Considerado essencial para a agricultura brasileira, o estado de Mato Grosso se destaca, a nível nacional, pela produção agrícola de soja, milho, algodão e carne, além da tecnologia empregada em etapas que vão desde o plantio até a distribuição desses produtos.
A relevância do estado para o setor agro foi construída, com o passar dos anos, em decorrência de diversos elementos, como a abundância em recursos naturais, o empreendedorismo e o desenvolvimento tecnológico.
Essa jornada, no entanto, não começou tão cedo quanto em estados como Minas Gerais e São Paulo. Isso porque o desenvolvimento do Mato Grosso passou a ser acelerado apenas a partir da década de 1980, quando empresas agroindustriais de capitais nacionais e internacionais se estabeleceram no estado, após importante fomento do governo.
Dentre os fatores responsáveis por esse investimento está o fato de que, no início da década de 80, o Brasil buscava aumentar suas exportações de soja. Surgia no território mato-grossense, portanto, uma excelente oportunidade tanto para o governo quanto para o estado.
Os produtores também foram bastante incentivados, inclusive por meio de iniciativas como o Programa para o Desenvolvimento do Cerrado (Polocentro) e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer), que visavam, sobretudo, disponibilizar aos produtores linhas de financiamento, com créditos para investimento, despesas operacionais e assistência técnica.
A partir disso, a agricultura caminhou a passos largos no Mato Grosso. Isso se deu, sobretudo, aos esforço e dedicação dos produtores, em especial os pioneiros, além dos constantes investimentos no setor agro feitos pelo poder público e iniciativa privada.
Assim, o estado de Mato Grosso passou, rapidamente, a ser conhecido como o celeiro do país, ocupando o primeiro lugar no Brasil na produção de soja, milho e algodão e no rebanho bovino.
Para exemplificar o quanto foi rápido o crescimento mato-grossense na produção agrícola, basta observar que em pouco mais de uma década, entre 1999 e 2021, o PIB (Produto Interno Bruto) estadual passou de R$ 12,3 bilhões para R$ 80,8 bilhões (2012), o que representa um crescimento de 554%. Proporcionalmente, o crescimento do PIB brasileiro foi muito menor: 312%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o agronegócio representa 50,5% do PIB do estado.
Perfil do produtor mato-grossense
O Censo Agro 2017, feito pelo IBGE com bastante rigor científico, apresenta números ainda mais impressionantes e que representam um retrato fiel do produtor mato-grossense.
Segundo o levantamento, o estado tinha, em 2017, 54,9 milhões de hectares e 118,7 mil estabelecimentos agropecuários. O Mato Grosso também teve uma produção de 29,8 milhões de toneladas de soja naquele ano, em 7,1 mil estabelecimentos agropecuários, e 28,6 milhões de toneladas de milho, em 10,6 mil estabelecimentos.
Os números relativos ao café também se destacam: 7 milhões de pés colhidos em 2,6 mil estabelecimentos agropecuários, responsáveis por produzir nada menos que 404 toneladas de café arábica e 4,9 mil toneladas de café canephora.
Já em relação à pecuária, o estado contava, em 2017, com 24,3 milhões de cabeças de gado, responsáveis pela produção de 760 milhões de litros de leite. Eram, ainda, 53,5 milhões de cabeças de aves (entre galinhas, galos, frangas e frangos), quantidade responsável pela produção de 145 milhões de dúzias de ovos.
Não por acaso, o levantamento feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento (Mapa), referente ao ano de 2020, mostra que Mato Grosso tem 35 das 100 cidades mais ricas do Agro. A liderança ficou com Sorriso, que teve R$ 5,3 milhões em valor de produção naquele ano.
Depois de Mato Grosso, os estados com maior número de municípios entre os 100 mais ricos do agro são Mato Grosso do Sul (13), Goiás (10), Bahia (9), Minas Gerais (8), São Paulo (6), Pará e Paraná (4), Maranhão, Piauí e Rio Grande do Sul (2) e Pernambuco, Brasília e Tocantins (1).
Empregos no setor do agronegócio
As atividades também impressionam pelo número de empregos criados: 422,5 mil pessoas ocupadas em atividades agropecuárias em todo o estado em 2017.
Vale destacar, no entanto, que no caso dos empregos os números não se limitam aos destacados pelo Censo Agro. Isso porque a consolidação do agronegócio no estado do Mato Grosso fez com que surgissem diversas atividades indiretas ligadas ao setor agro, inclusive na pesquisa tecnológica e na agricultura familiar. É o caso da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), entre muitos outros exemplos.
A Empaer surgiu em 1992, a partir da fusão da Emater, da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Empa) e da Companhia de Desenvolvimento Agrícola (Codeagri). Hoje atua como uma empresa pública do estado de Mato Grosso, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). Seu trabalho é voltado aos agricultores familiares e visa incentivar as boas práticas rurais e difundir as novas tecnologias da área agrícola, com o objetivo de gerar e garantir o desenvolvimento econômico, social e ambiental da família rural.
Conclusão
Como observado, o estado de Mato Grosso tem uma trajetória diferente da de estados como Minas Gerais e São Paulo, pois sua potência e relevância na agricultura e na pecuária são mais recentes. No entanto, hoje é um dos estados mais importantes para o setor agro, sendo uma referência nacional e internacional na pecuária e produção de soja, milho e algodão.
O produtor mato-grossense, como constado por meio do Censo Agro 2017, realizado pelo IBGE, desempenha papel indispensável no agro brasileiro, além de gerar muitos empregos diretos e indiretos. Por tudo isso, o estado de Mato Grosso se tornou, ao longo da história, o que é hoje: o celeiro do Brasil.
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