Dentre todos os produtos da agricultura brasileira, a soja é considerada um dos mais importantes do país, devido aos muitos produtos e subprodutos derivados deste grão. Suas aplicações vão desde a alimentação humana e animal até o uso para fins industriais, como matéria-prima na produção de cosméticos, plásticos, tintas, adesivos, fibras, biocombustíveis, entre outros.
Mas, quando ressaltamos a produção de subprodutos de soja, entender a própria soja neste contexto torna-se importante. Este é um produto que coloca o Brasil no topo do ranking mundial da produção de commodities.
As safras recentes deste grão confirmam os resultados recordes e a importância da soja para o Brasil. Na safra de 2020/21, o Brasil teve uma produção recorde de quase 136 milhões de toneladas do grão. Já os Estados Unidos, que ocupam o segundo lugar na produção mundial, fizeram a marca de 120 milhões de toneladas de soja, como vimos neste artigo.
Com destaque semelhante à produção do grão, os subprodutos da soja também merecem protagonismo, principalmente por possuírem uma forte demanda no mercado interno e externo.
Neste artigo, vamos discutir o cenário da soja brasileira, seus subprodutos principais e a importância deste grão no âmbito geral da economia e da sociedade.
Soja: produto mais importante do agronegócio brasileiro
A soja é, para muitos especialistas, a principal cultura agrícola do Brasil, em volume, geração de renda e exportação. Para comprovar isso, observamos que o complexo da soja (grão, óleo e farelo) responde por aproximadamente 1,5 % do PIB brasileiro. Já as exportações são uma importante fonte de divisas internacionais do país (cerca de 11 % das exportações totais).
O Brasil é também o maior produtor do mundo, posto alcançado na safra de 2019, que teve 126 milhões de toneladas produzidas e 84 milhões exportadas, números que fazem com que o Brasil responda por 50% do comércio mundial de soja. As exportações brasileiras do grão somaram US$ 30 bilhões, em 2020, e US$ 346 bilhões nas duas últimas décadas.
Além disso, a indústria nacional transforma, por ano, cerca de 47 milhões de toneladas de soja, que quando esmagadas produzem óleos e farelos, contribuindo para a competitividade nacional na produção de carnes, ovos e leite.
Tanto a soja quanto o farelo de soja brasileiros possuem alto teor de proteína e padrão de qualidade Premium, o que permite sua entrada em mercados extremamente exigentes como os da União Europeia e do Japão. Mas vale lembrar que mais de 70% das exportações do grão produzido no Brasil têm como destino a China.
A grande diversidade de subprodutos da soja
De origem asiática, a soja é um dos mais antigos produtos agrícolas que a humanidade conhece e utiliza, seja na forma de grão ou na forma de subprodutos, como farelo, óleo e farinha.
Mas, apesar de uma grande parte do grão produzido ter como destino a fabricação de óleo e farelo, seus derivados e subprodutos também são encontrados nos mais diversos usos e necessidades, com a soja sendo usada para diversos bens de consumo, como cosméticos, farmacêutica, veterinária, adesivos, adubos, formulador de espumas, revestimento, tintas e plásticos.
No entanto, esse uso diferenciado representa apenas 7% da destinação final da soja, como apresentado no quadro abaixo. Outros 49% vão para o processamento de óleo e farelo, usados especialmente na alimentação humana e animal e na produção de biocombustíveis, como o biodiesel, e 44% são exportados in natura, a maior parte para a China.
Subprodutos da soja mais comuns
A indústria tem a capacidade de fornecer diversos subprodutos derivados da soja, usando para isso diferentes processos que utilizam o grão como matéria-prima. Dentre estes subprodutos, os mais importantes são:
Farelo de soja
Produzido a partir do beneficiamento da soja, o farelo representa uma fonte de proteína riquíssima, utilizada em rações de diferentes animais devido ao seu excelente custo benefício, sendo parte importante da ração animal e alimentação nas cadeias de bovinos, suínos, aves, equinos e também na linha PET.
Ou seja, o farelo tem grande valor na produção agropecuária, sendo um grande aliado econômico para o agronegócio.
Farinha de soja
Este é um subproduto com seu foco voltado para a utilização humana. A farinha de soja está muito presente na produção de pães, tortas, bolos e outros produtos da indústria de panificação.
