Fósforo nas plantas: Tudo o que você precisa saber sobre sua disponibilidade

O fósforo é um dos macronutrientes mais importantes no desenvolvimento das plantas. Por isso, considerar sua disponibilidade, época e local de aplicação torna-se fundamental.

Assim como animais, as plantas são seres vivos e necessitam de nutrientes para que possam crescer de forma saudável. Estes são fornecidos pelo solo e se dividem entre macronutrientes e micronutrientes. Dentre eles, a disponibilidade de fósforo é fundamental para qualquer lavoura. O fósforo (P) é um macronutriente essencial para um melhor desenvolvimento e crescimento das plantas. Além do mais, quando disponível em quantidade inadequada também é um dos maiores limitadores da produção.

Fósforo (P): Macronutriente primário essencial para plantas.
Fósforo (P): Macronutriente primário essencial para plantas.
Crédito: Nutrição de safras

No entanto, os solos brasileiros têm naturalmente pouca disponibilidade desse nutriente e o aproveitamento da planta após aplicações nem sempre é eficiente.

Exatamente por isso, é fundamental conhecer melhor a função do fósforo nas plantas, suas fontes, época e local ideal de aplicação. Essas informações, quando associadas às estratégias de manejo nas lavouras, serão fundamentais para obter ganhos produtivos.

Confira a seguir todas as informações sobre a disponibilidade de fósforo na agricultura brasileira!

Fósforo nas plantas: Qual é a sua função?

Assim como os demais macronutrientes do famoso NPK, o fósforo configura-se como um dos elementos cruciais para que as plantas completem seu ciclo de vida. Essa importância fica mais evidente quando entendemos seus processos desde a sua disponibilidade no solo até seu uso pela planta.

O fósforo (P) é um macronutriente primário, sendo tratado como essencial por estar intimamente ligado ao desenvolvimento e crescimento da planta.

Este elemento é importante porque:

  • Contribui com o armazenamento e transferência de energia como, por exemplo, a glicose, frutose e ATP;
  • Contribui para a nodulação e a fixação do nitrogênio atmosférico;
  • Faz parte ainda da constituição dos nucleotídeos;
  • Participa das membranas fosfolipídicas;
  • Atua na fixação de Nitrogênio;
  • Interfere na produção de frutos e sementes

Diante dessas funções, fica claro entender que o fósforo é um componente vital para a saúde e bom desenvolvimento das plantas, ou seja, quando o solo apresenta deficiência de P, naturalmente irá ocorrer uma limitação direta na produção.

Diante dessas possibilidades, os sintomas da deficiência de fósforo se apresentam das seguintes formas:

  • Plantas pequenas;
  • Número reduzido de frutos, que também serão menores;
  • Redução na produção de sementes;
  • Atraso no florescimento e no amadurecimento;
  • Folhas velhas com arroxeado característico devido à sua alta mobilidade dos tecidos velhos para os mais novos
Planta de milho com sintomas típicos de deficiência de fósforo
Planta de milho com sintomas típicos de deficiência de fósforo (Fonte: SSSA, 2018).

Além disso, é frequente observarmos folhas velhas caindo prematuramente, além de plantas ficando menos resistentes à geada.

Mas porque nossos solos são pobres desse nutriente?

Dentre umas das principais características dos solos brasileiros está a baixa fertilidade natural, o que torna seu manejo dentro da agricultura muito mais difícil do que o realizado em solos ricos em nutrientes.

Essa característica se apresenta porque nossos solos são fortemente intemperizados devido às nossas condições climáticas. Por consequência, são ricos em óxido de ferro e alumínio – e de baixa fertilidade.

O fósforo (P) é fixado nesses óxidos. Dessa forma, ela fica indisponível para que plantas consigam absorver o fósforo. Ou seja, não ficam na solução do solo.

Além do mais, é importante entender os fatores que vão afetar a disponibilidade de fósforo para as plantas.

O primeiro destes fatores é a relação de equilíbrio entre o P lábil e o P na solução. Quanto maior a proporção de P lábil, maior a possibilidade desse fósforo se tornar disponível.

Mas, a afirmação contrária também é válida, caso seja favorecido o fósforo em solução, após uma adubação muito carregada de P, a situação tenderá para a fixação dele no solo.

Ciclo do fósforo no solo.
Ciclo do fósforo no solo. Fonte: Adaptado de Pinto, 2012.
Créditos: Agromove

Um segundo fator tem relação com a quantidade e natureza dos colóides do solo, uma vez que maior a porcentagem de partículas de argila ou da concentração de óxidos se tem o aumento do fósforo fixado.Por fim, é importante ressaltar que, em solos com maiores teores de matéria orgânica (MO), encontram-se quantidades significativas de fósforo. Essa MO atua também como agente quelante, se ligando ao ferro, evitando a formação de fosfato de ferro, uma forma fixada que não é absorvida pela planta.

A disponibilidade de fósforo tem relação direta com o pH do solo

Como já vimos nos tópicos anteriores, o fósforo é pouco móvel no solo e isso tem relação direta com o pH. Isto porque, em solos com pH mais alto, ocorre a formação de fosfato de Cálcio. E, quando baixo (solo ácido), ocorre a formação de fosfato de Alumínio e Ferro.

