No Brasil, a mamona, cultivada para a obtenção de óleos e biodiesel, apresenta um aspecto social muito grande. Mas para obter êxito, alguns cuidados quanto ao plantio de mamona devem ser tomados.
A mamona (Ricinus communis), é uma oleaginosa exótica, ainda não muito recorrente na agricultura brasileira. Mas, particularmente em regiões de difícil manejo, caso da região do semiárido nordestino, o plantio de mamona é uma alternativa muito viável.
Além de apresentar boa adaptação em diferentes climas, a mamona é uma ótima opção para promover a inclusão social e econômica de milhares de pequenos agricultores, de norte a sul do país.
Mas, para que os lucros sejam alcançados, é preciso que produtores fiquem atentos a algumas questões importantes quanto ao plantio de mamona. Baseado nisso, veja quais são as características principais que todo produtor precisa considerar ao investir nessa cultura.
Breve histórico da mamona no mundo e no Brasil
A mamona é uma planta oleaginosa originária de regiões da África, Ásia, Europa e Índia. Alguns pesquisadores acreditam que essa planta seja originária da Etiópia, em uma região que se situa entre os paralelos 5º e 15ºS.
Já no Brasil, essa foi uma cultura introduzida durante a colonização portuguesa, com a finalidade de utilizar seu óleo para iluminação e lubrificação dos eixos das carroças e dos mancais dos inúmeros engenhos de cana da época. No país, a planta se adaptou muito bem ao clima tropical e aos diversos tipos de solos, facilitando seu alastramento.
Mais recentemente podemos encontrar a mamona em quase toda extensão territorial, em cultivos destinados à produção de óleos.
Características da planta de mamona
O nome científico da mamona é Ricinus communis L. e faz parte da família das Euphorbiaceae. No Brasil, ela apresenta várias designações, como mamoneira, rícino, carrapateira, bafureira, baga e palma-criste.
Essa é uma planta de hábito arbustivo, com diversas variedades de colorações de caule, folhas e racemos (cachos), podendo ou não possuir cera no caule e pecíolo. Já os frutos, de forma geral, são formados em cápsulas com três sementes em cada. Na maioria dos casos, os frutos apresentam espinhos, mas também podem ser inermes.
As sementes, por sua vez, possuem tamanhos, formatos e cores bastante diferentes. São também caracterizadas como tóxicas, devido à presença da proteína ricina, que mesmo em pequenas doses, pode ser mortal.
Quanto às características agronômicas, o plantio da mamona exige:
- Solo: fértil, plano ou com declividade de no máximo 12% e bem drenado, já que essa é uma planta extremamente sensível ao encharcamento, mesmo que temporário. O solo deve apresentar também baixa salinidade e pH próximo à neutralidade, entre 6 e 7;
- Clima: temperatura entre 20º C e 35º C e chuvas anuais entre 500 e 1.500 mm;
A mamona é também bastante exigente em fertilidade, devendo ser cultivada em solos com fertilidade média alta.
Principais cultivares de mamona utilizados no Brasil
No Brasil, algumas são as variedades de mamoneira mais comuns. As mais recomendadas são as variedades IAC-80, a IAC-38 e a IAC-226 para as áreas até 100 hectares e a Guarani para áreas superiores a 100 hectares. Importante salientar que a Guarani é indeiscente, ou seja, os frutos não soltam as sementes exigindo descascadeira.
- IAC-80
Apresenta um porte mais alto, com altura média de 3,00-3,50m. Possui ciclo vegetativo de 240 dias e potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha. Seus frutos são semi-deiscentes (quatro para cinco colheideiras parceladas).
As sementes da cultivar IAC-80 pesam 43 gramas (100 sementes), além de possuírem 47% de óleo.
- IAC-226
O cultivar IAC-226 é de porte alto, podendo atingir 3,50 m. Seu ciclo vegetativo é de 180 a 200 dias, com um potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha. Seus frutos são indeiscentes (colheita única).
Já as sementes pesam 34 gramas (100 sementes), com cerca de 48% de óleo.
- IAC Guarani
O cultivar Guarani apresenta porte médio, com altura de 1,80-2,00m e um ciclo vegetativo de 180 dias com potencial produtivo de 1.500 a 4.000 kg/ha em colheita única, por serem frutos indeiscentes.
As sementes dessa cultivar pesam 43 gramas (100 sementes) e possuem 47% de óleo.
- IAC-38
O cultivar IAC-38 é um cultivar de porte anão com altura média de 1,40-1,50m. Seu ciclo vegetativo é de 200 a 210 dias. Os frutos são deiscentes (três a quatro colheitas parceladas) e as sementes possuem cerca de 40% de óleo.
