Produção de sorgo ganha destaque no Brasil

Quinto cereal mais produzido no mundo (atrás do milho, trigo, arroz e cevada), o sorgo vive um momento de plena evolução no Brasil, tornando-se cada vez mais presente em estados como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e Tocantins, além do Distrito Federal.

Diante disso, sua produção vem ganhando ainda mais destaque e incentivo, por meio de iniciativos como o Movimento + Sorgo, desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, por meio de seminários e outras ações.

O movimento visa fazer uma mobilização voltada para o estímulo ao cultivo e à diversificação de uso e consumo sustentáveis do sorgo nos mais variados segmentos agropecuários e agroindustriais. “O sorgo proporciona segurança, quando é plantado na segunda safra, ou safra de inverno, principalmente quando consideramos o Zoneamento Agrícola de Risco Climático”, defendeu William Sawa, diretor-executivo da Latina Seeds, parceira da Embrapa nessa iniciativa.

“Uma das melhores ferramentas para o produtor diversificar é o sorgo, o quinto cereal mais cultivado no mundo. Como invariavelmente ele tem um ciclo mais curto e suporta melhor o estresse hídrico, ele pode, tranquilamente, fazer uma dobradinha, sendo semeado em períodos nos quais a entrada do milho se mostra mais arriscada. O recomendado é que o produtor faça uma análise da sua propriedade e da sua região, observando a janela climática, o custo e os riscos. E com a orientação de um técnico faça o planejamento escolher a melhor cultura”, ressaltou.

Frederico Botelho, agrônomo da Embrapa e coordenador do Movimento + Sorgo, lembrou que o cereal é uma das melhores oportunidades para ter sistemas de produção e cadeias produtivas de grãos mais sustentáveis.

“O sorgo possui múltiplos usos, tanto para alimentação animal e humana, quanto para a produção de etanol e vassouras. O programa pretende promover capacitações para atualizar o conhecimento dos multiplicadores, técnicos e produtores, em relação às boas práticas de manejo da cultura”, destacou.

O pesquisador Cícero Menezes, por sua vez, ressalta que uma das vantagens da cultura está na relação de Carbono/Nitrogênio (C/N), presente na biomassa. “Este indicador é usado para medir a degradação da massa seca. A palhada do sorgo dura mais no campo, se comparada à do milheto ou à do capim. Ela colabora para amenizar o impacto da chuva no solo, reduzindo a compactação. Além disso, a massa seca contribui para evitar a ocorrência de plantas daninhas”, enfatizou.

“A quantidade de massa seca fornecida pelo sorgo também favorece a lavoura. No sistema plantio direto para a soja é preciso 11 a 12 toneladas por hectare (t/ha) de massa seca. O sorgo granífero deixa em média 7 a 12 t/ha e o sorgo forrageiro deixa 12 a 15 t/ha. Outro fator relevante da cultura do sorgo nos últimos anos é ser resistente aos complexos de enfezamentos e às cigarrinhas”, disse.

Não por acaso, a produção de sorgo tem ganhado cada vez mais espaço nas últimas safras. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve produzir aproximadamente 3,9 milhões de toneladas de sorgo no ciclo 2022/23, número que representa um aumento de 33,9% em relação à temporada passada.

“O sorgo apresenta características favoráveis para a alimentação animal, por meio de consumo direto ou de ensilagem, semelhante ao milho. Além disso, por ser mais resistente às altas temperaturas e ao estresse hídrico o sorgo é uma cultura estratégica para a segurança alimentar e para a produção de forragem”, observou o pesquisador Rafael Parrela.

Baixo investimento

Nos últimos anos, inclusive, o sorgo granífero tem se tornado uma das apostas entre os produtores.  “O valor investido por hectare é menor. O sorgo ele necessita de 600 a 700 milímetros de chuva. É o que vai contemplar nessa janela de plantio. Ele é menos suscetível às doenças e pragas que atacam a cultura do milho. A gente fala que o sorgo é mais tratorzão. Eu acabo tendo menos investimento”, disse Ederson Cleiton Peruzzolo, representante comercial da região do Mato Grosso.

Outra opção viável é o sorgo gigante. “O sorgo possui um sistema radicular bastante agressivo, então ele faz uma ciclagem de nutrientes. Ele traz nutrientes do subsolo que muitas vezes a soja ou o milho não conseguiria. O sorgo incorpora esses nutrientes na palha e depois ele acaba devolvendo isso para a cultura subsequente”, afirmou o responsável técnico da Santo Isidoro Sementes, Eduardo Dal Forno.

“O sorgo atende todo mundo. Hoje a oferta de cavaco de eucalipto está bastante reduzida. Então, nós temos a situação em que pode faltar biomassa para queimar e o sorgo sendo utilizado para isso a gente consegue auxiliar ou suprimir grande parte dessa falta de biomassa, porque se nós temos uma cultura que podemos plantar em qualquer área, cultivar ela em 150 dias, 160 dias, pelo menos a demanda a gente consegue atender, enquanto o eucalipto nós precisamos de cinco anos para produzir biomassa para corte”, completou.

Leia também: Preço da Soja : razões e impactos na queda

Conclusão

Com baixo custo de produção e resistência às principais adversidades, o sorgo tem se tornado uma excelente opção para os produtores. Não por acaso, o país deve produzir aproximadamente 3,9 milhões de toneladas de sorgo no ciclo 2022/23, número que representa um aumento de 33,9% em relação à temporada passada.

Diante disso, importantes iniciativas têm surgido para incentivar a produção desse cereal, o que pode contribuir de maneira significativa com a alimentação animal e, claro, aumentar os lucros do produtor rural das mais diversas regiões brasileiras.

Fontes

Agrolink

Canal Rural

Blog Syngenta Digital

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *