Redução de Impactos Ambientais: Técnicas utilizadas pela agricultura brasileira

Nas últimas semanas, a atenção do mundo todo se voltou à 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP26. O evento, realizado na cidade de Glasgow, na Escócia, reuniu representantes de vários países e ressaltou a importância de lideranças políticas, organizações não governamentais, população e empresas intensificarem ações de proteção ao meio ambiente, especialmente num momento em que diversas regiões do planeta sofrem os efeitos das mudanças climáticas. 

Em meio a essa realidade, já há alguns anos a agricultura tem desenvolvido novas tecnologias para reduzir os impactos ambientais. Isso, inclusive, deve ser intensificado a partir de agora, já que a agricultura, além de desempenhar um papel essencial no meio ambiente, pode ser um dos setores mais prejudicados com as mudanças climáticas. 

Quando se fala em medidas de proteção ao meio ambiente, um dos primeiros tópicos que vêm à cabeça é a redução das emissões dos gases de efeito estufa (GEE). Nesse aspecto, é importante ressaltar o trabalho desenvolvido pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), responsável pela execução de diversos projetos que buscam reduzir a emissão de GEE em sistemas pecuários, florestais e graníferos, nos diversos biomas brasileiros. 

Um dos exemplos é o Sistema Plantio Direto (SPD), que aumenta as taxas de produtividade e o sequestro de carbono orgânico do solo, além de beneficiar a saúde dos solos cultivados, melhorar as condições biofísicas do solo, prevenir processos de salinização e reduzir a amplitude de variação de temperatura e evaporação.

Outra ação que merece destaque, em se tratando de sistemas aeróbios (sem lâmina d’água), é o uso de nanotecnologia para a liberação lenta de fertilizantes, o que reduz de maneira significativa a emissão de óxido nitroso. 

Os objetivos da COP26. Imagem: Poder 360

Já no que se refere à pecuária, uma das tecnologias mais utilizadas como forma de reduzir a emissão de GEE é a recuperação e intensificação de pastagens, técnica com grande potencial de sequestro de carbono no solo, por conta da grande quantidade de terras destinadas a esta atividade no Brasil.

Também é fundamental ressaltar o papel das culturas energéticas na proteção do meio ambiente, já que estas são alternativas viáveis do ponto de vista ambiental, uma vez que evitam a queima de combustíveis fósseis. Exemplos disso são o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar ou do milho, o biodiesel à base de soja e a energia elétrica a partir da biodigestão de resíduos. 

Também se destacam as medidas executadas em setores florestais, tão presentes no dia a dia do produtor, por meio da vegetação nativa em Reservas Legais (RLs), Áreas de Proteção Permanente (APPs) e Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RRPNs). As árvores existentes nesses locais desempenham um importante papel na manutenção de carbono, água e da biodiversidade em agroecossistemas.

Efeitos da mudança climática. Imagem: Iberdrola

Mercado de carbono

Da mesma forma que a realização da COP26 direcionou os países para que adotassem medidas de proteção ambiental mais eficazes e urgentes, a ECO-92 e o Protocolo de Quioto foram fundamentais para surgisse o mercado de carbono. 

Por convenção, um crédito de carbono é a representação de uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida e, assim, contribuiu com a diminuição do efeito estufa. Existem diversas maneiras de gerar créditos de carbono, sendo uma das mais comuns a substituição de combustíveis em fábricas, momento em que elas deixam de usar biomassas não renováveis, como lenha de desmatamento, e passam a usar biomassas renováveis.

O cálculo de quanto carbono deixou de ser emitido com essa substituição é feito a partir da diferença dos dois cenários e é a base para que os créditos sejam gerados. 

Nesse mercado, o crédito de carbono funciona como uma moeda utilizada por empresas que tenham um nível de emissão elevado. Assim, elas podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões e, dessa forma, contribuir com o meio ambiente, ao promover um o desenvolvimento sustentável. 

Mercado de Carbono. Imagem: Florestal Brasil

Conclusão

A agricultura, já há algum tempo, tem trabalhado para reduzir os danos ambientais, especialmente no que se refere à emissão dos gases de efeito estufa. Para isso, tem desenvolvido importantes técnicas e tecnologias, utilizadas diariamente em diversas áreas, como plantio de grãos, pecuária, culturas energéticas, setores florestais, entre outros. Outra iniciativa recorrente, sobretudo por grandes empresas, é a compra de crédito de carbono para compensar a emissão de gases de efeito estufa.

O setor trabalha há anos para reduzir os efeitos das mudanças climáticas e fará ainda mais nos próximos anos, pois estas mudanças afetam diretamente toda a cadeia produtiva da agricultura e, consequentemente, colocam em risco a alimentação de todo o planeta. 

Mais do que nunca, a agricultura compreende que produção, economia e proteção ambiental devem caminhar lado a lado, em prol de um mundo muito melhor para todos, e o emprego de tecnologias como o FieldScan no campo se torna vital nesse ciclo.

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Referências

Embrapa

Congresso em foco

G1

FGV 

Ipam

Sustainable Carbon

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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