Diante dessas opções, é preciso que o produtor entenda que a condição climática, o tipo de solo e o nível tecnológico exigem a escolha de uma cultivar mais apropriada, indicando que há grande variação nas características das variedades plantadas no Brasil.
Recomendações para realizar o plantio de mamona no Brasil
Como salientado anteriormente, uma das culturas que possuem maior capacidade de gerar lucros para os produtores rurais é a mamona. Mas, independente disso, é essencial considerar algumas questões importantes, principalmente quanto ao manejo e ao plantio de mamona.
O primeiro ponto de atenção é quanto à preparação do solo, fundamental para o êxito do plantio de mamona. Essa prática tem dois propósitos: controlar plantas daninhas e aumentar a aeração do solo.
Na mamona, estes dois fatores apresentam grande importância, pois ela é muito sensível à matocompetição e o desenvolvimento adequado das suas raízes só ocorre com bom suprimento de oxigênio.
Outro ponto de atenção é a correta definição da época de plantio. Para o plantio de mamona essa época deve ser determinada de forma a aproveitar ao máximo o período chuvoso, com a colheita ocorrendo em época seca.
Dessa forma, é bastante importante observar o ciclo da cultivar a ser plantada, além do início e fim do período chuvoso.
Um terceiro ponto de atenção é o espaçamento de plantio de mamona. Esse espaçamento depende de algumas características específicas, tais como a fertilidade do solo, quantidade de chuva, além da intenção de realizar consórcio com outras culturas.
Em lugares muito secos a distância deve ser maior, com o objetivo de diminuir a concorrência entre plantas. Já os lugares chuvosos ou irrigados permitem que o espaçamento seja mais próximo.
Além do mais, em solos muito férteis, nos quais a mamoneira tende a crescer mais, o espaçamento não pode ser tão estreito. Para cultivares de porte médio, a distância entre as linhas pode variar de 2 a 4 metros e, em cultivos consorciados, de 3 a 4 metros.
Um quarto ponto relacionado ao plantio de mamona é a escolha da semente. Ela deve ser de boa qualidade, de uma cultivar adaptada à região e ser adquirida de um produtor idôneo e detentor de Registro no Ministério da Agricultura.
Exatamente por isso, não se recomenda que a semente colhida na propriedade seja utilizada para um plantio subsequente. Se o produtor não tiver o cuidado necessário, a semente poderá se contaminar geneticamente, resultando em perda de produtividade, deiscência dos frutos e aumento da susceptibilidade a doenças.
Colheita da mamona. quando deve ocorrer?
Um dos grandes diferenciais da mamoneira relacionada à colheita é o nível de deiscência (abertura natural) de seus frutos, já que há variedades deiscentes e indeiscentes.
A colheita de variedades deiscentes deve ocorrer quando 70% dos frutos do racemo estiverem secos, completando-se a secagem no terreiro ou em secadores mecânicos. Essa é uma das operações mais dispendiosas e que mais consome mão de obra, em virtude da necessidade de se repetir o processo de colheita 5 a 6 vezes durante o ano.
Já para as variedades indeiscentes, a recomendação é esperar o amadurecimento total da lavoura para se proceder a uma só colheita.
Por fim, a colheita da mamona pode ser mecânica ou manual.
A colheita manual é indicada para pequenas e médias propriedades e onde a mão de obra é abundante. Esse processo consiste em cortar os cachos pela base, utilizando-se faca, canivete, tesoura de poda ou podão. Quando a produção é grande, recomenda-se efetuar, na lavoura, o desprendimento dos frutos, para evitar o transporte dos talos, os quais representam 10% do peso do cacho.
A colheita mecânica, por sua vez, é indicada para variedades com porte anão e indeiscentes. As plantas devem também apresentar arquitetura compacta e perda parcial das folhas.
Esse tipo de colheita só deve ocorrer em dias secos e nas horas quentes do dia para que o descascamento seja mais adequado. O índice de quebra e marinheiro neste processo é considerado aceitável, situando-se abaixo de 10%.
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Referências
Olá, boa tarde!
Me chamo Taylor, e pesquiso uma cultura com baixo investimento em um pequena propriedade.
Esta propriedade localizada próximo à Fronteira-MG.
Penso no cultivo da mamona, mas sem conhecimento e diversas dúvidas, como quem compraria o produto e se teria este comprador próximo a minha região, torna duvidoso o investimento.
Bom trabalho.Fiquei contente pela leitura da cultura de ricino