformas mais completas do mercado, desenvolvida e utilizada pela Sensix.

Outra iniciativa essencial é fazer amostragem de solo quando surgem sinais do problema, para que assim ele possa ser enfrentado de maneira adequada, com uso de cultivares resistentes, rotação de culturas, entre outros meios. O que não pode ocorrer é permitir que os nematóides se espalhem cada vez mais, até porque, esses parasitas têm grande potencial destrutivo. 

Fontes:

Mais Soja

Rehagro

Canal Rural

Sensix

Climate FieldView

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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