Saúde mental e campo: a importância de cuidar de trabalhadores rurais além do aspecto físico  

Você já parou para refletir sobre a relação entre o agronegócio e a saúde? De um lado,  essa associação é fácil: o agro coloca alimentos nas mesas de milhões de brasileiros,  preservando sua saúde física, ao mesmo tempo que proporciona ganhos que contribuem com a saúde financeira de todo o país. De outro, há uma faceta do tema que não é nem de perto tão bem explorada. Estamos falando da saúde mental no campo.

Diversas pesquisas realizadas por órgãos públicos, como a Organização Mundial da  Saúde (OMS), e por instituições privadas, a exemplo da startup Jungle, trazem dados  alarmantes em termos de saúde mental de trabalhadores rurais. Para você ter ideia,  quase 36% desses trabalhadores apresentam sintomas depressivos – mais que o dobro da prevalência na população brasileira geral, que é de 15%. 

Considerando a relevância do assunto, hoje no Blog Sensix queremos falar sobre o  impacto da saúde mental no agronegócio: quais são os principais impactos sobre os  profissionais do campo? O que contribui com esse cenário tão preocupante? E quais são  as possíveis soluções? Leia nosso artigo e descubra mais! 

Principais questões ligadas à saúde mental de trabalhadores rurais 

Engana-se quem pensa que trabalhadores rurais não ficam expostos a tantos estressores quanto quem vive e trabalha nos grandes centros urbanos. Essa ideia tem um pé no senso  comum, que muitas vezes associa ansiedade, depressão, Síndrome de Burnout e outros  quadros de saúde mental à correria típica das cidades. 

Basta imaginar a rotina de um profissional médio: acordar cedo e com pressa, encarar o  caos do trânsito (muitas vezes, no transporte público lotado), lidar com demandas que  parecem não ter fim… Mas quem disse que isso não vale também para quem atua nas  lavouras brasileiras? A rotina pode ser diferente, mas é tão desgastante quanto (ou até  mais desgastante).

Ansiedade, estresse, Síndrome de Burnout… Questões ligadas à saúde mental não afetam somente quem  vive e trabalha nos grandes centros. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik. 

De acordo com dados da Jungle, startup que mencionamos na introdução,  aproximadamente 40% dos profissionais que atuam no agro apresentam pelo menos  um sintoma de transtorno mental. Entre os fatores que levam a esse dado, podemos  citar a inconstância de fenômenos climáticos – a exemplo das enchentes que assolaram o  Rio Grande do Sul no começo de 2024 –, que provocam perdas bilionárias, além de  incertezas sobre o futuro e oscilações na safra (o que, como sabemos, é uma constante  no agronegócio). 

E há um fator que merece atenção por ser relativamente recente, mas já ter gerado um  forte impacto na saúde mental dos trabalhadores rurais: a Covid-19. 

Efeitos da pandemia de Covid-19 na saúde mental de trabalhadores  rurais

Apesar de a pandemia de Covid-19 ter chegado ao fim, os desdobramentos dela em longo  prazo estão apenas começando a dar as caras. Indo além de questões como dificuldades  de aprendizagem em crianças e adolescentes e a redução da expectativa de vida em  inúmeros países, incluindo o Brasil, os trabalhadores rurais também estão entre os  grandes afetados. 

Um dos efeitos mais observáveis que a pandemia gerou no campo foi o aumento do uso  de cigarro e álcool, além de um crescimento nas taxas de suicídio e nos transtornos de  ansiedade. Essas são as constatações de Bruno Shiozawa, CEO da Jungle, em entrevista  concedida em 2022 ao portal Globo Rural (e que você pode conferir na íntegra aqui). 

Embora esses índices tenham subido na população como um todo, os produtores e outros  profissionais do campo ganham destaque pela vulnerabilidade acentuada – causada, por  exemplo, pela distância física entre eles e os centros de tratamento de saúde. 

Formas de cuidar da saúde mental no campo 

Quando falamos de saúde mental e trabalhadores rurais, é importante frisar que todos  estão sujeitos a transtornos e outros quadros: dos pequenos produtores aos CEOs de  grandes empresas no setor. Mesmo assim, sabemos que ainda há um forte estigma em  relação à saúde mental, não só no agro, e sim no país inteiro. 

A boa notícia é que muitas formas de cuidar da saúde envolvem técnicas fáceis de adotar.  Do lado das empresas, uma das mais simples é promover palestras, conversas e outros  eventos de conscientização que coloquem os profissionais em contato direto com o  tema sob uma perspectiva em que não haja julgamentos. 

Mas cada um também tem que fazer a sua parte individual. Os trabalhadores devem  buscar atividades complementares que estimulem a criatividade e não estejam  relacionadas ao trabalho, contar com uma rede de apoio sólida, incluindo amigos,  familiares e até colegas de profissão, e pedir ajuda, seja à rede de apoio ou a profissionais  qualificados para tratar questões de saúde mental.

Contar com uma rede de apoio sólida é uma das principais formas de cuidar da saúde mental, seja na  cidade ou no campo

Contar com uma rede de apoio sólida é uma das principais formas de cuidar da saúde mental, seja na  cidade ou no campo. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik. 

Essas técnicas já são aplicadas com frequência nos grandes centros, talvez em função  justamente da facilidade de acesso (ou seja, da proximidade física entre quem precisa de  ajuda e quem é capaz de oferecê-la), mas não custa reforçar que elas estão disponíveis  também a quem vive e trabalha no campo. 

A Sensix entende a importância da saúde mental, e foi por isso que decidimos trazer o  tema aos nossos leitores. Para finalizar, deixamos aqui um convite à reflexão: seja no  campo ou na cidade, dar atenção à saúde mental é fundamental. Que tal começar essa  mudança incentivando diálogos no seu ambiente de trabalho? 

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