Entenda por que o IBGE prevê uma redução na safra agrícola 2024, o que causa essa queda e o que podemos fazer para tentar revertê-la
O segundo prognóstico do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado no início de dezembro pelo IBGE, indicou que a safra de cereais, grãos e leguminosas no Brasil em 2024 deve fechar em cerca de 306,2 milhões de toneladas. Isso representa uma queda de 3,2% em comparação a 2023, quando a produção atingiu 316,3 milhões – o que, por sua vez, apontou uma alta em relação à safra 2022 (que foi de 263,2 milhões de toneladas).
A notícia não é das melhores, considerando o peso que o setor agrícola tem na economia brasileira: para você ter noção, ele movimenta uma indústria que corresponde a um terço do PIB do país. Além disso, ela gera implicações em questões como a segurança alimentar e preços de produtos essenciais no dia a dia. Mas o que levou à previsão de queda? É sobre isso que falaremos hoje.
A redução na safra observada em culturas e Estados diferentes
Ainda de acordo com o IBGE, a queda na safra 2024 pode ser atribuída principalmente à produção reduzida de milho 2ª safra (-12,8%), sorgo (-10,9%) e algodão herbáceo em caroço (-4,4%) ao longo deste ano. Em termos de área prevista para produção, ela deve apresentar variações positivas e negativas:
- Positivas: arroz em casca (4,6%), feijão (5,3%), soja (0,1%) e milho 1ª safra (0,1%).
- Negativas: sorgo (-1,8%), trigo (-0,3%), milho 2ª safra (-4,4%) e algodão herbáceo em caroço (-0,4%).
O Rio Grande do Sul é o único Estado que tem previsão de aumento na safra para 2024, com uma estimativa de crescimento de 41,2%. Segundo especialistas, a falta de chuvas que prejudicou o setor agrícola na região ao longo de 2023 não deve se repetir no próximo ano – o que leva à recuperação.
Dos outros Estados, todos com previsão de queda, o que mais chama a atenção é o Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil: o prognóstico é de uma queda de 14,6% em comparação a 2023.
Este apanhado dá uma ideia geral dos números da produção agrícola no Brasil. Você pode estudar o assunto mais a fundo acessando a Agência de Notícias do IBGE aqui.
O principal fator por trás da queda na produção
Os fenômenos climáticos instáveis que o Brasil vem enfrentando são o principal fator que leva à previsão de queda na produção, particularmente o excesso de chuvas no Sul, a seca intensa no Centro-Oeste e as ondas de calor que afetam o país desde setembro. Na avaliação de especialistas, é preciso aguardar e acompanhar os desenvolvimentos dos próximos meses – mas, de todo modo, a estimativa preocupa um pouco.
E isso deve ter consequências nos preços de certos produtos. O destaque é o milho, que deve ter uma janela de plantio menor em 2024 e, por consequência, pode passar por um aumento no valor cobrado do consumidor. A soja também é motivo de atenção, embora haja perspectivas de aumento na colheita no Rio Grande do Sul.
Formas de mitigar a queda na produção
Embora não seja possível prever com total certeza quais serão os efeitos das mudanças climáticas e de outros fatores na produção agrícola, existem processos capazes de mitigar essa queda e, por consequência, levar a uma safra mais satisfatória.
E já exploramos bastante alguns desses processos aqui no Blog da Sensix! Para lidar com a instabilidade climática, por exemplo, podemos citar o plantio direto, o uso consciente de agroquímicos, a adoção de técnicas de recuperação para áreas de pastagem degradadas, o reflorestamento e a adubação verde.
O uso de tecnologias também é um aspecto favorável. A agricultura inteligente (outro tópico popular aqui), que emprega tecnologias avançadas para levar à automatização da coleta e do processamento de dados agrícolas, vem se mostrando uma grande aliada. Aqui, são exemplos sensores e a Internet das Coisas (IoT).
O uso de tecnologias como sensores inteligentes e a Internet das Coisas (IoT) pode ajudar a mitigar a queda na produção agrícola. Imagem: Reprodução/Imagem do Freepik.
Ainda é possível reverter a previsão de queda na safra, dizem especialistas
O cenário não é dos melhores, mas especialistas do setor agrícola afirmam que é preciso aguardar os desenvolvimentos dos próximos meses para saber se será possível reverter a perspectiva de queda e alcançar uma safra tão positiva quanto em 2023.
De todo modo, mesmo com a previsão pouco empolgante, já estamos diante da segunda maior safra do Brasil desde o início da série histórica que monitora a produção.
Apesar de muito estar fora do controle humano direto, há uma série de medidas capazes de garantir a estabilidade e o crescimento sustentável da produção agrícola no Brasil. Usar os processos e as tecnologias que citamos é uma delas, mas também é nosso papel exigir políticas governamentais de proteção ao setor – afinal, um campo que movimenta uma parte tão significativa da economia merece receber total atenção das autoridades. Com esse esforço, tanto os produtores quanto os consumidores sentirão menos os efeitos da queda na safra no bolso e, sobretudo, na mesa.
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