Vale a pena investir em algo que não dá retorno? Entenda como é possível gerenciar a população de plantas de acordo com o potencial produtivo de cada parte do seu talhão. Como já vimos no artigo sobre taxa variável, é necessário saber que existe uma variabilidade espacial dentro do seu talhão, por menor que ele seja, e que essa variabilidade pode ser aproveitada para redução dos custos e aumento de produtividade.
Um dos aproveitamentos que podem ser tirados das diferenças dentro do talhão é a semeadura em taxa variável.
Para entender melhor essas diferenças, precisamos lembrar que algumas características do solo não permitem muito manejo, como a textura, o que exige que convivamos com aquela realidade.
Não é incomum encontrar áreas dentro do talhão em que as plantas se desenvolvem menos e quando vamos ver, o lugar é quase um banco de areia.
Solos arenosos retém menos água, fazendo com que as plantas entrem em déficit hídrico mais facilmente; retém menos nutrientes; além de apresentar outras desvantagens.
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Porém essas desvantagens podem ser manejadas e essas áreas podem sim ser lucrativas, de acordo com seu potencial. Uma das estratégias que podem ser aplicadas nessas situações é a semeadura em taxa variável.
Segundo o IMEA, na safra 2020/21 as sementes de milho representaram 25% do custo de produção no estado do Mato Grosso, o maior produtor de milho do país.
Pensando nisso, a semeadura em taxa variável se caracteriza pela variação da população de plantas dentro de um mesmo talhão, por exemplo: lugares com maior potencial produtivo recebem 80 mil plantas por hectare, ao passo que as áreas menos produtivas recebem 50 mil.
Mas, como saber quais áreas tem um potencial produtivo maior e quais áreas, mesmo que bem tratadas, não conseguem produzir tanto?
Abaixo vamos ver 4 passos que podem ser seguidos para se fazer uma semeadura em taxa variável.
1º – Observação do mapa de colheita:
Hoje os mapas de colheita são os melhores amigos do produtor que quer entender a variabilidade dentro do seu talhão.
Pensando nas grandes culturas, praticamente todas as colhedoras de soja, milho, algodão entre outras já saem de fábrica com um monitor que, quando bem calibrado, é capaz de mostrar as áreas mais e menos produtivas dentro daquela safra.
2º – Descobrindo a causa da variabilidade
Conhecendo as diferenças de produtividade, fica mais fácil investigar suas causas.
Guiado pela variabilidade mostrada no mapa de colheita, pode-se guiar uma amostragem de solo. É importante ressaltar que, quanto maior o registro histórico dessas colheitas, maior a precisão da decisão.
Uma amostragem de solo guiada pode identificar grandes variações de fertilidade do solo, por exemplo, o que pode servir de guia para uma adubação mais pesada nas áreas menos produtivas. Mas cuidado, nem todas as manchas de produtividade são problemas de fertilidade, é necessário investigar dados de fitossanidade, nematóides, etc.
A amostragem de solo guiada também pode revelar diferenças de textura nas áreas mais e menos produtivas, por exemplo, sendo a textura um fator que não permite manejo e exige adaptação e convivência.
3º – Definindo as áreas mais e menos produtivas
A definição das áreas pode ser feita de diversas maneiras, de acordo com o preciosismo de quem as determina e as ferramentas disponíveis.
Muitos técnicos e empresas definem as áreas mais e menos produtivas apenas pela série histórica do monitor de colheita. Alguns optam por ir mais fundo e investigar as diferenças na física e química do solo, baseando-se na variação da produtividade, matéria orgânica presente e Capacidade de Troca Catiônica do solo.
Há ainda quem opte por modelos matemáticos e métodos estatísticos “manuais” que podem analisar, ao mesmo tempo, centenas de dados de solo, séries históricas de produtividade, dados meteorológicos etc., o que não é muito prático pra rotina do campo.
Uma outra opção que tem ganhando destaque nos últimos anos para definição de áreas mais e menos produtivas é o uso da Inteligência Artificial.
A Inteligência Artificial se baseia no aprendizado autônomo de máquinas que são capazes de executar funções e tomar decisões sem serem tutoradas por seres humanos.
Uma ferramenta que utiliza Inteligência Artificial para determinação de zonas mais e menos produtivas dentro de um talhão é o plug-in Smart-Map, disponível gratuitamente dentro do software Qgis. Além disso, existem algumas plataformas de agricultura digital que também são capazes de gerar zonas a partir de dados agronômicos diversos, facilitando a definição destas zonas.
Uma dessas plataformas automatizadas que possui capacidade de geração de mapas de população em taxa variável é o FieldScan, da Sensix.
4º – Determinando a população ideal
Após a determinação das áreas mais e menos produtivas dentro do talhão, é hora de determinar qual a população de plantas mais adequada para aquelas condições.
Se, por exemplo, seu talhão for dividido em duas áreas, não necessariamente a com maior capacidade de resposta deverá receber a população máxima recomendada pelo fabricante da semente.
Lembrando que diferentes culturas se comportam de forma diferente quanto à população aplicada. O milho por exemplo, possui resposta produtiva inversa à soja. Portanto, é importante que se consulte um engenheiro agrônomo ou técnico agrícola para que se determine a população para cada área, de acordo com suas limitações e potencialidades, mas analisando todos os atributos de forma conjunta.
Todo esse processo demanda tempo e disposição, porém o retorno econômico é fatídico pois, conhecendo o potencial produtivo das novas áreas dentro do seu talhão, não se guia apenas a população de plantas mas a dose de fertilizantes, corretivos, defensivos etc.
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