Produção de algodão: números, desafios e oportunidades 

Considerada uma das importantes culturas de fibras do mundo, a produção de algodão tem, em média, 35 milhões de hectares plantados anualmente em todo o planeta. Nesse cenário, o Brasil ocupa lugar de destaque como um dos principais países produtores e exportadores de algodão já há bastante tempo.  

Somente na safra 2021/2022, o país produziu nada menos que 2,71 milhões de toneladas do produto, o que colocou o Brasil na quarta colocação entre os maiores produtores do mundo, atrás apenas da Índia (6,1 milhões de toneladas), China (5,7 milhões) e Estados Unidos (3,8 milhões). Logo em seguida vêm Paquistão (0,98 milhão) e Uzbequistão (0,94 milhão).  

A produção nacional nesta safra foi a segunda maior dos últimos anos, perdendo somente para o recorde histórico de 3 milhões de toneladas na safra 2019/2020. A de 2018/2019 teve 2,70 milhões de toneladas, a de 2020/2021, 2,35 milhões, e a de 2017/2018, 2 milhões.  

Do total da produção brasileira, a maior parte vem do estado do Mato Grosso, líder nacional desde 1999, quando superou o Paraná. Em 2021, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os cinco primeiros lugares no ranking nacional ficaram com Mato Grosso (1.900 mil toneladas), Bahia (551,2 mil toneladas), Goiás (54 mil toneladas), Mato Grosso do Sul (49 mil toneladas) e Maranhão (47 mil toneladas).  

Já segundo a ComexStat, também em 2021 o Brasil exportou 3,4 bilhões de dólares de algodão, o que colocou a cultura como a quarta colocada no ranking de produtos agrícolas, atrás da soja (38,6 bilhões de dólares), do café (5,8 bilhões de dólares) e do milho (4,2 bilhões de dólares). O quinto lugar ficou com o trigo (1,6 bilhão de dólares).  

Também segundo a ComexStat, os países que mais compraram algodão brasileiro em 2021 foram a China (29% do total), Vietnã (17%), Turquia (14%), Bangladesh (13%), Paquistão (9,3%) e Indonésia (8,8%).  

Produção de algodão

Referência mundial da produção de algodão

Além de apresentar números expressivos, a produção de algodão no Brasil é referência mundial por combinar qualidade e sustentabilidade. Hoje, 75% da produção nacional possuem certificação de origem, o que comprova que o cultivo foi feito com responsabilidade, de acordo com todos os padrões e normas ambientais. Além disso, mais de 90% das plantações usam somente água da chuva em seu manejo hídrico, o que economiza recursos naturais e resulta em uma redução considerável nos impactos ambientais. 

Outro destaque é o trabalho desenvolvido por associações em prol de uma produção eficiente e sustentável. O maior exemplo é a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), responsável pelo desenvolvimento de diversas ações ligadas ao setor, como o programa Algodão Responsável Brasileiro, criado em 2012 com o objetivo de trabalhar junto a produtores três importantes pilares: o ambiental, o social e o econômico.  

Ao mesmo tempo em que desenvolve uma série de ações, a Abrapa também é referência na divulgação de dados sobre o algodão, desde a produção à venda, com informações constantemente atualizadas de diversos países, especialmente, é claro, do Brasil.  

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Custos de produção de algodão

Apesar de o produto ter bastante espaço no mercado, o atual cenário é bastante desafiador para o produtor de algodão. Isso porque alguns acontecimentos recentes contribuíram para o aumento do preço de produção do algodão, como a alta do dólar, aumento nos preços de combustíveis e o conflito entre Rússia e Ucrânia, dois dos maiores produtores de insumos do mundo. 

Segundo levantamento da Abrapa, os fertilizantes – responsáveis por 17% do custo operacional efetivo do produto de algodão – foram os insumos com maior alta acumulada nos últimos doze meses, com destaque para o cloreto de potássio (KCL), cujo preço passou de R$ 1.800 por tonelada no começo de 2021 para R$ 5.000 a tonelada no início de 2022, o que representa um aumento de 182%. Também tiveram altas consideráveis em seus preços a ureia (144%) e o fosfato monoamônico (110%). 

A Abrapa também observou aumento médio de 18% nos preços de defensivos agrícolas e de 100% em alguns herbicidas, como o glifosato. 

Com isso, o custo médio de produção do algodão brasileiro ficou estimado em R$ 18,32 por hectare para a safra 21/22, o que representa uma alta de 24% em relação à safra anterior.  

Agricultura de Precisão 

Diante desse cenário, a Agricultura de Precisão (AP) se torna uma opção ainda mais interessante para os produtores de algodão, uma vez que seu principal objetivo é aumentar a produtividade, ao mesmo tempo em que reduz os impactos ambientais.  

Estudo conduzido pela Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa, em parceria com o setor produtivo em fazendas do Centro-Oeste Brasileiro, concluiu que ao aplicar taxas variadas de insumos na produção de algodão, é possível reduzir os custos em até 13%.  

Isso porque a AP possibilita, por meio do sistema de gerenciamento agrícola, que o produtor acompanhe, colete e analise informações precisas sobre sua produção e, assim, use a tecnologia em seu favor no momento da tomada de decisão.  

Com isso, ao utilizar os insumos de forma mais precisa e racional, o produtor aumenta sua capacidade de geração de benefícios econômicos e ambientais. É importante ressaltar, no entanto, que para que esses resultados sejam alcançados, todas as etapas que envolvem a Agricultura de Precisão devem ser acompanhadas por profissionais qualificados, como engenheiros agrônomos.  

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Conclusão 

O Brasil ocupa papel um importante papel na produção mundial de algodão, com destaque para os estados de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Maranhão. Além dos números expressivos, a produção no país chama a atenção por conta de fatores ligados ao uso da tecnologia e à sustentabilidade.  

Apesar disso, os produtores enfrentam um difícil momento, com aumentos expressivos nos custos de produção, em especial nos preços de fertilizantes, defensivos agrícolas e herbicidas, como o glifosato. 

Diante disso, a Agricultura de Precisão (AP) – já bastante indicada para todos os produtores que desejam aumentar a produtividade e reduzir os custos ambientais – se torna uma opção ainda mais viável, uma vez que tem potencial para reduzir os custos de produção do algodão em até 13%, por meio do uso de tecnologias que possibilitam que o produtor acompanhe, colete e analise informações precisas sobre sua produção e, a partir disso, utilize os insumos de forma mais precisa e racional. 

Este é mais um exemplo dos inúmeros benefícios da AP para todos que buscam aumentar seus lucros e reduzir os impactos ambientais, especialmente em um momento tão desafiador para o produtor rural.  

Referências

Abrapa 

Abrapa

Mundo Geo 

Agrichem 

Sou de Algodão 

Syngenta 

Jornalista, mestre em Tecnologias, Comunicação e Educação, revisor e redator freelancer. Atua como repórter e assessor de imprensa e já publicou dois livros como autor independente. Tem interesse por cinema, literatura, música e psicanálise.

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