Tripes em soja: Principais cuidados no manejo

Saiba mais sobre o que é a Tripes em Soja, quais são os danos causados, e quais cuidados você deve ter durante o cultivo para evitar perdas.

Um dos muitos desafios cotidianos enfrentados pelo produtor rural é o combate às pragas, afinal, insetos e outros seres são capazes de provocar sérios danos às mais diversas culturas. No caso da soja, são muitas as pragas existentes, como o percevejo-marrom, a lagarta helicoverpa, a lagarta-da-soja, a lagarta-do-cartucho, entre outras.  

Existem também as pragas secundárias, como as tripes, insetos que, em um primeiro momento, podem até parecer inofensivos, mas que são capazes de causar uma grande redução na produtividade da cultura, especialmente em longos períodos de estiagem e em solos de baixa fertilidade.  

Identificação de Tripes em Soja
Fonte: Atual Agro

Essa praga tem capacidade para transmitir viroses e causar lesões que possibilitam o surgimento de outros patógenos, como fungos e bactérias.  

Dentre as quase duas mil espécies existentes de tripes pelo mundo, as que são encontradas na soja brasileira com maior frequência são a Caliothrips brasiliensis, a Caliothrips phaseoli e a Frankliniella schultzei. Todas essas três espécies atingem a vida adulta entre oito e nove dias após o nascimento, possuem corpo alongamento e asas, se abrigam em folíolos e folhas e se alimentam de tecidos vegetais.  

A Caliothrips brasiliensis e a Caliothrips phaseoli são encontradas com mais frequência na região Sul do país e não causam danos apenas à soja, mas também a culturas como o algodão e o feijão.  

Nessas duas espécies, os adultos medem, em média, 1 milímetro, têm coloração amarelada e capacidade de reduzir em até 50% a taxa de fotossíntese das plantas e em até 17% o rendimento da cultura.  

Já a Frankliniella schultzei, encontrada com frequência na Bahia, prejudica a raspagem na superfície folar, além de causar danos nas flores e até mesmo esterilidade. Essa espécie se reproduz rapidamente, o que exige atenção redobrada do produtor.  

As principais diferenças entre as espécies Frankliniella e Caliothrips estão ligadas, principalmente, à região da planta atacada e ao tipo de dano causado. As espécies do gênero Caliothrips fazem uma espécie de processo de “raspagem” nas folhas da parte mediana e inferior do dossel e, assim, conseguem perfurar as estruturas da epiderme da planta na região em que se concentram os seus estômatos. Já as espécies do gênero Frankliniella ficam concentrados na região do tecido meristemático e afetam a diferenciação e o desenvolvimento das plantas.  

Danos indiretos 

Além dos já citados danos diretos à soja (responsáveis por diminuir a qualidade dos grãos e acelerar a sua deterioração), as tripes oferecem danos indiretos, como a transmissão do vírus TSV (Tobacco Streak Vírus), responsável pela “queima-do-broto” e capaz de afetar o desenvolvimento das plantas a ponto de elas ficarem com o porte reduzido.  

O TSV ocorre, principalmente, nos estados de São Paulo e do Paraná, especialmente por conta da presença de plantas daninhas hospedeiras perenes e semiperenes. 

Controle da praga 

Embora as tripes possam causar muitos danos à produção e sejam difíceis de serem identificadas, o seu controle é relativamente simples. Vale lembrar, no entanto, que alguns pontos são essenciais para não colocar a perder todo o trabalho realizado.  

O primeiro passo é identificar a população da praga e o seu estádio de desenvolvimento e buscar orientação de um profissional qualificado para utilizar os inseticidas de maneira adequada.  

Também é fundamental remover as plantas hospedeiras, realizar a rotação de culturas, acompanhar as previsões meteorológicas (baixa umidade favorece a reprodução da praga) e manter a atenção voltada ao plantio, já que a reinfestação pela praga pode acontecer em um prazo de aproximadamente 15 dias. 

O manejo adequado – com controle de população, monitoramento constante e atenção ao solo (uma vez que parte do ciclo de vida da praga acontece neste local) – aliado ao controle químico bem feito é a maneira mais eficiente de conter a praga. Nesse sentido, produtos de ação translaminar são os mais indicados, afinal, eles são aplicados na superfície das folhas e têm capacidade de chegar ao lado oposto, cobrindo, dessa forma, uma grande área da planta.  

Estudos recentes também destacam que o Manejo Integrado de Pragas (MIP) também pode alcançar resultados bastante satisfatórios, ao utilizar uma mesma molécula para controle de diversas pragas-alvo, como percevejo-verde, vaquinha-verde-amarela, mosca-branca, percevejo-marrom e percevejo-verde-pequeno, com custos reduzidos.  

Confira também nosso artigo sobre a Soja Louca!

Conclusão 

Embora se qualifiquem como uma praga secundária, as tripes podem oferecer sérios riscos a diversas culturas, principalmente à soja. Esses insetos são capazes de reduzir a produtividade, dificultar a fotossíntese, transmitir viroses e causar lesões que possibilitam o surgimento de outros patógenos, como fungos e bactérias.  

São mais de duas mil espécies de tripes espalhadas pelo mundo, sendo que no Brasil as três mais comuns são a Caliothrips brasiliensis, a Caliothrips phaseoli e a Frankliniella schultzei. As duas primeiras atingem frequentemente as plantações da região Sul do Brasil, enquanto a terceira é mais comum na Bahia.  

Para que suas terras não sejam afetadas por este problema, o produtor deve se atentar aos meios de controle de praga, sempre com a ajuda de um profissional capacitado para tal. Assim, por meio de ações relativamente simples, como remoção das plantas hospedeiras e aplicação de inseticidas, ele pode ficar livre desse problema.  

Entretanto, como as tripes se reproduzem rapidamente, é essencial manter o monitoramento constante, afinal, esses pequenos insetos podem reduzir a produtividade em níveis consideráveis e dar uma dor de cabeça facilmente evitável ao produtor.  

Referências

Blog Aegro  

Blog Verde 

Infoteca 

Mais Soja 

Embrapa 

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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