Soja no Brasil: Evolução em produtividade da principal commodity brasileira

Nas últimas safras, o agronegócio brasileiro alcançou um feito inimaginável décadas atrás: Somos hoje os maiores produtores e exportadores no mundo de soja. Isso prova o quanto evoluímos em produtividade deste grão amplamente utilizado para a alimentação humana e nutrição animal.

Porém, nem sempre foi assim. A soja ficou esquecida no país por cerca de 70 anos (1882/1950), com a produção dessa oleaginosa tendo como único destino a oferta de forragem para bovinos ou como grão para engordar suínos nas pequenas unidades produtoras do interior gaúcho.

Sua trajetória de crescimento, sem paralelo na história do País, começou na década de 1960 e em menos de vinte anos já podia ser considerada como a cultura líder do agronegócio brasileiro. Hoje evoluímos ainda mais, já que somos os líderes mundiais dessa oleaginosa!

Mas muita coisa aconteceu para que a soja fosse a principal commodity do Brasil. Evoluímos em área cultivada e principalmente em produtividade.

Baseado na importância da soja para o agronegócio brasileiro, convidamos você a conhecer a evolução em produtividade da soja brasileira, além dos fatores que contribuíram com esse processo.

Evolução da soja brasileira

Em 2022, o Brasil irá comemorar os 140 anos de introdução da soja em seu território, com elevada produtividade média. Porém, toda a evolução da soja que presenciamos hoje começou apenas na década de 60, como indica esse estudo da Embrapa.

No correr dos anos 50, a produção até avançou, passando de 34 mil para 152 mil toneladas. Mas a incomparável trajetória de crescimento do cultivo teve início nos anos 60. De 1960 para 1969 a área cultivada cresceu 5,3 vezes, passando de 171 mil ha em 1960 para 906 mil ha ao final da década.

Mas, entre 1970 e 2017, o avanço foi ainda mais espetacular, chegando a quase 26 vezes na área cultivada com soja no período. Nenhuma outra cultura apresentou números tão expressivos, como visto na tabela abaixo.

Porém, a soja ganhou ainda mais representatividade no país em decorrência da elevação da produtividade. No mesmo período houve um impressionante crescimento de 76 vezes da produção (1,5 Mt em 1970 para 114 Mt em 2017). 

Todo esse desempenho se deve ao aumento de incríveis 207% (1.089 kg/ha em 1970 vs. 3.343 kg/ha em 2017) da produtividade da soja, como visto na imagem abaixo.

Produção de soja no Brasil

Na safra de 2019/20 o Brasil produziu cerca de 125 milhões de toneladas de soja, com a ocupação de aproximadamente 37 milhões de hectares de área plantada, conforme demonstra o estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apresentado em setembro de 2020. 

O estudo indica ainda que a produtividade do plantio do grão no país é de 3.379 kg/ha.

Produtividade x área: Um irá crescer, outro deve se estagnar

Nos últimos anos, praticamente todos os pesquisadores agrícolas têm alertado o setor sojicultor para a importância de se ampliar a produtividade, não só para gerar uma rentabilidade maior por hectare, mas também porque a oferta de novas áreas começa a sofrer certa escassez. 

As áreas com pastagens degradadas ainda apontam uma opção para a agricultura avançar em termos de área, no entanto isso depende da adaptação do solo em áreas sem histórico com agricultura, ou seja, o montante a ser produzido começará pequeno e avançará mais lentamente, do que em áreas já consolidadas.

Mas, segundo o vídeo elaborado pela Aprosoja apresentado logo abaixo, o setor investiu bastante em pesquisa e tecnologia, com isso houve adaptação das sementes ao clima tropical, além de correção da acidez e a baixa fertilidade dos solos brasileiros, sendo essa a melhor estratégia para elevar a produtividade da soja no Brasil.

LINK DO VÍDEO DA APROSOJA: https://www.youtube.com/watch?v=WPZaOU1oPdw

Essas inovações foram conseguidas com o que há de mais moderno em tecnologias dentro da produção da soja. Com isso, elas transformaram e continuam transformando a maneira como a agricultura tem sido praticada, contribuindo para maior eficiência nos recursos investidos, bem como um ajuste fino da relação dos nutrientes do solo pela necessidade da planta.

Tecnologias adotadas que elevam a produtividade da soja

O Brasil já figura como o maior produtor e exportador de soja de todo o mundo. Qual será o próximo objetivo? A resposta é simples: Aumentar ainda mais a produtividade dessa commodity e ajudar a alimentar cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo.