A farinha de soja também serve como uma substituição em ingredientes de origem animal, sendo uma boa alternativa para aqueles produtos que costumam apresentar preços mais elevados no mercado.
Óleo de soja
O óleo de soja é um subproduto decorrente do esmagamento do grão de soja utilizado como matéria-prima pela indústria para produção de óleo refinado, gorduras hidrogenadas, margarinas, maionese dentre outros produtos.
Também tem sido utilizado em produtos industriais como tintas, lubrificantes, solventes, plásticos e resinas. Mais recentemente, o óleo de soja tem sido a principal matéria-prima para produção de biodiesel no Brasil.
Biodiesel
O biodiesel da soja é um combustível limpo e sustentável, tendo no processamento da soja um dos grandes responsáveis por grande parte dos combustíveis renováveis feitos no Brasil. Apresenta por isso grande potencial na substituição de combustíveis derivados do petróleo e que apresentam cenários mais sustentáveis a longo prazo.
A criação de uma política para o biodiesel no Brasil, que se iniciou em 2003, foi essencial para a popularização do biodiesel, ajudando a incorporar este tipo de combustível na matriz energética brasileira.
Desde então, a fabricação desse combustível vem crescendo de forma promissora e gradativa.
Leite de soja (extrato proteico de soja)
O leite de soja tem uma alta concentração de proteínas, possuindo quase os mesmos teores do leite de vaca, com a vantagem de não possuir lactose, sendo ideal para pessoas intolerantes.
Além disso, quando falamos em custo de produção, o leite de soja é comparativamente mais vantajoso, sendo também considerado uma excelente opção para promover substituições no mercado de dieta vegana, caracterizado pelo não consumo de produtos de origem animal.
Carne de soja (proteína texturizada de soja – PTS)
A proteína texturizada de soja (PTS) é representada pela polpa da soja, que é transformada em farelo desengordurado de soja, que depois de moído e texturizado origina-se o floco.
Conhecida também como carne vegetal, a PTS é um alimento versátil que pode ser consumido como prato principal ou integrar preparações ricas em nutrientes e de fácil preparo.
Papel econômico e social: Os impactos da soja brasileira
Já faz certo tempo que a soja vem sendo considerada o “carro chefe” das exportações brasileiras. Segundo a Embrapa, um de cada quatro dólares exportados pelo complexo agroindustrial brasileiro provém da soja, fato que comprova a importância da arrecadação do complexo da soja no agronegócio do país.
Essa liderança da soja se deve principalmente pelo retorno econômico e pela versatilidade do grão, que, como já vimos, pode ser utilizado pela indústria, na alimentação animal, produção de óleo vegetal ou até mesmo na produção de biocombustíveis, cuja demanda mundial continua crescendo.
Sendo assim, a crescente demanda da soja, impulsionada pela versatilidade do grão, tem intensificado sua produção no país, exigindo elevação da produção. Para 2029, a projeção é de aumento de 32% da produção, 22% do consumo e 41% das exportações (Aprosoja Brasil, 2020), sendo a expansão da área cultivada, uma das principais alternativas para o aumento da produção.
Mas a importância da soja e seus subprodutos vai além, já que a cadeia produtiva da soja desempenha papel social essencial no Brasil, principalmente por empregar milhares de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao cultivo da soja, que contribuem para a economia local e regional, possibilitando o crescimento desenvolvimento do país.
Segundo a Aprosoja Brasil, estima-se que a cadeia produtiva da soja reúna no país mais de 243 mil produtores, e um mercado de 1,4 milhões de empregos. Além disso, A cadeia produtiva da soja movimenta US$ 100 bilhões/ano no Brasil assim distribuídos:
- 11% antes da porteira (com aquisição de insumos);
- 26% dentro da porteira (na produção)
- 63% com beneficiamento (logística, comércio e exportações)
Por fim, diante das muitas possibilidades, o mercado de subprodutos da soja tem alto potencial de crescimento no Brasil, acompanhando safras de soja cada vez melhores e mais produtivas, capazes de colocar nosso país como um grande fornecedor do grão e de seus subprodutos em todo o mundo, mesmo naqueles mercados mais exigentes.
Referências
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