Dessa maneira, deve-se ponderar a disponibilidade de fósforo em solos com o pH em torno de 5,5 a 6,5, sendo esse valor o responsável pela maior reposição deste macronutriente.

Dessa forma, para suprir a quantidade de fósforo nas plantas, a recomendação é promover a aplicação na semeadura e/ou plantio. É preciso posicionar essa adubação ao lado da semente ou abaixo da mesma, chamada também de aplicação de arranque.

Como oferecer P às plantas?

Uma das estratégias mais eficientes para fornecer fósforo para as plantas é através da oferta de fertilizantes minerais fosfatados, sempre em grandes quantidades, visto que este elemento tem grande capacidade de se fixar (ligar) a outros elementos, fazendo com que ele se torne insolúvel.

Porém, é bastante importante considerar as características de solubilidade do fertilizante escolhido. Este cuidado vai influenciar em toda a sua dinâmica de disponibilidade do fósforo, como comentamos anteriormente.

Para os fertilizantes com fosfatos solúveis em água, caso do superfosfato simples e triplo, MAP e DAP na forma granulada geralmente é adicionado no sulco de plantio após a calagem.

Já os fosfatos que são insolúveis em água, como os fosfatos naturais e termofosfato, devem ter sua aplicação ocorrendo na forma de pó a lanço e incorporados ao solo, antes da calagem.

Outra maneira de fornecer fósforo para as plantas é aproveitando a forma em que ele é encontrado na natureza, ou seja, por meio da matéria orgânica.

Por que o local de aplicação é tão importante?

Vimos até aqui que a oferta de fósforo é fundamental para a cultura, mas é importante ressaltar que o local de aplicação deste macronutriente faz toda diferença para plantas e o sucesso produtivo da lavoura.

Assim, quando estamos falando de fosfatagem corretiva, aplica-se o produto em área total com incorporação. Isso permite chegar à quantidade adequada de fósforo.

Importante ressaltar também que a fixação do fósforo aumenta com o tempo de contato entre este elemento e as partículas do solo. Por isso, uma solução bastante eficiente para a aplicação do fósforo ocorre pela aplicação logo antes do plantio da safra, essencialmente após calagem e gessagem.

Por meio destas estratégias, as plantas conseguem absorver o fósforo antes que o mesmo seja fixado. Também é por essa razão que a prática de aplicação de fósforo em sulcos de semeadura é tão eficiente.

Já no caso da adubação fosfatada de manutenção, a recomendação é adotar a forma localizada no solo, visando a aplicação próximo à região das raízes. Isso é tido como crucial para o crescimento da planta.

Mas, vale ainda dizer que existem fungos chamados micorrízicos que, em associação com as raízes das plantas, conseguem ampliar a área de absorção da rizosfera. Tal condição permite uma maior busca pelo fósforo na solução do solo.

Confira também nosso artigo explicando como a agricultura de precisão ajuda agricultores a enfrentar a crise de insumos.

Boa parte do fósforo utilizado no Brasil é importada

Hoje, o Brasil é um grande importador de fertilizantes, trazendo de fora mais de 80% dos fertilizantes utilizados em lavouras e pastagens.

No caso dos fertilizantes relacionados à adubação fosfatada, o Brasil depende da importação de cerca de 50% das suas necessidades, cuja procedência são as grandes jazidas do mineral encontradas no Marrocos, na Argélia, na Rússia e nos Estados Unidos.

No Brasil, as principais reservas encontram-se nas cidades de Araxá (MG), Olinda (PE) e Jacupiranga (SP).  No entanto, o grande problema do fósforo encontrado nos solos brasileiros não está na sua baixa concentração e sim, na sua baixa disponibilidade.

Segundo estudos, cerca de 70% do fósforo aplicado via fertilizantes minerais ou orgânicos é acumulado no solo em formas pouco ou nada acessíveis às plantas.

Assim, para que a fonte não se esgote no país, a solução passa invariavelmente pelo reaproveitamento do nutriente que está acumulado no solo, para a reversão do processo de fixação.

Para isso, devem ser adotadas as seguintes estratégias:

  • Manejos da calagem;
  • Sistema plantio direto com rotação de culturas;
  • Sistemas integrados de lavouras com pecuária (ILP); e
  • Utilização de bioinsumos capazes de promover o crescimento do sistema radicular das plantas e a solubilização de formas indisponíveis de fósforo do solo.

Por fim, fica uma frase que todo agrônomo, técnico agrícola ou produtor deve seguir: “O Fósforo é um nutriente que pouco se move no solo. Por isso, as raízes das plantas precisam “correr” atrás dele” e você tem a função de ajudar!

Referências

Aegro

Embrapa

K+S Minerals and Agriculture

Cana Rural

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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2 Comments

  1. José Osmar Merlini Reply

    Bom dia. É de grande importância a análise da terra para o aproveitamento das plantas.
    Vemos que aqui no Brasil são poucos os produtores que analisam a terra para programar seu plantio. Com isso muitas vezes utilizam produtos em falta ou excesso o que prejudica a lavoura.
    Vi uma frase que gostei muito. “o excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia do outro e, por conseguinte, ,pode diminuir o rendimento das colheitas”

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