Soja: Confira algumas curiosidades sobre a produção da cultura

Relatório divulgado em maio deste ano pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) afirma que a colheita no Brasil deve somar 154,81 milhões de toneladas de soja, o que representa um aumento de 23% em relação à safra anterior. O número evidencia a importância da cultura para o país, afinal, hoje o Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores de soja do mundo, seguido pela Argentina. Juntos, os três países são responsáveis por produzir mais de 80% da soja no mundo.

Embora boa parte da população saiba de importância da produção de soja para o Brasil, muitas pessoas não sabem o quanto essa cultura é repleta de curiosidades, algumas, inclusive, bem interessantes, como pode ser visto em seguida:

Origem

A soja é originária da China, mais especificamente da região do Rio Yangtzé, local em que foram coletadas variedades selvagens, pouco indicados para o consumo humano. A versão da soja próxima à conhecida hoje em dia surgiu a partir de diversos cruzamentos conduzidos por cientistas chineses.

Mais tarde, a soja chegou à Europa como planta ornamental e não se adaptou bem ao cultivo agrícola. Já nos Estados Unidos, encontrou um clima favorável e, rapidamente, se tornou uma das culturas mais cultivadas no país, posição que mantém até hoje.

No Brasil, a soja chegou por volta de 1882, trazida pelo Professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da Bahia.

Mudanças ao longo dos tempos

As variedades de soja têm, atualmente, algumas características bem diferentes daquelas observadas na soja ancestral. A planta – da ordem Fabales, família das Fabaceae, subfamília Faboideae, gênero Glycine L. – é herbácea e dicotiledônea, com altura que varia de 60 a 120 cm e ciclo que vai de 100 a 160 dias.

Formas de crescimento

O crescimento da planta pode ser indeterminado, semideterminado ou determinado. Além disso, seu desenvolvimento está associado ao fotoperíodo, de modo que se a cultura estiver submetida a um curto período de iluminação, tende a florescer precocemente, o que  reduz de forma considerável a sua produtividade.

Melhoramento genético

Com o melhoramento genético como uma realidade, a soja tem se adaptado bem às condições bióticas e abióticas e, atualmente, pode ser produzida em muitos locais em que isso não era possível em um passado recente. Prova disso é que o melhoramento genético tornou possível cultivar a soja em regiões brasileiras com latitudes inferiores a 20° (MT, GO, BA) e até mesmo em locais em que as grandes áreas em expansão (PA, MA, TO, PI) estão em latitudes inferiores a 10°.

Nitrogênio

 A cultura da soja é tem grande necessidade de nitrogênio. Para se produzir 3.000 kg/ha de grãos de soja, por exemplo, são necessários nada menos que 240 kg de nitrogênio, dos quais apenas 195 kg são efetivamente inseridos na estrutura do grão.

Diante de algumas necessidades da planta, sua produção poderia até mesmo ser inviável se não fosse por importantes avanços científicos. Exemplo disso é o trabalho desenvolvido pela pesquisadora Dra. Johanna Döbereiner com Bradyrhizobium sp., bactérias fixadoras de nitrogênio, que proporcionaram elevados ganhos econômicos para o Brasil  (na ordem de US$ 7 bilhões), uma vez que bactérias têm a habilidade de realizar simbiose com as plantas de soja, através da formação de nódulos no sistema radicular, o que, na prática, quebrar a tripla ligação entre os átomos de nitrogênio atmosféricos.

Maiores produtores no país

Os principais produtores de soja no Brasil são Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul. Outros estados brasileiros expressivos na produção de soja são Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais. Além disso, segundo a Conab, há um avanço acelerado no Pará e na região do Matopiba (que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).

Commodity

Assim como milho, algodão, café, açúcar, ouro, boi gordo, petróleo e suco de laranja (concentrado e congelado), a soja é uma commodity, ou seja, tem negociação em bolsa de valores e seu preço no mercado mundial é consequência da oferta e da demanda, não sendo determinado pela empresa que a produz. Na época da entressafra, por exemplo, há aumento de preços, o que afeta o valor final do produto.

Crescimento

A produção de soja saltou 557% nos últimos 30 anos, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Isso porque, na safra 1992/93, o país produziu 23,04 milhões de toneladas do grão. Já em 2022/23, a entidade projeta 151,4 milhões de toneladas, recorde histórico absoluto. Nesse intervalo, o aumento de área saltou 306%, ao passar de 10,7 milhões de hectares para os atuais 43,5 milhões de hectares. Quanto à produtividade média de todo o país, o aumento também foi expressivo: 2.150 kg/ha (35,8 sacas) para 3.479 kg/ha (57,9 sacas) estimados para esta temporada, ou seja, 61,7% de incremento. Há 30 anos, apenas 12 estados brasileiros e o Distrito Federal produziam soja. Hoje, são 21 unidades da federação, mais o DF.

Conclusão

A soja tem um importante papel para a agricultura e para a economia do país. Não por acaso, o Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores desse grão no mundo todo. Até chegar a esse patamar, no entanto, a soja passou por diversas transformações ao longo de séculos, desde sua origem na China até o momento atual.

Nesse contexto, as curiosidades expostas nesse artigo contribuem para oferecer um panorama da cultura e deixar ainda mais claro a importância de seu papel na alimentação da população mundial.

Leia também: Tipos de safra: saiba quais os períodos existentes ao longo do ano

Fontes

Syngenta Digital

SBA

Terra Magna

Canal Rural

Exame

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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