O milho também é uma cultura anual amplamente produzida no Brasil, assim como várias outras. Traremos aqui neste artigo um pouco de informações a respeito de seu cultivo, bem como seu custo de produção de milho.
Segundo dados da Conab, o 9º Levantamento realizado da Safra 2019/2020, confirma o crescimento recorde da produção de grãos no país, sendo 8,5 milhões de toneladas, 3,5% a mais do que foi colhido em 2018/19, totalizando 250,5 milhões de toneladas em uma área semeada de 65,6 milhões de hectares. Isso sem contar ainda o resultado dos plantios das culturas de inverno e terceira safra, o que até agora vem mantendo uma produtividade média de 4.724 quilos por hectare.
Assim como nas demais culturas, o cultivo do milho está submetido a diversos fatores que podem impactar diretamente em seu valor.
Para uma melhor compreensão deste processo produtivo, uma das maneiras de quantificar os custos gerados é dividi-lo nas seguintes etapas: Pré-plantio; Plantio; Condução da lavoura; Colheita e Pós Colheita. Há também outros processos que vão gerar despesas financeiras como taxas, tributos e encargos.
Na tabela abaixo por exemplo, podemos ver detalhadamente quais os coeficientes técnicos (processos e insumos) estão englobados nas etapas citadas anteriormente, bem como seus respectivos custos:
É importante considerar os custos operacionais em todo o processo. Para isso, deve-se ter em mente qual é o COE (Custo Operacional Efetivo) e o COT (Custo Operacional Total). Através destes indicadores é possível constatar se os custos de produção, mediante ao processo irão gerar lucro ou não. Abaixo, seguem os modelos de formulas de como realizar estes cálculos:
COE (Custo Operacional Efetivo) – Refere a somatória dos fatores: CV + CF
CV (Custo Variável) – Representa as despesas de custos com a condução da cultura, despesas de pós-colheita e despesas financeiras;
CF (Custo Fixo) – Englobam os fatores diretamente relacionados a depreciação e exaustão;
RF (Renda de Fatores) – Diz respeito Remuneração esperada sobre capital fixo e a remuneração da terra (arrendamento);
COT (Custo Operacional Total) – É representado pela somatória do COE + RF
RB (Receita Bruta) – Diz respeito aos custos de produção em relação ao preço de venda.
Em seguida, para constatar se haverá viabilidade ou não, basta calcular a MB (Margem Bruta) representada pela subtração da RB e do COE:
MB = RB – COE
MB = 4.158,00 – 2633,52
MB = 1.524,48
Logo, a partir do resultado gerado, poderemos analisar os seguintes cenários:
Se a Margem Bruta for positiva (MB>0): Quer dizer que a RB é maior que o COE, logo, significa que o produtor conseguirá arcar com todos os custos de produção. Este é o cenário desejado, onde ao menos, a atividade não estará comprometida e provavelmente haverá possibilidade de lucro, dependendo é claro de alguns outros fatores de venda como o valor da saca, cotação do dólar, etc.
Se a margem bruta for negativa (MB<0): O resultado mostrará que a RB é menor que o COE, demonstrando que a produtividade não terá sido viável. Neste caso é possível que se trate de uma atividade de subsidio, onde o produtor deverá captar outros recursos para a mantença da condução e manutenção do processo de produção ou em um cenário mais pessimista, abortar o processo para minimizar suas perdas uma vez já previstas e arcar apenas com o restante de alguns custos fixos.
Além da MB, há também outro importante indicador: a Margem Líquida (ML) definida pela subtração entre a RB e o COT:
ML = RB – COT
ML = 4.158,00 – 3.093,71
ML = 1.064,29
De acordo com o resultado da margem líquida, pode-se concluir:
Se a ML for positiva (ML>0): O RB será maior do que o COT, logo, o processo produtivo vai se manter a médio ou longo prazos. Haverá condições de pagar as despesas dos custos fixos e variáveis, haverá um montante para cobrir os custos com depreciações e também é certo que haverá lucro para o produtor.
Se a ML for negativa (ML<0): O RB será menor que o COT. O que significa que é provável que o resultado do processo produtivo não vá gerar lucro para o produtor, uma vez que os custos gerados por depreciações possuam risco de não serem cobertos, gerando consequentemente, prejuízo ao produtor.
Por fim, temos o indicador que mais chama a atenção do produtor: O lucro (L). Seu resultado pode ser estimado através da formula:
L = RB – CT
L = 4.158,00 – 3.913,61
L = 244,39
Baseado no resultado, podemos constatar que:
Produtor obteve Lucro (L>0): O processo produtivo se mostrou viável e além disso haverá possibilidade de expansão do negócio a médio e longo prazo, sem falar que o mesmo, apesar de ser relativo, apresenta maior rendimento quando se trata de uma atividade alternativa como por exemplo: Poupança ou fundos de investimento, onde o retorno é gerado mais a longo prazo.
Lucro igual a zero (L=0): Significa que a RB foi igual ao CT, mostrando que talvez o investimento em outras atividades alternativas como os investimentos citados anteriormente, tenha uma viabilidade mais interessante. Produtor teve prejuízo (L<0): Devido aos números apresentados e a outros fatores relativos, o processo produtivo extrapolou os recursos utilizados, gerando prejuízo ao produtor no fim das contas. Por isso é crucial a realização deste planejamento prévio, bem como a análise da margem liquida para constatar se compensa ou não a implantação da lavoura.
Logo, no exemplo mostrado acima, foi estipulado que o produtor teria um lucro de R$244,00/ha mediante a um investimento de R$2633,52/ha tratando-se de uma lavoura de milho de segunda safra, ou “milho Safrinha”, que como o próprio nome já diz, faz alusão a cultura plantada logo após a janela de colheita de uma primeira Safra (soja, por exemplo), para aproveitar o período das chuvas que se estende após o mês janeiro.
Vale lembrar que também existem outros fatores e aspectos que variam nos diferentes cenários de produção do País, tais como clima, região, tipo de solo, irrigação, terra própria e é claro o nível tecnológico adotado pelo produtor. Todos estes fatores também impactam diretamente no custo de produção do milho, por exemplo, se o produtor aderir mais tecnologia ao seu processo produtivo utilizando uma semente com uma genética melhorada para maior resistência a determinados tipos de pragas, ele consequentemente irá investir mais neste insumo, mas também é provável que ele produza mais e com uma melhor qualidade.
Concluindo, mostramos aqui um método de cálculo de produtividade de milho por hectare especifico para milho safrinha. Vale lembrar, que para esta cultura há também outras opções de produção, tais como: milho comercial de grãos em safra de verão; produção de Silagem e até mesmo plantio para renovação de pastagens para pecuária.
Para cada um destes processos, o nível tecnológico, bem como o sistema de condução da lavoura podem variar conforme o objetivo final. Então é muito importante o produtor ter em mente seu objetivo, bem como uma consultoria especializada de um Engenheiro Agrônomo para auxiliá-lo durante a safra.
Esperamos ter contribuido um pouco mais através destas informações que fazem parte da realidade de milhares de produtores do Brasil.
Confira também: Rentabilidade e custos de produção do milho
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