Para isso, dar continuidade ao que já é feito e aprimorar ainda mais as estratégias e tecnologias é fundamental, dais quais vale citar:

Investimento em tecnologia de manejo e gerenciamento inteligente

O mercado tecnológico, principalmente diante do avanço da agricultura digital, representa um dos principais fatores que ajuda a elevar a produção de soja no Brasil. Hoje em dia são disponibilizados uma série de sistemas, softwares e soluções tecnológicas que visam otimizar os processos no campo, além de resolver problemas de produtividade na soja.

Entre os avanços tecnológicos que mais impactaram no desenvolvimento da produtividade da soja brasileira, se destacam os aperfeiçoamentos realizados quanto ao manejo do solo e da cultura e o enorme avanço no maquinário, o qual proporciona maior eficiência na semeadura, tratos culturais e colheita. 

Não podemos esquecer da agricultura de precisão, principalmente com o uso do GPS e dos drones, ainda limitados aos produtores de elite, mas em vias de tornarem-se populares, contribuindo com a produtividade em um âmbito geral.

Manejo de pragas, doenças e ervas daninhas

Pragas, doenças e ervas daninhas são problemas que podem minar a produtividade na soja. Por isso, o investimento em ferramentas de monitoramento para lidar com esse problema é essencial, pois impactará a produtividade de forma positiva.

Para controlar as doenças na cultura da soja o ideal é utilizar todas as formas possíveis de controle, representadas pelo manejo integrado de doenças e pragas. Isso exige acompanhamento constante das lavouras, desde a semeadura até a colheita, com os métodos de controle sendo indicados a cada etapa da cultura.

Além disso, por meio de softwares de gestão e de monitoramento de pragas há a possibilidade de identificar as pragas e as doenças da lavoura com mais assertividade. Os mapas gerados por muitos sistemas indicam a pressão de pragas e doenças em cada talhão da lavoura, indicando se há necessidade de controle em área total ou somente na área da infestação.

Genética: evolução bastante significativa nos últimos anos

Há pouco mais de 10 anos enfim houve o sequenciamento do genoma da soja, e desde então, isso vem criando novas perspectivas, com plantas ainda mais produtivas para o futuro. 

Conhecendo o genoma, e sendo possível editá-lo, o desafio agora é identificar genes de interesse agronômico. Mesmo sendo uma tarefa ainda complexa, essa possibilidade se tornou factível com essas ferramentas.

Em outras palavras, é possível que seja selecionada uma planta com uma característica agronômica desejada ainda na semente, por exemplo.

Plantio Direto

À medida que as necessidades de melhor manejo e investimento em tecnologia para solo, sementes e defensivos vão surgindo, o sojicultor brasileiro pode voltar seu olhar para soluções que vão ao encontro da sustentabilidade. Neste contexto, o Sistema de Plantio Direto (SPD) torna-se um divisor de águas para a produtividade na soja. 

Esse sistema de produção requer cuidados na sua implantação, mas depois de estabelecido, os benefícios se estendem ao solo e ao rendimento das culturas. Devido à drástica redução da erosão, o SPD reduz o potencial de contaminação do meio ambiente e oferece ao agricultor maior garantia de renda, pois a estabilidade da produção é ampliada em comparação aos métodos tradicionais de manejo de solo.

O plantio direto é definido como o processo de semeadura em solo não revolvido, no qual a semente é colocada em sulcos ou covas, com largura e profundidade suficientes para a adequada cobertura e contato das sementes com a terra.

Conclusão

Nos últimos 60 anos a soja brasileira passou de uma cultura com nenhuma expressividade para a maior commodity brasileira, com o Brasil sendo o maior produtor e exportador dessa oleaginosa à nível mundial.

Parte desse sucesso é decorrente da área cultivada, que cresceu incríveis 26 vezes entre 1970 e 2017. Mas o grande responsável pelo aumento da produção é o investimento em modernas técnicas e tecnologias de produção, que elevaram a produtividade em 207% no mesmo período.

Todo esse sucesso é consequência do uso de novas técnicas de manejo – plantio direto e eficientes estratégias de controle de pragas, doenças e plantas daninhas – e novas tecnologias, tais como genética, modernos maquinários e gerenciamento inteligente de todas as etapas da produção.

Fundador e Diretor Executivo da Sensix. Engenheiro Mecatrônico de formação e com vasta experiência no mercado de agricultura digital. Apaixonado por agricultura, drones e em fazer a diferença no mundo usando tecnologia.

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