Dentre os muitos fatores que determinam o sucesso de uma lavoura, o clima é, sem dúvidas, um dos mais importantes, afinal, baixas ou altas temperaturas, chuvas, geadas e períodos de seca influenciam de maneira considerável as mais diversas etapas da produção agrícola. Justamente por isso, o Brasil implantou em 1996 o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), ferramenta utilizada para o planejamento e a execução de atividades ligadas à agricultura, uma vez que identifica os municípios com condições favoráveis para o cultivo de cada cultura e os períodos ideais para a realização da semeadura.
O Zarc é bastante utilizado por produtores em todo o país, já que apresenta resultados completos e bastante amplos, ao levar em conta aspectos como o solo (especialmente no que se refere à textura), o ciclo da cultura e a semeadura, cuja divisão ao longo do ano é feita em 36 períodos de 10 dias cada.
Na prática, o Zarc leva em conta as necessidades fisiológicas de cada cultura, faz o cruzamento de dados dos últimos 30 anos e, somente então, indica os períodos de plantio mais indicados para cada situação específica.
As informações do Zarc podem ser acessadas no Painel de Indicação de Riscos, no Aplicativo Zarc — Plantio Certo e nas Portarias de Zarc por Estado.
Como consultar os dados do Zarc
No Painel de Indicação de Riscos, o produtor deve selecionar a aba “Tábua de Risco — 20% 30% 40%”, selecionar a safra, a cultura, a UF (Unidade Federativa), o grupo a cultivar, o tipo de solo e o município. Após a escolha dos filtros, o painel gera um mapa com os níveis de risco climático no local e período selecionados.
O Aplicativo Zarc — Plantio Certo é uma opção bastante interessante, pois além dos dados de riscos climáticos, fornece informações como precipitação acumulada, balanço hídrico e temperaturas mínima e máxima de cada decêndio. Para acessar os dados, basta escolher o município e a cultura desejados.
Por fim, há a opção de acessar os dados por meio das Portarias de Zarc por Estado, divulgadas no Diário Oficial da União e disponíveis no site do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Nesse caso, para consultar os dados, basta indicar o Estado e a cultura. As Portarias reúnem, além dos dados sobre riscos climáticos, informações sobre cultura, ciclo fenológico da espécie, grupo das cultivares, relação dos municípios com condições favoráveis para o cultivo, calendário de plantio, cultivares adaptadas à região, entre outros.
A consulta dos dados disponibilizados pelo Zarc é de grande importância para o produtor, pois através deles é possível fazer um planejamento realmente eficiente e, assim, alcançar resultados cada vez melhores em relação à produtividade.
Recomendações e proibições
Outro fato relevante é que o Zarc também traz algumas proibições, embasadas em aspectos técnicos e sustentáveis. De acordo com Zoneamento Agrícola de Risco Climático, é proibido o plantio de qualquer cultura em áreas de preservação permanente, solos com profundidade inferior a 50 cm, solos com teor de argila inferior a 10% nos primeiros 50 cm de profundidade, solos que se encontram em áreas com declividade superior a 45% e solos muito pedregosos.
O cumprimento dessas regras, aliás, é exigido em créditos rurais, como o Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária) e o PSR (Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural), ambos do Governo Federal.
História e expansão do Zarc
Embora tenha sido lançado em 1996, a história do Zarc começa muito antes, já que seu primeiro esboço surgiu ainda nos anos 80, com estudos desenvolvidos pela Embrapa Arroz e Feijão, na época Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (CNPAF). Naquela década, a entidade começou a desenvolver trabalhos sobre zoneamento agroclimático, focados em levantamentos sobre o regime pluvial e o balanço hídrico. O resultado alcançado foi excelente, já que conseguiu verificar quais eram os períodos mais favoráveis de semeadura para Goiás.
Depois disso, já em 1990, iniciativas parecidas foram adotadas pelo Ministério da Agricultura, o que continuou ocorrendo até 1995, quando o zoneamento agroclimático do arroz de sequeiro foi realizado no estado de Goiás, servindo como uma espécie de projeto-piloto para o que viria a ser o Zarc, instituído em 1996 e voltado, de início, apenas à cultura do trigo.
Hoje o Zarc abrange as principais culturas produzidas no Brasil e deve ser expandido até o fim de 2022, quando passará a abranger mais de 30 culturas e a contemplar seis classes de solo ao invés das três atuais. Essa expansão é resultado de uma parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Banco central.
Conclusão
O clima desempenha um papel crucial na agricultura, daí a importância de pesquisas e estudos voltados à análise das consequências dos efeitos climáticos nas produções. No Brasil, existem diversas iniciativas focadas nessa finalidade, como o Zarc (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), ferramenta criada desde 1996 com o objetivo de reunir informações pertinentes ao produtor rural, sobretudo, no que se refere ao clima.
O Zarc indica os locais e os períodos mais adequados para a produção de cada cultura, por meio do levantamento de diversos dados. Os resultados podem ser consultados no Painel de Indicação de Riscos, no Aplicativo Zarc — Plantio Certo e nas Portarias de Zarc por Estado. Todas essas opções oferecem dados completos para que, dessa forma, o produtor consiga planejar e executar suas ações da melhor forma possível.
Por meio dessa ferramenta, o produtor passa a conhecer melhor cada uma de suas opções e, assim, pode tomar decisões assertivas para que sua produção alcance resultados cada vez expressivos, tanto em quantidade quanto em qualidade.
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